Breno Silveira, diretor de "2 Filhos de Francisco", também era o showrunner de "Dom". Foi ele quem concebeu a série da Amazon Prime Video, liderou o desenvolvimento dos roteiros e dirigiu quase todos os episódios. Mas não conseguiu levar o trabalho até a terceira e última temporada: morreu em maio de 2022, pouco depois de concluir as gravações da segunda fase.

"A nossa perda foi enorme, foi inestimável", diz Gabriel Leone, que vive o protagonista Pedro Dom, em entrevista por videoconferência. "Mas esta nova safra ainda sai das mãos dele, quase como um todo".

"Quando o Breno morreu, a gente estava no meio da montagem da segunda temporada e ele já tinha entregado todos os roteiros da terceira", conta Malu Miranda, head de Originais da Amazon Studios Brasil. "Ele deixou uma equipe azeitada. Não precisamos trazer ninguém de fora para terminar a série". As gravações da terceira temporada de "Dom" se encerraram na semana passa da, no Rio de Janeiro.

"Dom" é inspirada na história real de Pedro Dom, que chefiou uma quadrilha especializada em assaltar mansões nos primeiros anos deste século. Louro e de olhos azuis, o bandido era oriundo de uma família da classe média carioca e filho de um ex-policial que, na década de 1970, participou do Esquadrão da Morte –um grupo paramilitar que executava criminosos sumariamente.

Foi este homem, Victor Lomba, quem procurou Breno Silveira para contar a história de seu filho. Mas Lomba morreu em 2018, antes do início das filmagens da série.

"A minha personagem é baseada numa mulher específica, mas ela também tem traços de outras mulheres", afirma Isabela Santoni, que encarna Viviane, uma das namoradas de Pedro Dom. A série, de fato, não tem o compromisso de ser 100% fiel aos fatos. "Eu acho que quando você põe na tela tudo vira ficção", opina Raquel Vilar, intérprete de Jasmin. "A gente parte desse ponto, mas também faz muitos estudos".

Estudos foram o que Flávio Tolezani e Filipe Bragança também precisaram fazer, embora não tenham uma única cena juntos. Ambos compartilham o papel de Victor, o pai de Pedro, mas em idades diferentes.

"A segunda temporada foi mais fácil", diz Filipe. "Eu pude ver o que o Flávio fez na primeira, e ele pôde ver o que eu fiz. Então a gente aproveitou coisas um do outro, para tornar o Victor uma pessoa só".

Os atores ainda tiveram o luxo de filmar quase toda a série na ordem cronológica das cenas, algo raríssimo em qualquer produção audiovisual.

"Isso era uma característica do Breno", conta Gabriel. "É algo muito difícil de se executar, mas ele fazia questão. E ajudou muito na construção do meu personagem". O ator ainda conta que um par de lentes de contato azuis, que borravam um pouco sua visão, também facilitavam o processo de entrar na pele do protagonista.

O padrão técnico de "Dom" não deixa nada a dever a produções internacionais. Mas a temática pesada, com muitas mortes e violência, cobra um preço dos atores.

"Não tem como falar que essas coisas não nos atingem", revela Flávio Tolezani. "Você precisa deixar tudo isso para trás quando chega em casa, precisa relaxar. Tem que fazer um trabalho de desaquecimento".

Primeira produção brasileira da Amazon Prime Video, "Dom" se tornou, na época do lançamento, em 2021, o programa em língua não inglesa mais visto da plataforma no mundo inteiro. "A série foi dublada ou legendada em mais de 35 línguas. Hoje a Isabela Santoni tem mais de um milhão de seguidores indianos!", ri Malu Miranda.

Os sete episódios da segunda temporada de "Dom" já estão disponíveis na Amazon Prime Video desde sexta (17). No mesmo dia, aconteceu um show ao vivo e uma watch party do primeiro episódio no site Metaverso, voltado ao mundo dos games. Até o dia 30 de abril, os jogadores ainda poderão interagir com avatares dos personagens e completar missões relacionadas à produção da série.

A estreia da terceira e última temporada de "Dom" está prevista para 2024.