X de Sexo Por Bruna Maia
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Noviça rebelde: Conheça a freira que largou a vida religiosa para transar muito

A descoberta sexual tardia de Dulce não a impediu de experimentar ao máximo

Apelidada de Noviça Rebelde, Dulce foi de freira a Dercy Gonçalves, nas próprias palavras - Mateus Campos Felipe/Unsplash

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Estava de viagem por uma cidade brasileira e encontrei em um show um rapaz que havia visto em um forró dois dias antes. Nos cumprimentamos e ele logo apresentou os amigos, até que chegou na Dulce (nome falso). "Ela é a Dulce, ela era freira."

A moça ficou um tanto incomodada; o amigo não tinha nada que falar do seu passado para qualquer estranha que aparecesse. Mal sabia ela que a estranha, além de tudo, é colunista de sexo. Como tenho anos de reportagem, sei que temos de ir devagar. Nós trocamos telefone, falamos algumas vezes, até que ela ficou à vontade para contar sua história, que lhe rendeu o apelido de Noviça Rebelde. Dulce foi de freira a Dercy Gonçalves, nas próprias palavras.

Ela cresceu indo à igreja católica, frequentando a missa e às vezes visitando uma comunidade religiosa em que ouvia muito falar do amor de deus. Dulce queria demais entender como era esse amor e senti-lo. Aos 17 anos, passou a fazer parte da comunidade e aos 19 se mudou pra lá, onde fez voto de pobreza, obediência e castidade.

Ela nunca tinha tido nenhuma experiência sexual, apenas deu uns beijinhos. "Quando comecei a perceber que tinha desejos, e conheci pessoas que me despertavam algo, comecei a me punir. Eu rezava e pedia a deus que me curasse, porque estava errado", diz Dulce, que hoje tem 32 anos. Foi então que virou celibatária definitiva, uma freira, para ver se afastava de vez as tentações.

Aos 27 anos, contudo, Dulce começou a se incomodar com o fato de que, na comunidade, tudo relacionado à sexualidade era pecado. Lá também moravam famílias, e muitos chegavam a adolescência sem saber nada sobre o assunto, não se podia falar sobre isso. Ao voltar para a cidade e arranjar um emprego no comércio, onde passava o dia ouvindo histórias de pegações e traições, ela se sentia deslocada como um patinho feio. "As pessoas faziam sexo tranquilamente e falavam sobre isso tranquilamente". Foi do oito ao oitenta.

Até que ela foi conhecendo amigos que a ajudaram a normalizar o sexo e, aos 28, ela teve sua primeira experiência sexual com um conhecido com quem não fez questão de desenvolver muita intimidade. Depois do período de isolamento da pandemia veio o relaxamento, e aí ninguém segurava essa mulher. "Entrei num pensamento de que a vida era sexo e tchau, sexo e tchau." E foi assim que Dulce foi de freira a pegadora.

Mas havia um problema. Dulce às vezes tinha vários parceiros na semana, achava divertido, mas não sentia prazer. Sentia, inclusive, dor. "Achava que era porque eu não tinha casado, não era na bênção de deus e tudo tinha que doer."

Um dia, com infecção urinária, ela foi até uma unidade de saúde e contou sobre as dores para a médica, que a encaminhou para uma terapeuta sexual. Ela tinha uma condição chamada vaginismo, que causa contrações que podem tornar a penetração desconfortável. Foi nesse contato com a médica e a terapeuta que Dulce descobriu que o clitóris existia. "Nunca tinha ouvido falar, se me falaram alguma vez na escola eu esqueci. Não sabia que sexo podia envolver oral, era muito pudor."

A partir daí, suas experiências sexuais foram ficando mais diversas, divertidas, prazerosas, menos permeadas pela culpa. Dulce se considera heterossexual, mas aberta a experiências e inclusive já transou com mulheres. "Sou hétero, mas estou aí!" Ela teve alguns relacionamentos mais duradouros, mas nenhum era fechado, pois ela queria aproveitar ao máximo.

Mas ainda faltava alguma coisa.

Eis que, ano passado, ela começou a namorar e: aconteceu! Depois de alguns anos frenéticos, ela conseguiu se abrir para uma relação mais profunda. Muitas de suas experiências foram apressadas e com muito álcool envolvido. Mas, com ele, ela conseguiu ter calma e o dia chegou. "Quando eu tive meu primeiro orgasmo, achei que estava tendo alguma coisa diferente, porque comecei a tremer. Foi uma sensação tão... não gosto nem de lembrar. Mentira, eu gosto, eu adoro lembrar!"