Uma vez perguntei para a editora de uma conhecida revista de celebridades qual era o tamanho do universo dos artistas realmente importantes.

Ela me explicou que, para ela, eram três as categorias de pessoas que saiam "na capa". A primeira, os eternos. Famosos como Xuxa, Pelé, Roberto Carlos, que sempre dão audiência, porque são conhecidos por todo o Brasil. Não precisa nem ter uma notícia importante ou bombástica, eles sempre chamam a atenção. Hoje, poderíamos facilmente acrescentar Anitta nessa lista, que além de ser uma mulher poderosa é uma estrela internacional. Esse mundo tem algumas dezenas de integrantes.

A segunda categoria eram os "da temporada". Atores e atrizes que protagonizam as novelas que estão no ar, as séries e filmes que estão bombando, cantores que estão com músicas estouradas, humoristas que estão fazendo show, atletas, empresários e demais famosos que estão com trabalhos em destaque. Essa categoria tem várias centenas de pessoas, como o elenco principal de "Pantanal", por exemplo. Ou o vencedor da Dança dos Famosos.

E a terceira eram os que nem eram assim tão famosos, mas que eram notícias naquele instante por algo intenso e grandioso. Um ex integrante de reality show que cometeu uma traição. Uma subcelebridade que ganhou na loteria. Ou mesmo um artista antigo que estava fora da mídia e volta por algum acontecimento.

E aí surgiram os "influenciadores" São pessoas que tanto podem ensinar alguma coisa, como cozinhar ou fazer maquiagem, que falam de esporte, cultura, cinema ou sobre feminismo e empoderamento, sobre empreendedorismo ou causas animais, sobre minorias ou maternidade, ou qualquer assunto ligado a game. São pessoas que podem apenas mostrar seus looks do dia ou viagens ou que mesmo não sabendo nada em especial conquistam seguidores apenas porque têm a disponibilidade de compartilhar a vida continuamente como se fosse um reality ou uma novela. E tem também gente que faz sucesso apenas porque é bonita, porque é gato, porque é doido, divertido, curioso, diferente ou porque é alguma coisa de alguém famoso.

As razões que fazem alguém seguir um influenciador são tão nebulosas e inexplicáveis que muitas vezes nem eles sabem por que fazem sucesso. Mas depois que ficam ricos e famosos, tanto faz o motivo. As pessoas já estão viciadas e hipnotizadas e continuam seguindo apenas porque "sim". Ou porque os outros seguem. Os influenciadores conquistam grande audiência, as marcas os procuram para fazer publis e campanhas e eles passam a ganhar muito dinheiro. E o círculo virtuoso vai espiralando cada vez mais em todas as plataformas.

Esse mundo aleatório dos influenciadores não é composto de dezenas, centenas ou milhares, mas de centenas de milhares de pessoas. Segundo uma pesquisa feita pela Nielsen nesse ano de 2022, o Brasil tem mais de 500 mil influenciadores digitais.

Isso é mais do que todos os dentistas que existem no nosso país. Mais do que todos os engenheiros civis. E, como a pesquisa foi feita em maio, já deve ter ultrapassado o número de médicos em território nacional.

Claro, tem aqueles que se destacam. Os que ficam absurdamente ricos e compram aviões, os que são chamados para realities e causam em rede nacional, os que casam com famosos de outras áreas, os que viram notícia a cada nova cirurgia estética, os que são cancelados. Mas como tem mais de 150 milhões de brasileiros na internet, com os mais variados interesses, tem muito famoso que a gente nem faz ideia que existe.

É por isso que muitas vezes alguém comenta uma notícia muito incrível ou muito escabrosa ou muito qualquer coisa que aconteceu com o influencer "x" e a gente fica: Quem?!?!??

Quando isso acontecer com você, não se preocupe. É normal. Aconteceu comigo outro dia. Publicaram uma indireta sobre uma influenciadora e eu não reconheci a pessoa. Perguntei no privado e, quando li o nome, descobri que nunca tinha ouvido falar. Porque não tem como conhecer meio milhão de influenciadores. Aliás, a gente nem quer conhecer meio milhão de influenciadores. No máximo, a gente quer que eles nos sigam e que cada um faça um pix.