O universo leu minha coluna de quarta-feira (25) e concordou comigo. Depois de dois dias de suspense, em que as enquetes online não apontavam claramente quem deixaria o BBB 23 (Globo), saiu o veredicto: Marília sai, Fred Nicácio fica.

Tive pena da maquiadora. Ela prometia ser uma participante divertida, mas não teve tempo de se firmar no jogo. O pior é a sensação de que Marília só foi para o quarto secreto porque fazia dupla com Nicácio. Era ele o alvo do público, não ela. No entanto, foi o médico quem acabou sendo poupado. Por quê?

Talvez porque tenha rolado uma campanha nas redes sociais defendendo sua permanência. A hashtag #ForaMarília subiu ao topo dos trending topics do Twitter nesta quinta (26), mostrando que o apoio à sister não era tão forte assim.

Fred Nicácio comportou-se como um lorde quando a decisão foi anunciada. Como é de seu feitio, soltou uma palestrinha motivacional para Marília, garantindo que o caminho dela é lindo e coisas do gênero. Abraçou-a, beijou-a, fez tudo direitinho. E não gritou "obrigado, Brasil!" depois que ela saiu, o que lhe garantiu pontos extras no meu conceito.

Esse figurino de bom moço foi abandonado assim que Nicácio reapareceu na casa, dentro de um carro do patrocinador. Foi então que ele liberou toda sua soberba e seu alívio por ter sido salvo. Urrou, bateu no peito, agarrou os colegas como se tivesse voltado vivo da guerra.

Até aí, tudo bem. Quatro dias de paredão mexem com o psicológico de qualquer um. Mas, passada a euforia inicial, o apresentador do Queer Eye Brasil voltou à velha boa forma, fazendo intrigas e demolindo reputações.

Esse é o Fred Nicácio que adoramos odiar. Compartilhou a torto e a direito informações que colheu no quarto secreto, de onde podia espionar a casa por alguns momentos. Atacou gratuitamente Amanda e Cara de Sapato, a dupla vencedora da prova do líder (ele ganhou a liderança e um carro 0 km, ela conquistou imunidade). Parece não ter estratégia nenhuma a não ser causar.

E isso é ótimo para o jogo. Fred Nicácio é visceral, sem papas na língua. Fala o que quer e acha que goza de proteção divina. É o pior inimigo de si mesmo.

Numa enquete do UOL, o médico quase empata com Gabriel Tavares como o mais odiado pelo público. Ambos têm por volta de 30% de rejeição, índices muito mais altos que os dos demais jogadores. Quanto tempo eles ainda têm no BBB 23?

Já entre as mulheres, já são pelo menos duas as candidatas a protagonistas desta edição. Key Alves e Bruna Griphao não se bicam muito, mas têm bastante coisa em comum: são desinibidas, desbocadas e polarizadoras. Tomara que ambas cheguem à reta final.

Também já há plantas desabrochando, mas isso é inevitável em qualquer BBB. Com quase duas semanas de programa, cabe um elogio aos produtores de elenco: pelo que se viu até agora, os participantes deste ano foram bem escolhidos. Não há fios desencapados como Karol Conká nem desanimadores de auditório feito Tiago Abravanel.

O fato de nenhum dos integrantes do Camarote ser muito famoso ajuda a nivelar o jogo e evita um problema que prejudicou o BBB 22: torcidas fanáticas e organizadas, como a que deu a vitória a Arthur Aguiar.

Por outro lado, o BBB 23 ainda não encontrou seu tema: será o machismo, como em 2020? O cancelamento, como em 2021? Ou a pasmaceira generalizada de 2022? Longe de mim querer lacrar, mas é só quando o programa esbarra num assunto importante que ele transcende o mero entretenimento. Ou estarei eu exigindo demais de um reality show?