Bate-Papo na Web

Bolhas na internet criam realidades paralelas e impermeáveis

Sair desse mundo de iguais depende de decisão individual

Aplicativos do Facebook, TikTok, Twitter, YouTube e Instagram no celular - Dado Ruvic -13.jul.2021/Reuters

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Alessandra Kormann

Muito já se falou sobre as bolhas na internet, os agrupamentos digitais de gente que pensa de forma parecida. Mas ainda não se sabe o que fazer com elas. O fato é que, para muitas pessoas, essas bolhas acabam se tornando a principal fonte de informações por meio de mensagens compartilhadas por seus pares nas redes sociais.

Para o problema (gigante) das fake news, existem muitas propostas de solução em discussão: projetos de lei, mais autorregulação, mudança em algoritmos, diminuição do alcance de posts, redução de encaminhamentos, ferramentas de denúncia etc. Obviamente nada disso vai eliminar de vez a profusão de mentiras online, mas são tentativas que estão sendo debatidas e experimentadas.

E as bolhas? Aí é bem mais difícil, porque depende principalmente de uma decisão individual querer sair delas. E, para isso, primeiro é preciso reconhecer que se está numa bolha, o que nem todo mundo faz. Afinal, é mais fácil apontar o dedo para a bolha dos outros.

Então, vamos pensar juntos? Você só segue pessoas que admira? Os seus amigos concordam com você na maioria dos assuntos? Só vê nas suas redes mensagens que reforçam o que você pensa? Se respondeu positivamente à maioria das perguntas, sim, você está numa bolha.

E você não está sozinho. É muito mais confortável estar cercado por pessoas com quem a gente tem afinidade. Buscar isso é uma tendência humana que os algoritmos só reforçam. A questão é que antigamente todo mundo acabava entrando em contato com outros pontos de vista por causa dos meios de comunicação, a arena pública onde, bem ou mal, havia debate e se estabeleciam consensos na sociedade.

Hoje, muita gente simplesmente rejeita a grande mídia e se informa exclusivamente por redes sociais e veículos que não têm compromisso com a pluralidade. Com isso, proliferam bolhas incomunicáveis que vivem realidades paralelas, impermeáveis ao contraditório.

O que fazer? Algumas ideias:

  1. Decida sair da sua bolha, mesmo se achar que está na mais evoluída de todas. Sim, é desagradável ler/ver certas coisas, mas o mundo está bom assim? Para que ele melhore, é preciso dialogar com quem pensa diferente. Ou que se dane o mundo, desde que você esteja bem?

  2. Siga pessoas das quais você discorda. Se não quiser aumentar o número seguidores de alguém, não precisa seguir, mas de vez em quando procure ver o que ele/ela postou.

  3. Entre em grupos com ideias opostas às suas. Não para arrumar encrenca, apenas observe. Até para poder convencer outros a mudar de opinião, se for o caso, é preciso entender como eles pensam.

  4. Tenha visão crítica sobre o que recebe, inclusive as mensagens de que você gostar. É verdade mesmo? Qual a fonte? Faz sentido? O que o outro lado disse? Vá atrás.

  5. Não leia só os títulos. Procure ampliar o seu entendimento sobre os temas que chegam a você. Leia, analise, reflita. Pesquise outros pontos de vista sobre o assunto.

  6. Se for comentar, use argumentos, não ofensas pessoais. Debata ideias. Lembre que a humanidade evoluiu através dos séculos por meio do debate de ideias. E que tudo tem mais de um lado (a não ser mentiras anticientíficas que matam, claro).

  7. Quando sentir muita raiva ao ver um post, pense se esse sentimento é seu mesmo ou está vindo do grupo que você segue. Tente perceber a quem interessa produzir ódio e o que está realmente por trás disso.

Bora sair da bolha?