Bolsonaro mostrou no Flow Podcast que é só um tiozão do pavê, grosseiro e mentiroso
Presidente disparou ataques infundados durante mais de cinco horas
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Durante a entrevista que Jair Bolsonaro deu ao Flow Podcast nesta segunda (8), o apresentador Igor Coelho perguntou, em dado momento, se o presidente não havia mesmo se vacinado contra a Covid-19. Bolsonaro reafirmou que não, não se vacinou, e ainda disparou: "Daqui a pouco tem a varíola do macaco. Você vai tomar a vacina também?"
"Se vier a vacina da varíola do macaco, eu vou tomar, presidente", respondeu Igor. "Eu tenho certeza que vai tomar", riu Bolsonaro. "Hahahaha, tu não me engana".
Igor, que não é jornalista, riu de volta, perdendo mais uma oportunidade de pegar Bolsonaro no pulo.
Em apenas três frases, o tiozão que ocupa a Presidência da República mais uma vez negou a eficácia das vacinas, um tremendo desserviço à saúde pública. Também espalhou desinformação ao dar a entender que só os homossexuais são suscetíveis de contrair a varíola dos macacos. E, mais uma vez, ostentou sua homofobia embolorada.
Jair Bolsonaro nunca foi um estadista. Não tem um projeto para o Brasil. Só um estoque de preconceitos, piadas imbecis e fake news, que difunde para manter seus apoiadores engajados e, quem sabe, se reeleger, garantindo assim mais quatro anos de benesses para si mesmo e para seus filhos.
As cinco horas e meia de entrevista que ele deu ao Flow Podcast confirmaram, como se ainda não soubéssemos, que temos um bufão no Palácio do Planalto. Aliás, se fosse só um palhaço inofensivo, até que não seria tão mau. Mas Bolsonaro age sempre no sentido contrário aos interesses do país.
A bem da verdade, chamar de "entrevista" sua participação no Flow Podcast é um exagero. O Flow não pratica jornalismo. Até promove encontros interessantes com celebridades de diversas áreas e, eventualmente, elas dizem coisas pertinentes. Mas os apresentadores não foram treinados a confrontar os convidados quando estes falam mentiras.
O máximo que aconteceu na segunda-feira foi a exibição de uma tarja constrangedora no rodapé da tela: "lembre-se de pesquisar tudo o que for dito neste programa".
Bolsonaro não costuma dar entrevistas de verdade. O presidente prefere sempre se pronunciar às emissoras que lhe são simpáticas, como o SBT ou a Record, ou a rádios do interior que se sentem intimidadas com sua simples presença.
O que ele fez no Flow foi despejar uma cachoeira de mentiras e ataques infundados, quase sem ser interrompido.
A militância comemorou o pico de audiência de mais de meio milhão de pessoas no início da noite de segunda. Na terça (9), Bolsonaro foi ao Twitter se gabar de que havia superado "Beonce" em visualizações no YouTube. Parece ter escrito errado de propósito o nome da cantora Beyoncé, como que para assegurar seus seguidores de que é tão ignorante quanto eles.
No dia 22 de agosto, Jair Bolsonaro abrirá a série de entrevistas do Jornal Nacional com presidenciáveis. Irá pessoalmente aos estúdios da Globo no Rio de Janeiro, depois de ameaçar cancelar sua participação se sua sabatina não fosse conduzida no Planalto.
Aí teremos, talvez, a chance de vê-lo ser questionado por jornalistas de verdade. Digo talvez porque é grande a chance de ele querer tumultuar o encontro. Como fez na campanha de 2018, quando mostrou um livro infantil supostamente indecente para se desviar das perguntas incômodas.
O Brasil não tem um presidente. Tem um animador de auditório, que incita sua plateia a fazer coisas prejudiciais a si mesma. Um tiozão do pavê, que exala preconceitos e inverdades enquanto ri de suas próprias piadas ruins. Mas, como todos sabemos, ri melhor quem ri por último.