Filmes cancelados e demissões em massa põem em risco a marca HBO
Plataforma HBO Max vai se fundir com a Discovery+ em 2023
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Nos últimos 25 anos, o grupo TimeWarner –que englobava, basicamente, um braço editorial, com as revistas Time, Life, People e muitas outras, e um braço de produção e exibição de audiovisual, onde se destacavam os estúdios Warner Bros., a rede CW de TV aberta e os canais pagos HBO, CNN, TNT e Cartoon Network– mudou algumas vezes de nome e de dono.
O conglomerado de mídia foi comprado em 2000 pela AOL, então a maior provedora de internet dos Estados Unidos, gerando a AOL Warner. A fusão não deu certo, e os dois gigantes se separaram em 2009.
Em 2016, foi a vez da AT&T, uma das maiores empresas de telefonia do mundo, anunciar que iria adquirir o que então se chamava WarnerMedia. O negócio só foi concluído em 2018, e já foi desfeito.
O grupo Discovery desembolsou US$ 43 bilhões (cerca de R$ 222 bilhões) para comprar boa parte da WarnerMedia, que foi desmembrada pela AT&T. Desde abril de 2022, a nova companhia passou a se chamar WBD, a sigla de Warner Bros. Discovery.
Desde que a nova fusão foi anunciada, o mercado começou a especular sobre o destino de duas recém-lançadas plataformas de streaming, a HBO Max e a Discovery+. Na sexta-feira (5), durante uma reunião com acionistas, o CEO da WBD, David Zaslav, anunciou que os serviços irão se juntar num só a partir de junho de 2023, começando pelo mercado norte-americano.
A notícia coroou uma semana em que a HBO Max não saiu das manchetes. Dois longas que já estavam praticamente prontos, "Batgirl" e a animação "Scoob!", tiveram seus lançamentos suspensos. Também muito se falou sobre o cancelamento de diversos projetos e de cortes drásticos de pessoal.
Chegaram a circular rumores de que a plataforma seria simplesmente extinta, por não estar conquistando assinantes no ritmo esperado. Agora sabemos que não será bem isto o que vai acontecer. Fãs de séries como "Game of Thrones" podem respirar aliviados.
Em paralelo a isto tudo, uma outra crise pode estar se formando: a imagem da HBO corre o risco de ir para a cucuia. Ao longo de quase cinco décadas, o canal conseguiu construir uma reputação invejável. Inúmeras séries ousadas, que mudaram o rumo da história da TV, surgiram lá: "Família Soprano", "Sex and the City", "The Wire", e por aí vai.
Por esta programação premium, livre de intervalos comerciais, a HBO também cobra um preço premium. Inclua os canais da HBO no seu pacote de TV paga e prepare-se para gastar bem mais do que com uma assinatura básica.
Mas, desde que "GoT" terminou, três anos atrás, a HBO não conseguiu emplacar mais nenhum megassucesso. A caríssima "Westworld" até vai bem, mas está longe de ser um fenômeno cultural.
Antes mesmo da fusão com o Discovery, a HBO começou a mudar seu posicionamento. Executivos que estavam há décadas na casa foram dispensados, e a nova diretoria começou a preencher a programação com séries estreladas pelos heróis da DC Comics, que também pertence à Warner. A aura de produto sofisticado foi sacrificada em prol da popularidade.
No fim do dia, o dinheiro sempre fala mais alto. Não adianta produzir um seriado maravilhoso que ninguém vai ver. Faz todo o sentido a HBO querer atingir um público mais amplo. Para isto, ela até baixou o preço das assinaturas da HBO Max, que não têm nada de premium.
Mas a imagem também é importante. Em breve, a HBO pode virar só mais um canal de entretenimento, sem nenhum diferencial em relação à concorrência. O Discovery é conhecido no mercado pela parcimônia de seus orçamentos, e isto pode se repetir nas produções da HBO. Ao contrário do que acontece hoje, um programa que saia sob a marca da emissora não será mais automaticamente percebido como algo superior, antes mesmo de ser visto.
A curto prazo, isto não é um problema. Mas existe o longo prazo, e ele está mais próximo do que se pensa.