Neymar e Carlinhos Maia superexpõem suas vidas privadas nas redes sociais
Foi-se o tempo em que os famosos pediam que a imprensa respeitasse suas intimidades
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Em 2012, no extinto programa Na Moral (Globo), comandado por Pedro Bial, o ator Pedro Cardoso bateu boca com o fotógrafo e empresário Felipe Panfilli, um dos “paparazzi” mais bem-sucedidos (e processados) do Brasil.
Cardoso reclamou de ser perseguido nas ruas pelas câmeras. Exigiu que respeitassem sua vida particular. Panfili retrucou que era lícito fotografar uma celebridade em local público. Seguiu-se uma discussão inócua sobre a fronteira entre o público e o privado, logo encerrada pelo apresentador.
Bons tempos aqueles. Hoje em dia, esse tipo de polêmica não faz mais sentido. Porque são os próprios famosos que escancaram suas intimidades nas redes sociais, principalmente no Instagram. Sem ninguém pedir, eles expõem picuinhas com outras celebridades e até detalhes de suas preferências sexuais. E o público sente-se à vontade para julgar o que, no fundo, não lhe diz respeito.
Vejamos o caso de Carlinhos Maia, o brasileiro com o maior número de seguidores no Instagram Stories (e o segundo do mundo, atrás apenas de Kim Kardashian). Carlinhos deve tudo o que conquistou à internet. Para ele, viver sob o olhar incessante de seus fãs é tão natural quanto respirar.
Por isto, ele não teve a menor dúvida em revelar à imprensa que o comediante Whindersson Nunes, outro influenciador digital com milhões de seguidores, havia desistido na última hora de ser um dos padrinhos na cerimônia de seu casamento com Lucas Guimarães – evidentemente, um grande evento digital, acompanhado online por mais de três milhões de pessoas.
O que veio na sequência foi patético: Carlinhos e Whindersson bateram boca nas redes sociais, e o primeiro exagerou na dose. Foi criticadíssimo, desativou sua conta no Instagram por uma semana e voltou pedindo perdão, tanto ao colega como a seus seguidores. Comenta-se que os patrocinadores de Carlinhos Maia não gostaram do bafafá. Para não perdê-los, o rapaz voltou atrás.
Muito mais grave é o caso do jogador Neymar. Acusado de estupro por uma mulher não identificada, o craque da seleção brasileira não titubeou: postou em seu perfil no Instagram um vídeo onde expõe as conversas por WhatsApp que manteve por meses com a moça, incluindo fotos dela nua ou em trajes menores. O rosto e as partes íntimas estavam borrados, mas é evidente que Neymar quis expor sua acusadora ao tribunal da internet.
E nisto, pode ter ele mesmo cometido um crime. Tanto que já removeu o vídeo do ar – mas a repercussão na imprensa e nas redes sociais não deixará que seu conteúdo seja esquecido.
Mesmo sendo um dos melhores atletas da atualidade, Neymar depende das redes sociais para se manter popular. A avalanche de bajulação que recebe todos os dias pode ter enevoado seu discernimento, se é que algum dia ele o teve. Ao apelar pelo apoio dos fãs, Neymar complicou ainda mais o próprio caso.
Tanto ele como Carlinhos Maia podem estar aprendendo, do jeito mais difícil, que escancarar intimidades na web é uma arma perigosa. Claro que nem sempre as consequências são negativas: ao revelar que sofre de depressão, por exemplo, Whindersson ajudou a diminuir o estigma que cerca a doença, aliviando um pouco a vida de milhões de pessoas acometidas pelo mesmo mal.
Mas, como tudo na vida, também há limites para a superexposição. O público não tem o direito de saber absolutamente tudo, nem o famoso precisa revelar todas as suas mazelas. Para o seu próprio bem.