Rachel Sheherazade vai terminar o ano de 2024 fora do ar. O fim de seu programa e a não renovação de seu contrato com a Record foi a notícia mais lida do F5, o que parece uma incoerência. Se tanta gente se interessa por ela, se ela tem tantos milhões de seguidores, por que seu programa não deu certo?

Eu tenho uma teoria. Além de ser muito profissional, bonita e competente, Rachel é uma pessoa de sorte. Basta lembrar que foi por causa de um comentário que ela fez há 14 anos que sua vida mudou.

Era fevereiro de 2011 e Rachel apresentava o Tambaú Notícias, numa afiliada do SBT em João Pessoa. No telejornal ao vivo, ela fez críticas contundentes ao Carnaval da Paraíba. O programa foi ao ar ao vivo, mas em seguida o vídeo foi postado no YouTube.

Silvio Santos viu o conteúdo, encantou-se com Sheherazade e convidou-a não apenas para trabalhar na matriz do SBT em São Paulo, mas para ser âncora do SBT Brasil, o telejornal mais importante da emissora, onde ficou por quase uma década.

Acontece que a sorte, além do sentido de boa fortuna, tem também a dimensão de acaso, de coisa aleatória. E coisas aleatórias fizeram com que Sheherazade e Silvio Santos se desentendessem a ponto de a jornalista ser dispensada e processar o SBT.

Apesar de várias polêmicas, Rachel continuou prestigiada e teve vários outros trabalhos como jornalista. Até que o acaso apareceu novamente em sua vida por um convite inusitado: participar do reality A Fazenda 15.

Confesso que fiquei bastante surpresa. Como assim? Uma jornalista que foi âncora em um reality conhecido por suas tretas e barracos? Sério?

Era sério. Ela foi mesmo para o rolê mais aleatório de sua vida. Até que veio a expulsão. E, com ela, a explosão de fãs. A emissora deve ter crescido os olhos com a possibilidade de captar todos esses milhões de seguidores para a TV. E deram um programa dominical para Sheherazade. Um grande equívoco.

Como bem sabemos, uma coisa é sentar numa bancada de telejornal, ler as notícias no teleprompter e fazer comentários para a câmera. Outra coisa é apresentar um programa de televisão em que você precisa interagir, se movimentar, improvisar, cativar as pessoas em casa, despertar emoções, improvisar.

São coisas totalmente diferentes que exigem talentos específicos e personalidades que se adaptem a esses formatos. E mais: as pessoas que assistiam A Fazenda pelos barracos, pela torcida, pela Rachel, não são as mesmas que se dispõem a sentar no sofá num domingo à tarde para vê-la como apresentadora.

Diante dos baixos índices de audiência do programa, a emissora tentou de tudo. Criar novos quadros, chamar criadores para trazer novas ideias, testar novos participantes. Não funcionou. Até o acaso e a aleatoriedade têm seus caprichos. O programa saiu do ar, Rachel deixou a emissora.

Certamente, Rachel vai aproveitar as férias de final de ano para repensar a vida. Mas meu palpite é que ela vai investir em sua carreira como influenciadora, investir em suas redes, com milhões de fãs no Instagram, no Kwai.

Eu sei que ela já tem, mesmo assim, desejo sorte.