Iniciativas tentam coibir o custeio de sites que propagam notícias falsas
Combate à fake news se intensifica na quarentena
“Não existe almoço grátis”, diz o velho ditado. No caso das fake news não é diferente —alguém paga essa conta. Por um lado, a internet é a grande responsável pela avalanche de notícias falsas que infestaram o ambiente político nos últimos anos, ameaçando a democracia. Mas, por outro lado, a internet também pode ser usada para combater esse pesadelo atingindo justamente o bolso de quem paga a conta.
É o que está fazendo o Sleeping Giants (gigantes adormecidos, em inglês), um perfil no Twitter que surgiu nos Estados Unidos e conseguiu abalar seriamente o financiamento de sites que financiavam o discurso de ódio e as fake news por lá. Na semana passada, o Sleeping Giants chegou ao Brasil e já apresentou resultados promissores, com dezenas de grandes empresas retirando anúncios de uma página que propaga notícias falsas.
Mas como isso funciona? É simples. Basicamente, o perfil avisa publicamente às empresas que elas estão fazendo publicidade em sites de fake news. Como as grandes empresas com ações na bolsa adotam regras para proteger a sua reputação, elas se veem obrigadas a retirar os anúncios.
Mas por qual motivo grandes empresas anunciam em sites desse tipo? Na maioria das vezes, elas nem sabem. Trata-se de compra de mídia programática em plataformas como Google e Facebook, que oferecem aos anunciantes espaços publicitários de acordo com o público-alvo (é possível usar alguns filtros, como idade, região etc.). As empresas compram o espaço e nem sabem exatamente onde a propaganda vai ser exibida.
Depois que são avisadas, as empresas podem calibrar o filtro para bloquear determinada página, evitando associar sua marca às fake news e ao discurso de ódio.
Na quinta-feira, o Sleeping Giants Brasil (twitter.com/slpng_giants_pt) já tinha quase 320 mil seguidores, mais do que os 280 mil do perfil original em inglês.
No meio de tanta desgraça, pelo menos uma boa notícia.