Tony Goes

No Limite: Com elenco diverso e bem escolhido, nova temporada deslancha muito bem

Estreia do programa foi marcada pelo maquiavélico Matheus Pires

Fernando Fernandes na 'Praia Dura' - Fabio Rocha 2022/Globo

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Como já repeti várias vezes, em várias colunas, os participantes são o ingrediente mais importante de um reality show. Mesmo assim, o que não falta por aí é elenco mal escalado –que o diga o recém-encerrado BBB 22.

Quando ressuscitou No Limite no ano passado, Boninho quis contornar essa armadilha. Chamou para a quinta temporada do programa, a primeira desde 2009, só caras já conhecidas pelo público. Não exatamente celebridades, mas veteranos de outros realities.

A ideia era gerar engajamento imediato, mas não deu muito certo. Acreditando que a ligeira familiaridade da audiência com os competidores dispensasse maiores apresentações, a edição privilegiou as sequências de ação logo de cara. Não rolou.

André Marques tampouco ajudou. À vontade no estúdio, o apresentador esbanjou um desânimo contagiante no comando de um programa gravado ao ar livre e sem plateia. O resultado é que a volta de No Limite passou longe da repercussão esperada.

A fórmula havia se esgotado? Boninho apostou que não. Para começar, trouxe o atleta e ex-BBB Fernando Fernandes para conduzir os trabalhos. Primeira pessoa cadeirante à frente de uma grande produção da TV brasileira, Fernandes se saiu muito bem no primeiro episódio, exibido pela Globo nesta terça (3). Seu texto ainda está muito decoradinho e um pouco mais de improvisação cairia bem, mas acho que o rapaz chega lá.

Já o elenco voltou a ser formado por anônimos, como nas primeiras quatro temporadas. A novidade é que agora está mais diverso do que nunca: dessa vez tem gay, lésbica, gordo, uma mulher com mais de 50 anos e um índio pataxó.

Claro que não dá para avaliar a personalidade de todos os 24 só com um único programa. Mas já houve quem se destacasse, talvez privilegiados pela edição. E ninguém mais do que o carioca Matheus Pires.

Em sua primeira aparição marcante, esse diretor pedagógico de 30 anos se apresenta aos outros membros da tribo Sol como "Matheus, mas todo mundo me chama de Pires". Mentira, como ele mesmo revelou num depoimento individual logo em seguida.

"Ninguém me chama de Pires, todo mundo me chama de Matheus. O que eu estou fazendo aqui é montar um personagem. Eu não estou sendo eu, o Matheus que está lá fora. (...) E o que mais eu puder criar, eu vou fazer. Sem pudor nenhum".

Ah, como é refrescante ouvir um participante de reality confessando sua estratégia logo no primeiro episódio. Matheus ainda não escondeu que está tecendo uma rede de apoio entre as mulheres da tribo Sol, para não ser eliminado logo na primeira oportunidade.

Que não aconteceu neste primeiro episódio. Mesmo perdendo duas provas seguidas, a de suprimentos e a de obstáculos, tudo indicava que a tribo Sol seria a primeira a perder um integrante. No entanto, mesmo com a moral lá embaixo, a equipe venceu a prova da imunidade, e a desonra coube à tribo Lua, aparentemente muito mais forte e coesa.

Todas as provas foram emocionantes, mas o ponto alto foi mesmo a interação entre os participantes. Intrigas e alianças já estão emergindo, e ninguém parece ter muito medo de se expor. De novo: que alívio ver gente que está mais preocupada em ganhar o prêmio final do que em dar um upgrade na carreira artística ou conquistar mais seguidores nas redes sociais.

No final, sobrou para a professora fluminense Dayane Sena, eliminada no primeiro portal. Uma pena: ela parecia ter um enorme potencial, e nem tivemos tempo de conhecê-la melhor. Mas esta é a regra do jogo.

De qualquer forma, a sexta temporada de No Limite começou muito bem, com ótimo equilíbrio entre ação e emoção. Vamos ver se continua desse jeito até o fim.