O arraiá está começando, e as famílias já se prepararam para aproveitar as várias festas juninas, que são as confraternizações mais tradicionais do Brasil. Nesse clima mais ameno, com temperaturas mais baixas, as pessoas já pensam no quentão, nas típicas comidas da época, nas quadrilhas e nas músicas.
Em São Paulo, há opções de festas para todos os gostos, da mais barata a mais cara. Há quermesses em todas as regiões da capital paulista, com preço popular. Para aproveitar essa época do ano, a reportagem conversou com algumas pessoas que não perdem as festas juninas por nada –àqueles que contam as horas no relógio para curtir a folia.
Um deles é o estudante Refferson Lima Silva, 28. Natural do Maranhão, ele conta que adora os festejos desde criança. "Participo e me divirto com festas juninas. Diria que desde muito pequeno ainda, com uns seis anos ou menos. Há dois anos em São Paulo, frequento a festa do Centro de Tradições Nordestinas", diz Reff, como é conhecido.
Ele afirma que em 2019 repetirá a dose e participará da quermesse do CTN (Centro de Tradições Nordestinas). Reff diz ainda que já tem viagem marcada para a sua terra natal para tentar curtir as tradicionais comemorações por lá, em julho.
Natural de São Paulo, a auxiliar de nutrição Viviane Santos Gama, 33, conta que usar blusa xadrez e pintar o rosto com pintinhas caipiras são uma tradição. “Cresci ouvindo sobre as festas juninas do Nordeste e as de Caruaru (PE), uma das maiores do Brasil. Sou filha de pernambucanos e sempre participei de quadrilhas na escola. Inclusive, o meu chá de lingerie eu fiz com a temática de festejos juninos, com direito a quadrilha e casamento caipira", diverte-se.
Para ela, é uma tradição que vem de berço e cultivada até os dias atuais. A adoração por festa junina remete à saudade que ela sente do avô. “Leva aos momentos que passei com ele e que revivo com minha mãe."
A professora universitária Larissa Perfeito Barreto Redondo, 38, também no grupo de pessoas que adora uma quermesse e é capaz de passar o mês de junho inteiro pulando fogueira e dançando quadrilha pelas festas de São Paulo.
"Festa junina só me lembra coisa boa, da minha infância com a minha irmã no colégio, das festas de família, de quando fazíamos uma fogueira na casa de meus tios. Sem contar a comida deliciosa: paçoca, milho, cachorro-quente. É algo simples, bem brasileiro, um charme”, define.
TRADIÇÃO
Para o pesquisador sobre cultura brasileira e marketing de massa da Universidade Mackenzie, José Maurício Conrado, a festa junina é tradicional desde a colonização. "Herdamos esse festejo dos portugueses e, de lá para cá, a folia vem mudando. Ao longo do tempo as coisas foram se alterando porque fomos incorporando elementos de uma cultura africana, indígena e country norte-americana, como o chapéu de caubói."
Conrado afirma que, por mais que hoje em dia as pessoas olhem a folia com uma perspectiva mais festiva, é preciso lembrar de que se trata de uma festa religiosa. "Mesmo que as modificações aconteçam, é ruim quando a gente perde a perspectiva histórica e deixa de entender o que aquilo significa."