A CCXP consegue ser o céu e o inferno na Terra, tudo ao mesmo tempo
Evento de cultura pop reúne mais gente a cada ano, mas ninguém reclama
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Estive na CCXP pela primeira vez em 2017, para entrevistar Dean-Charles Chapman. O ator britânico fazia o jovem rei Tommen Baratheon da série "Game of Thrones", e estava tão na crista da onda que só me deu 10 minutos de seu precioso tempo. Aproveitei então para circular pela imensa feira.
A CCXP é uma overdose sensorial. Muitos estandes, muitas luzes, muito barulho, muita gente fazendo cosplay, muita, muita gente. Em plena sexta-feira à tarde, era quase impossível andar por alguns dos corredores.
Mas o evento também gera, em qualquer fã da cultura pop, o que os americanos chamam de FOMO, "fear of missing out" –em tradução livre, o medo de estar perdendo alguma coisa.
Será que eu entrei no painel certo? Será que o outro painel, que acontece neste exato momento, não está mais divertido? E os brindes, consegui pegar todos? Mas, e essas filas quilométricas?
No ano seguinte, recebi um convite para a "spoiler night", a pré-estreia para convidados que acontece na noite anterior à abertura da feira. E lá fui eu para o a São Paulo Expo, não exatamente o local de acesso mais fácil do mundo, achando que ia ser mais sossegado.
Qual o quê. O pavilhão já estava abarrotado de gente, havia fila para quase tudo e o nível dos decibéis não devia nada ao do ano anterior.
Neste domingo (3), a convite da assessoria de imprensa da Apple TV+, finalmente voltei à CCXP. Por uma boa causa: moderar a entrevista coletiva do elenco e dos produtores da série "Monarch: Legado de Monstros", um trabalho interessante e, oba oba, remunerado.
A grande estrela do programa é o americano Kurt Russell, que divide com seu filho Wyatt Russell o mesmo personagem: o cientista Lee Shaw, em idades diferentes. Além de pai e filho, também estavam presentes os atores Anna Sawai, Kiersey Clemons e Ren Watabe.
Kiersey estava disposta a divertir a plateia de qualquer jeito, mesmo quando escapava pela tangente da pergunta que deveria responder. Já Ren era o oposto: tímido, calado, mal abriu a boca. Talvez seja falta de traquejo, pois o rapaz era chef de cozinha até pouco tempo atrás, e "Monarch" é seu primeiro trabalho como ator.
Mesmo assim, é de se admirar a dedicação e a simpatia desses e de todos os atores internacionais que passaram pela CCXP. Os caras cumprem uma agenda apertadíssima, sem tempo de sair do hotel para fazer turismo.
Chegam à feira cedo e dão entrevistas individuais para diversos órgãos de imprensa. Depois, participam de um painel, numa sala com capacidade para centenas de pessoas. Em seguida, passam pelo palco Omelete, onde ficam quase ao alcance do público. E por fim, dão uma entrevista coletiva a outros veículos da imprensa.
Todos os astros estrangeiros vão embora impressionados com o gigantismo da CCXP, e não era para menos. Nosso público não é só mais animado do mundo para shows de rock: também vibramos e berramos com a mera presença de um Timothée Chalamet, que mal conseguiu ouvir a si mesmo durante o painel de que participou.
Com tantas atrações e celebridades, a gente até se esquece de que a CCXP é um evento de marketing, e que todo mundo que posta fotos do evento nas redes sociais está fazendo propaganda de graça para algum filme ou série.
O aperto, o desconforto, as distâncias, as horas nas filas, tudo isso faz parte da "experience". A CCXP é uma mistura perfeita de céu e inferno, e é a disposição do visitante o que determinará qual desses predomina. A imensa maioria, claro, se sentiu nas nuvens. Ano que vem tem mais, com ainda mais gente.