Pipokinha é chamada de imbecil por apresentador da Record
Gottino criticou funkeira por debochar de salário de professores
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Até o começo deste ano, eu nunca tinha ouvido falar em MC Pipokinha. A melhor frase que eu poderia dizer sobre ela é aquele meme do Twitter "tudo o que eu sei sobre ela é contra a minha vontade".
Fato é que, antes do começo deste ano, muita gente também nunca tinha ouvido seu nome. Prova disso é que, entrando no Google Trends, digitando "Pipokinha" e pesquisando os últimos 12 meses, vemos que foi só em fevereiro deste ano que seu nome ganhou alguma relevância na mídia. E, quando começou, foi em torno de algum tipo de polêmica envolvendo o caráter erótico de suas apresentações, como na ocasião em que ela teria recebido sexo oral de uma mulher durante um show.
O Splash fez uma coletânea desse momentos, que vão desde acidentes no palco —quando uma mulher desmaiou depois de levar um chute no rosto— a frases de Pipokinha dizendo que "sofrer assédio é a coisa mais normal do mundo", que "cabe à vítima do assédio se impor e se defender" e que, "se você não sabe se defender, evita, não usa roupa curta".
Não bastasse esses equívocos todos, um dos clipes da artista foi retirado do ar depois de denúncias de racismo contra indígenas. Ela também foi acusada de zoofilia e citou Adolf Hitler na letra de uma música.
Mas o evento mais divulgado e que abalou sua carreira foi quando, numa live, ao falar com uma fã, Pipokinha debochou do salário dos professores no Brasil, comparando sua renda de R$ 70 mil por 30 minutos num palco aos R$ 5.000 que a professora da fã provavelmente recebe por mês.
A partir daí, pelo menos sete shows foram cancelados, no Rio Grande do Norte, em Santa Catarina, no Distrito Federal, no Espirito Santo, em Roraima, em Minas Gerais e em São Paulo. Recentemente, um oitavo show foi cancelado, na cidade de Itá, no estado natal de MC Pipokinha.
Por várias vezes pensei em comentar esses acontecimentos, mas todos os caminhos pareciam arriscados. Comentar o aspecto erótico de seus shows sempre resulta em acusações de "moralismo" a quem a critica. Ressaltar as letras de suas músicas é sempre interpretado como um ataque ao funk como um todo. Mencionar suas colocações sobre qualquer tema pode gerar uma gama de interpretações errôneas, como sendo elitismo, falta de sororidade, arrogância.
Ou seja, MC Pipokinha pode fazer ou dizer o que bem entender e ninguém pode dizer um "a", sob o risco de cancelamento.
Até que na quarta-feira, dia 29 de março, o apresentador da Record Reinaldo Gottino, ao comentar o assassinato chocante de uma professora de 71 anos por um aluno em uma escola de São Paulo, lembrou da ocasião em que Pipokinha ridicularizou a categoria de educadores e referiu-se a ela como "aquela imbecil".
Até o momento, não vi ninguém sair em defesa da funkeira, nem sei se a artista vai convocar sua advogada para responder ao apresentador.
Só sei que um juiz da infância proibiu a entrada de menores nos shows da MC e um político apresentou denúncia contra ela para que o Ministério Público Federal a investigue por crime de maus-tratos a animais. Enquanto tudo isso acontece, o novo hit de MC Pipokinha sobe cada vez mais nos rankings das plataformas de streaming de áudio.
Fica confirmado que, em tempos de redes sociais, a única lei que vale é o "falem bem ou mal, mas falem de mim".