Sou do litoral sul do Rio Grande do Sul e meu pai é de Bagé, cidade próxima à fronteira com o Uruguai e que compartilha com Alegrete a cultura da Campanha Gaúcha (também conhecida como Pampa). O sotaque de Matteus, do BBB 24, não é típico do estado inteiro, e sim dessa região, feita de planícies e muito vento. Bem, gentileza não é exatamente o que vem à cabeça quando você pensa em um gaúcho, ainda mais dessas bandas, e eu falo com conhecimento pleno de causa.

O povo pampeiro tem fama de ser xucro, e não à toa saiu dali o personagem Analista de Bagé, de Luís Fernando Verissimo. Para quem não conhece, ele é um psicanalista que trata os pacientes a base de joelhaços, muitas vezes merecidos dentro do contexto das crônicas. Mas veja bem, Matteus seria capaz de dar com o joelho em alguém? Não. E como mulher se contenta com MUITO menos do que deveria, o fato de ele ser gentil e educado o tornou objeto de desejo.

De acordo com um amigo que reporta de Porto Alegre —capital que fica a 490 km de Alegrete— os homens gaúchos estão loucos de faceiros com o efeito do participante na imagem deles Brasil afora. "É engraçado sem forçar a barra, boa praça de dar raiva", disse meu amigo. Em gauchês, "de dar raiva" com frequência é elogio, o que diz muito sobre os locais.

É que, para além da fama de grosso que acompanha o povo gaúcho, a ascensão fascista dos últimos anos não fez nada bem para o sex appeal dos sulistas, identificados como que há de pior na política brasileira. O que eu vi de gaúchos tentando se defender (inclusive eu) clamando: "O Rio Grande do Sul é um estado complexo, tem muita agricultura familiar, o MST surgiu lá, a esquerda é forte, boa parte da população dá, sim, sopapo em bolsonarista quando é possível". Mas não adiantava (compreensivelmente).

Até que surgiu Matteus. Ele é um guri bom, carinhoso, dedicado, respeitador, tem zelo. Bom amigo, leal a Bia e Alane que o acompanham desde o começo, mesmo que Bia se esforce para desrespeitar as regras e deixar todo mundo sem comida. É até meio ridículo ter que listar qualidades tão básicas como motivos para se gostar de um homem, sendo que elas deveriam ser o mínimo esperado.

Mas, para além do básico, Matteus tem o charme de homem comum, com quem você esbarra no supermercado. Devagar e com jeitinho, ele beijou Deniziane no começo do programa, que decidiu terminar com ele porque o romance estaria atrapalhando o jogo dela. Pouco depois, ela foi eliminada, ora veja! Mentes mais maldosas disseram que ela só teria rompido com ele porque ele tirou a barba e rolou uns metros pra baixo na coxilha do sex appeal. Felizmente, barbas crescem.

Na reta final do programa, quando ninguém esperava que algo pudesse acontecer nessa agitada edição, ele conquistou a bela Isabelle, que já o tinha visto desbarbado e, portanto, sabia onde estava se metendo. "Espero que o Brasil entenda como é difícil resistir a isso", disse a moça, enquanto puxava o gaudério pelos ombros para tascar-lhe um beijo com muita química. "Matteus é a prova viva de que dá pra ter pegada sem ser canalha. Dá pra ser um cara legal e beijar lindamente.

Tenho certeza que a relutância em pegá-la por princípios e respeito à Deniziane foi uma das coisas que mais fez Isabelle ter vontade de agarrá-lo. Um paradoxo", comenta meu repórter guasca, que é gremista, tem namorada e é fiel, portanto não vai poder gozar da súbita boa fama do estado para viajar o Brasil passando a linguiça na farinheira. Mas só de saber que ele pode ser desejado, ele já fica mais feliz que cusco de churrascaria.

De minha parte, acho que Matteus é agarrável e namorável. Habita uma órbita de sensualidade oposta à de Chico Moedas, que é agarrável também, namorável nem tanto. Porém, o que eu queria mesmo era que Matteus preparasse um churrasco no ponto certo, mal passado de verdade, enquanto eu bato a maionese. Porque a verdade é que só gaúchos sabem fazer churrasco de verdade, ainda que o Galeto Sats seja bom de brasa.