Dudu Camargo: Tchau, desquerido!
Apresentador passou sete anos em uma das maiores emissoras de TV sem nenhuma experiência anterior
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Sim, a palavra "desquerido" existe. Vem do verbo desquerer e significa exatamente o que a gente já sabe, uma pessoa que não é estimada. Porque, você sabe, todo mundo tem duas chances de promover alegria para os outros, na chegada e na partida. E, pelo que li na coluna do Fefito, Dudu Camargo é do tipo que gera alívio no ambiente profissional na hora que vai embora.
Não conheço o rapaz pessoalmente, não sei nada sobre sua vida, se é um bom cidadão, se gosta de animais, faz benemerências ou ajuda ONGs. Não tenho a menor ideia de quem são seus amigos e parentes, por isso mesmo não estou julgando ou criticando sua conduta como ser humano, mas opinando sobre o resultado de seu trabalho nesses sete anos.
Sete longos anos numa das maiores emissoras de TV aberta sem nenhuma experiência anterior, sem pesquisa de opinião para saber se o público estava gostando, apresentando um telejornal sem ser jornalista, nada. Apenas o famoso efeito 'tartaruga em árvore'. Para quem não conhece, explico em duas linhas:
- Tartaruga sobe em árvore? Não.
Então se ela está lá em cima é porque alguém a colocou lá.
E esse alguém, claro, foi Silvio Santos. Por alguma razão incompreensível (para mim)o dono da emissora contratou Dudu quando ainda era menor de idade. Depois de ver a série da vida de Silvio Santos até consigo entender: ele deve ter se identificado com o rapaz. E ai, o Homem do Bau botou Dudu pra ser o Homem do Saco. Em 2016, no programa Fofocando, Dudu Camargo passou a fazer um personagem de smoking e luvas que fazia comentários "incógnito", com um saco de papel na cabeça. Eu teria colocado um chapéu de alumínio, mas sigamos.
Na Wikipédia, o verbete de Dudu Camargo diz o seguinte sobre o Homem do Saco do Fofocando:
-"O personagem, bem como o Fofocando, foram criações de Silvio Santos, que prometeu contratá-lo ao completar 18 anos de idade, após ele lhe abordar no salão de cabeleireiro do Jassa, lugar em que o empresário costuma frequentar."
A parte boa dessa informação inusitada é que fica provado que meritocracia não existe. Televisão sempre foi assim, nunca ninguém viu um anúncio de emprego para apresentador, nem teste aberto ao público. Ainda mais em empresas familiares. As pessoas entram e saem por indicação, amizade e sabe-se lá que outros motivos.
Aliás, motivos não faltaram para que Dudu se transformasse em um dos principais assuntos do Twitter. Em todos os jornais, portais, você vai encontrar listas de polêmicas, gafes, num verdadeiro dossiê sobre a carreira do rapaz. Isso sem contar as histórias e fofocas que circulam pelas redes sociais. Se foram desafetos que inventaram eu não sei, só sei que não vi nenhum fã para defendê-lo.
Não sei se a Record vai chamá-lo pra ficar no lugar de Geraldo Luiz, se a Band vai propor que ele apresenta o programa do Faustão, se a Record vai contratá-lo para fazer novela bíblica ou se ele vai fazer publi de fralda e ducha higiênica. Acho que nem a Inteligência Artificial saberia dizer. Só sei que para mim, alguns colegas do SBT e uma parte do público ele não vai deixar saudade. E, para a maioria dos jovens que pouco vêem TV, sua saída não vai ter nenhum impacto. No máximo, quando tomarem contato com a informação da demissão de Dudu Camargo, poderão, finalmente, dizer:
- Tchau, desquerido!