Minha sensação como mãe é que vivo em 2020 - parte 2
Ao menos já sei os problemas que terei, mas sigo com coragem, que é o que vida quer da gente
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Eu sempre digo que a maternidade é uma montanha-russa de emoções, mas, neste ano, mudei de brinquedo: sinto-me maternando no looping, aquele que dá voltas e voltas e para no mesmo lugar, não sem antes te deixar com frio na barriga e vontade de não entrar nele nunca mais.
Já estamos no segundo mês do ano de 2021, mas a sensação que tenho é a de que vivemos em 2020 - parte 2. As escolas não estão em pleno funcionamento —aliás, há locais em que elas estão fechadas, em lockdown, como em Araraquara, no interior do estado de SP, onde nasceu minha primeira filha—, não há plano de vacinação que nos permita, de fato, enxergar luz no horizonte e muitos especialistas falam em vida normal somente em 2022 ou mais.
As férias das minhas filhas —e as minhas— serviram para dar uma recarregada na bateria. Pude parar e contemplar o novo mundo, mas cheguei à mesma conclusão de antes: o novo normal é o velho normal piorado. Ir à praia de máscara é horrível, não poder abraçar pessoas é quase como o fim do mundo e ficar sem ir ao teatro é triste demais.
A vantagem de viver a segunda parte de 2020 em 2021, com a nova cepa do coronavírus ainda mais forte, pegando os jovens de jeito, é que já sei quais serão os problemas e já me adianto a eles.
As aulas online vão seguir por aqui. Uma das filhas, a de 14 anos, escolheu não voltar para o presencial. A outra filha, de oito anos, vai para a escola semana sim, semana não. Ou seja, teremos, além do excesso de telas nas semanas em que ela estiver em casa, o medo de que ela pegue coronavírus toda vez que for à escola, mesmo com todos os protocolos.
O que a vida “quer da gente é coragem”, já nos disse o escritor João Guimarães Rosa, e essa é minha frase de 2021. Vou seguir em frente, mesmo com medo e sem muitas certezas. Vivendo na montanha-russa das emoções e no looping da maternidade.
Vai ser difícil, vai ser puxado, mas não vejo outro caminho a não ser seguir em frente. Sempre com um bom livro na mão —a literatura tem me salvado— e com a certeza de que mãe erra tentado dar o seu melhor sempre.
Livro aborda a infertilidade feminina com clareza e poesia
A vida moderna faz com que, cada vez mais, as mulheres adiem os planos de ter filhos. O problema é que a biologia e a natureza humana não agem da mesma forma. Com isso, muitas buscam engravidar no limite da vida reprodutiva, o que pode levar à frustração quando não se consegue ter um bebê.
Todos esses aspectos são abordados no livro “Sentidos da Vida” (R$ 68,90, 204 págs., Reino Editorial), do especialista em reprodução humana Davi Buttros.
O médico aponta, com linguagem clara e poesia, os cinco caminhos possíveis para realizar o sonho da maternidade. A edição traz poemas que vão fazer chorar quem já está cansada e pensa em desistir, acreditando que não há mais saída.
“Meu filho, fique tranquilo, eu vou lhe encontrar”, são versos do poema “Sentidos da Vida”. No prefácio, Buttros afirma que seu objetivo é “abrir, com muito conteúdo e clareza, sentidos para a maternidade às mulheres com idade avançada ou baixa reserva ovariana”.