Tony Goes

'Não tenho interesse em fazer um personagem chapado, em 2D', diz Luís Lobianco

Intérprete de Vitinho em 'Vai na Fé', ator fala sobre carreira e casamento

Luís Lobianco, que faz o personagem Vitinho na novela 'Vai na Fé' - Globo

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Luís Lobianco está de volta às novelas. "Vai na Fé", de Rosane Svartman, marca o retorno do ator ao gênero, do qual estava afastado desde que "Segundo Sol" terminou, em 2018. Revelado ao grande público por suas participações em esquetes do Porta dos Fundos, Lobianco interpreta Vitinho, um personagem importante na nova atração da faixa das 19 horas da Globo.

"Vinte anos antes do começo da história, o Vitinho formava um trio de amigos que arrasava nos bailes funk, junto com a Sol (papel de Sheron Menezzes) e a Bruna (vivida por Carla Cristina Cardoso). Eles achavam que iriam ficar juntos para sempre, mas a vida levou cada um para um lado".

Vitinho reencontra Sol logo no primeiro capítulo e a convida para substituir uma bailarina na trupe de Lui Lorenzo (José Loreto). "Ele compõe músicas, produz shows, conceitua tudo e meio que organiza a vida desse cantor. Também tem muita afinidade com a Wilma, a mãe do Lui, que foi uma atriz shakespeareana e acha meio cafona o trabalho do filho".

E como está sendo contracenar com uma diva como Renata Sorrah, que encarna Wilma? "Eu fui uma criança noveleira", conta Lobianco. "Aos domingos, na casa da minha avó, eu brigava com meus primos para ver quem lia primeiro a 'Revista da TV' (extinto caderno de TV do jornal O Globo). A Renata marcou muito a minha infância, especialmente como a Heleninha Roitman da novela 'Vale Tudo', de 1988".

"Depois eu a vi várias vezes no teatro e até fui apresentado a ela. Temos alguns amigos em comum. Quando a gente se encontrava, ela sempre era muito simpática comigo. Mas eu, quando sou muito fã, fico meio blasé e finjo que não vejo. Agora estamos trabalhando juntos e rola uma certa desmistificação, que é muito boa. A Renata tem a inteligência de me trazer para perto dela e quebrar o meu medo. Hoje falamos de tudo, de casa, de cachorro. Aliás, ela está procurando apartamento para mim, porque eu vou precisar me mudar. Sim, eu botei a Renata Sorrah para fazer corretagem", ri o ator.

Carioca de Vila Isabel, Lobianco morou em vários bairros do Rio e em algumas outras cidades do estado, mas nunca no subúrbio, de onde vem Vitinho. "Mas eu já tive bastante contato com o funk. Ia muito ao Castelo das Pedras, uma boate famosa em Jacarepaguá. Como não tinha dinheiro nem para uma cerveja, eu comprava um vinho de 99 centavos, que vinha numa garrafa pet. Se você deixasse a garrafa parada, o vinho decantava –ficava transparente em cima".

Lobianco conheceu Rosane Svartman há cerca de 15 anos, quando protagonizou uma campanha publicitária escrita por ela para uma operadora de telefonia. Só agora voltaram a trabalhar juntos. O ator se derrete em elogios. "Rosane tem um texto muito contemporâneo e é muito próxima do elenco. Não tem aquela coisa do autor inacessível".

Luís Lobianco é assumidamente gay, mas fez poucos personagens homossexuais ao longo de sua carreira. Na TV, o Vitinho de "Vai na Fé" é o primeiro. "Eu nunca quis fazer um gay superficial", afirma ele. "Aquela bicha muito alegre e muito rasa, sem charme nem vida pessoal. Não tenho interesse em fazer um personagem em 2D".

"Mas o Vitinho me chamou a atenção, porque o fato de ele ser gay é só mais um detalhe. Mais para a frente, vai ressurgir uma história do passado dele, um trelelê com o repórter de fofocas Anthony Verão, o personagem do Orlando Caldeira".

Já no cinema, ele acaba de interpretar Guilherme Araújo, que foi empresário de Gal Costa por muitos anos, no filme "Meu Nome É Gal", de Lô Politti e Dandara Ferreira. "O Guilherme era o rei dos gays! O longa deve sair em breve e, com a morte da Gal, acho que ganhou um significado além do que a gente planejou. Vai ser uma comoção".

Cena do filme 'Meu Nome é Gal' - Stella Carvalho/Divulgação

Além de gravar "Vai na Fé", Lobianco também está em cartaz no Rio de Janeiro com a peça "O Método Grönholm", no Teatro Copacabana Palace. A direção é de Tatiana Tibúrcio e Lázaro Ramos, que atuou na primeira montagem brasileira do espetáculo, em 2011. "O Lázaro me convidou para fazer o mesmo personagem que ele fazia. Eu tremi de medo, que responsa! E o texto é ótimo, mas é bem difícil. Só que o Lázaro consegue ser popular sem cair no clichê. E a Tatiana é incrível". A temporada carioca vai até 5 de fevereiro.

Lobianco casou-se com o pianista e tradutor Lúcio Zandonadi, com quem já vivia havia 11 anos, no dia 14 de janeiro, numa cerimônia sem convidados. Esta entrevista foi realizada alguns dias antes, e ele já adiantava o desejo de oficializar em breve a união.

"Casar é importante para nós (gays), porque foi uma conquista tão batalhada, não é mesmo? A gente vai se casar assim que eu tiver uma folga da novela. Já está tudo pronto. Vai ser agora em janeiro. Pode me cobrar". Não precisou.

Erramos: o texto foi alterado

O nome do ator que interpreta ​Anthony Verão é Orlando Caldeira, e não Jorge Caldeira. O texto foi corrigido.