'El Cid' expande história de cavaleiro medieval que virou lenda na Espanha
Série é protagonizada por Jaime Lorente, de 'La Casa de Papel' e 'Elite'
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Na Espanha, El Cid é um velho conhecido de todos. Nascido no século 11, ele virou referência de cavaleiro medieval após sua vida e feitos serem contados em uma epopeia em versos que faz parte do currículo de qualquer escola. Menos conhecida em outras partes do mundo, a história poderá ser conferida em "El Cid", que a Amazon Prime Video estreia nesta sexta-feira (18).
A série foca no período antes de Rodrigo Díaz de Vivar —o nome verdadeiro dele— se tornar uma lenda dos campos de batalha no período da Reconquista da Península Ibérica. O protagonista é vivido por Jaime Lorente, 29, conhecido pelos papeis de Denver em "La Casa de Papel" e Nano em "Elite", ambas da Netflix.
"É muita responsabilidade", afirma o ator em conversa com a imprensa internacional, da qual o F5 participou. "No fim das contas, tive que interpretar um personagem que é conhecido por muitas pessoas. Mas tentei tirar de mim mesmo essa cruz e fazer algo próprio, um homem de verdade, com seus altos e baixos, mas sem perder a fidelidade da história."
Ele diz que não tem como responder se conseguiria interpretar um papel tão icônico se não tivesse participado de duas séries que já foram sucesso mundial. "É impossível de saber", avalia. "A vida está cheia de pontos de virada que se relacionam e, obviamente, o caminho que me fez chegar a esse papel passou pelos sucessos anteriores. Não tenho medo nem vergonha, se tiver sido graças a isso que eu pude representar um papel tão importante, ok."
Mesmo assim, ele preferiu não pensar se a série vai alcançar o mesmo sucesso. "Se eu ficar pensando que a série será vista em 190 países, farei um trabalho falso ou empostado", explica. "Eu fiz como se estivesse na sala de casa, que é como as coisas saem com verdade." Durante as gravações, o ator teve que se desdobrar em diversas cenas de ação. Ele diz que teve alguns machucados, inclusive uma entorse no punho. "Mas valeu à pena, me diverti muito gravando."
Complicado mesmo foi encontrar o homem por trás da lenda. "Ao final, percebi que a forma mais orgânica era tomar a decisão de que ele era um herói sem querer", conta. "Por mais que os outros o considerem assim, ele não se vê como herói. As pessoas podem se identificar com ele porque é uma pessoa de verdade, não um cara de capa."
Na série, a atriz Alicia Sanz, 32, interpreta a princesa Urraca, que a princípio não tem muita simpatia pelo cavaleiro de seu irmão, Sancho (Francisco Ortiz). A personagem alterna entre as maldades palacianas e a alguns lampejos de generosidade com as amigas.
"Eu estudei sobre El Cid, mas não lembrava de muita coisa", confessa a atriz. "Lembrava que era um herói. Uma parte da família do meu pai é da mesma região onde dizem que ele nasceu, e lá tem estátuas. Já sobre a Urraca só sabia que era uma mulher malvada até começar a estudar a história dela."
A personagem ainda tem uma grande conexão com a atualidade, pois não se conforma de ser a primogênita dos reis Fernando e Sancha, mas é preterida pelo irmão Sancho. Também não gosta nada de que a mãe tenha algumas decisões ignoradas, sendo que foi ela quem herdou a coroa, e não o pai.
"Por trás de todo homem poderoso, sempre houve uma mulher poderosa", afirma. "Ele é muito inteligente e à frente de seu tempo. Não é a imagem que temos das mulheres daquele tempo, que só ficavam cuidando do marido ou sendo boazinhas. É engraçado que personagens masculinos com as características dela seriam considerados tranquilos, mas quando uma mulher não faz o que lhe mandam é considerada malvada."
"Como mulher, muitas vezes eu nem percebi quando sofri machismo", avalia. "Agora que as pessoas são mais conscientes, estamos caminhando numa direção melhor. Quero acreditar que vamos chegar a um ponto em que essas não serão mais questões, mas o novo normal."
Ela diz que a maior dificuldade das gravações foi o frio nas locações. A série foi gravada em castelos reais. Por outro lado, ela se divertiu bastante aprendendo a montar a cavalo aos moldes como as mulheres cavalgavam no período medieval (com as duas pernas do mesmo lado).
E também com a personalidade forte da personagem. "Não queria interpretar um clichê ou alguém que fosse apenas má, ela é uma pessoa que tem um passado e as circunstâncias explicam o que ela faz. Foi divertido conhecer a forma como ela age, que é bem diferente de como eu resolveria as coisas."
Já Carlos Bardem, 57, intérprete do conde de León, que está envolvido na trama para derrubar o rei. Ele descreve seu personagem como "maquiavélico". "Para entender o seu personagem, é preciso trazer coisas que há dentro de você e colocá-las a serviço dele", conta. "Todos nós temos o melhor e o pior, nossa missão na vida é sempre combater o que temos de mal, mas quando você faz um vilão consegue brincar e é sempre ótimo."
O irmão mais velho de Javier Bardem avaliou a trama em termos de fidelidade, já que também é formado em história. "A série é muito bem feita do ponto de vista histórico", diz. "Claro que é uma ficção, não um documentário. Mas, dito isso, foi um esforço bem grande para fazer da forma mais fiel possível."
O ator conta animado que já morou no Brasil (entre 1989 e 1991 em Búzios, no litoral fluminense) e até arriscou algumas palavras em português. Ele também disse por que as séries espanholas têm feito tanto sucesso mundo afora. "Com a chegada das grandes plataformas de streaming, conseguimos o nível de produção para fazer coisas incríveis", diz. "Sempre tivemos, mas antes não tínhamos dinheiro. Esse é o motivo."