O modelo carioca Ruan Mendes, 27, que é morador do Morro do Borel, na zona norte do Rio de Janeiro, quer fazer história neste final de semana. Isso porque ele pode quebrar um jejum de 31 anos para o país se vencer no domingo (26) a final do Manhunt International 2024. Seria um feito inédito, já que o título do concurso de beleza masculina, considerado um dos maiores e mais tradicionais do mundo, nunca foi vencido por um brasileiro.

"É uma responsabilidade muito grande estar aqui com esse desafio em mãos. Também já é uma vitória imensa, levando-se em conta toda a minha trajetória e de onde eu vim. Mesmo com todas as dificuldades, tenho muito orgulho de ser nascido e criado no Morro do Borel", conta o Mister Brasil, em conversa com a coluna, diretamente de Ayutthaya, na Tailândia, onde acontece a 22ª edição do certame.

"Nada na minha vida foi fácil, então pra mim é uma questão de resistência estar aqui. Traz um significado importante para toda a minha luta em busca de resultados maiores e melhores em todos os âmbitos da minha vida e da minha família. E é isso que faz com que eu sempre me mantenha com muita força de vontade para conquistar todos os meus objetivos", adiciona.

Sempre correndo, além da preparação para o concurso mundial, o tempo de Ruan nos últimos meses foi dividido entre fazer trabalhos de modelo, administrar sua loja e marca própria de roupas, e também transportar pessoas dirigindo como motorista de aplicativo. "Preciso compor a renda de casa. Mas cada vez menos tenho feito corridas de transporte, pois minha carreira no mundo das passarelas tem dado certo e eu estou gostando bastante", revela.

Com 1,89 m de altura e 85 kg, a vida de Ruan começou a melhorar depois que ele ingressou no mundo da moda e viu ali uma possibilidade de melhorar de vida. Ao mesmo tempo, surgiu a oportunidade no universo das faixas e coroas, que ele agarrou com toda força –tanto que hoje o carioca pode ser considerado um "mister de carreira", pois já participou de múltiplos concursos.

"Eu sou do Carnaval e desfilo desde pequeno, e foi nesse contexto que os concursos de beleza surgiram pra mim", conta ele que, entre suas quase 10 faixas, tem os títulos de Mister Guanabara CNB 2023, Mister Global Mediterrâneo 2021, Mister Eco Brasil 2020 e Muso do Samba 2019. "Os concursos têm sido muito importantes, principalmente por eu ser de comunidade, preto e de família humilde. Quero inspirar e mostrar para as pessoas, principalmente crianças, que ser de comunidade não é um empecilho para seus sonhos."

Com o Manhunt, além de conhecer novas culturas e fazer amizades, o jovem espera ampliar ainda mais seus caminhos profissionais e seguir melhorando sua vida, passo a passo. "O meu ponto forte é minha autenticidade. Aposto também no meu carisma, simpatia e facilidade em fazer amizades para ir à frente na disputa", analisa.

"Hoje o meu maior sonho é dar uma vida melhor para minha família. Sou muito grato à minha mãe, tia e avó, que me criaram e deram seu sangue para que eu tivesse educação, saúde e alimentação. Quero dar orgulho a elas e facilitar um pouco mais suas vidas", afirma.

DOIS BRASILEIROS NO MESMO CONCURSO

Além de Ruan, o elenco de 37 candidatos do Manhunt International 2024 conta com outro brasileiro: o paranaense Hudson Malagutti, que veste a faixa de Mister Fernando de Noronha. Pode parecer incomum ter dois candidatos do mesmo país, mas, na verdade, essa é uma tradição do Brasil nesta e em outras competições masculinas.

O mister, que trabalha como modelo e é gerente do parque aquático Araucária Acqua Park, na região metropolitana de Curitiba (PR), garantiu a vaga após disputar em 2023 o Mister Brasil CNB. "Estou muito feliz com a oportunidade de estar aqui e estou dando o meu melhor nesse concurso", diz o rapaz.

Criado em 1993, o Manhunt International é o mais antigo e pioneiro concurso de beleza masculino. A disputa de misters acontece anualmente na Tailândia, onde fica a sede da organização. Seu atual vencedor é o australiano Lochie Carey (2022) e, entre outros, também já se sagraram titulares representantes da Holanda (2020), Espanha (2018), Vietnã (2017), Suécia (2016), Filipinas (2012), China (2011, 2007), Eslováquia (2010), Marrocos (2008) e EUA (2006).

O Brasil chegou perto do trono em três ocasiões: em 2020, com o 3º lugar do paulista Matheus Giora; em 2016, com o 5º lugar do paranaense Ramon Pissaia; e em 2010, com o 3º lugar de Marlon Di Gregori.