Todo mundo é exibido. Uns mais, outros menos, mas as redes estão aí pra provar que o ser humano gosta de mostrar suas conquistas.

Os gostosos exibem seus corpos, os atléticos mostram seus feitos, intelectuais compartilham seus títulos, empresários publicam seus prêmios e promoções, artistas revelam sua arte. Normal e louvável.

Mas uma coisa é acompanhar as conquistas possíveis, que nos inspiram a correr atrás dos nossos desejos ou ver o talento que nos arranca admiração e aplauso e, outra coisa, é a ostentação de quem só quer esfregar o dinheiro que tem na cara de todos.

Para que uma influenciadora faz questão de dizer que pagou R$ 500 mil num carro? Ou R$ 100 mil numa bolsa? E R$ 50 mil por dia num quarto de hotel? Ela não pode apenas desfrutar do quarto? E se ela está viajando, por que não compartilha o lugar em vez de mostrar sua piscina privativa? Ou é para nutrir o espírito pirracento e infantil do "eu tenho… você não te-em!"? Ela sente prazer em humilhar ou quer apenas afirmar que "agora ela não é mais como qualquer um"?

Eu sei que vivemos no sistema capitalista e que, pra muita gente, dinheiro é uma medida de sucesso. Mas sei também que muitas dessas pessoas só estão lá porque seus fãs e seguidores as puserem nesse lugar. E, da mesma forma, podem tirá-las de lá. Especialmente aquelas que não tem nenhuma atividade ou aptidão específicas e só têm suas próprias vidas como "conteúdo" de seus canais.

São os famosos por serem famosos, que postam suas famosas vidas de famosos. Que vão para os mesmos destinos óbvios, usando suas grifes óbvias, levando suas óbvias malas, seguindo os óbvios caminhos da ostentação. Essas pessoas passarão. E, se não construírem uma relação de humanidade, entrarão e sairão de moda com a mesma velocidade que surgiram.

Gente que vive para se exibir e ostentar são aqueles que não nos ensinam nada, não nos dão um pingo de cultura, não nos fazem refletir, não melhoram a vida da sociedade.

Trabalhando a vida toda em comunicação, conheci muita gente que ficou famosa e passou, que teve e perdeu tudo, que torrou tudo em um mundo vazio de ilusões. Os que ficam são os que entendem o valor do seu trabalho, a importância de sua missão, o contexto do seu país, a realidade dura e injusta do seu povo. Esses, não ostentam. Ao contrário, investem parte do dinheiro que ganham em projetos sociais que transformam a vida dos menos favorecidos, criam escolas, financiam empresas de jovens talentos em formação.

Quem compartilha para inspirar é o verdadeiro influenciador. Quem só quer ostentar o dinheiro que tem é apenas cafona.