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Conheça Daniela Ruah, da série 'NCIS: Los Angeles', que cresceu vendo novelas brasileiras

Atriz diz que Sônia Braga e Gloria Pires são inspirações para o seu trabalho

Daniela Ruah - Instagram/danielaruah
São Paulo

Na série norte-americana "NCIS: Los Angeles", Daniela Ruah, 36, desvenda mistérios e luta contra bandidos e terroristas na pele da agente especial Kensi Blye. Na vida real, a atriz tem uma ligação curiosa com o Brasil: ela cresceu assistindo novelas brasileiras como "Sassaricando" (Globo, 1987-1988) e "Explode Coração" (Globo, 1996).

Isso porque, embora tenha nascido nos Estados Unidos, Ruah morou boa parte de sua infância e adolescência em Portugal, para onde a sua família se mudou quando ela tinha 5 anos. Foi lá, aliás, que ela estreou na TV aos 16 anos, na produção portuguesa "Jardim Proibidos" (2000-2001). Desde 2007, Ruah voltou a viver nos EUA e há 11 anos é uma das protagonistas da série policial, que é a segunda mais vista no canal A&E no Brasil (atrás de "Cold Case") e que teve a sua 12ª temporada confirmada.

"Sa-sa-sa-ri-cando", cantarola Ruah quando questionada por esta repórter sobre suas novelas preferidas do Brasil. Ela também cita a série "Sítio do Picapau Amarelo" (Globo, 1977), que foi exibida em Portugal até o fim dos anos 1980, e o bordão de Lucineide (Regina Dourado) em "Explode Coração": "Stop, Salgadinho".

Embora tenha frequentado uma escola inglesa, Ruah conta que sempre falou português em casa e, por isso, é fluente nos dois idiomas. De Los Angeles, onde cumpre a quarentena ao lado do marido e dos dois filhos, a atriz conversou por telefone com jornalistas da América Latina por quase 1 hora e meia, no início de maio.

Destacou Sônia Braga e Gloria Pires como inspirações para o seu trabalho como atriz, e falou de sua admiração por Alice Braga e Morena Baccarin, ambas atrizes brasileiras que costumam atuar em produções americanas.

Para Daniela Ruah, os programas e séries de TV ganharam ainda mais relevância no período de isolamento social necessário por causa da pandemia do novo coronavírus. "As pessoas precisam de entretenimento, precisam de alguma positividade. E é isso o que 'NCIS: Los Angeles' oferece ao público. Em grande parte das vezes, nós pegamos o cara malvado e o colocamos na cadeia. E fazemos isso com ação, com humor e com química entre o elenco."

Nesta 11ª temporada, ela e o agente Marty Deeks (Eric Christian Olsen), seu par romântico na trama, começam a pensar em ter filhos. Ruah não sabe ainda como isso será abordado na história, se a personagem dela ficará grávida ou se eles podem enfrentar o drama da infertilidade. "Todas essas questões estão em aberto."

Ela mesma ficou grávida duas vezes ao longo da série e diz que contou com o apoio dos roteiristas que desenvolveram boas saídas para que as gestações não afetassem o desenvolvimento da personagem. Ruah é casada com o dublê David Paul Olsen, irmão do ator Eric Christian Olsen. Ou seja, a atriz contracena diretamente com o cunhado na história.

Segundo Eric, a culpa é dele mesmo por ter apresentado o irmão para a amiga de trabalho​. "Ok, na série, eles [Kensy e Marty] têm um envolvimento romântico, mas na vida real ele [Eric] é como um irmão mais", diz.

TRAJETÓRIA

O ano de 2007 foi decisivo para a vida pessoal e profissional de Daniela Ruah. Depois de fazer faculdade em Londres, ela voltou a morar em Portugal, onde conseguiu papéis de destaques em produções televisas do país. Ela conta, porém, que queria expandir a sua carreira e, por isso, resolveu mudar para Nova York. "Foi difícil porque eu tinha muitas oportunidades de bons personagens em Portugal, mas eu estava com 23 anos e pensei: 'Se eu não for agora, eu não vou nunca."

Ao lado de uma amiga atriz, ela embarcou para a cidade americana e, poucos meses depois, já estava fazendo o piloto da série "NCIS: Los Angeles". "Acho que [a mudança] foi provavelmente o passo mais importante que eu já dei na minha vida, porque me levou ao que sou agora, ao meu marido, aos meus filhos, ao programa", afirma.

De uma família de médicos, Ruah conta que costumava ver filmes de ação com o pai quando criança, como "Duro de Matar" (1988). Sonhando em ser atriz, ela lembra que por volta dos seus oito anos, quando morava em uma casa que tinha escadas e carpetes, tentava rolar os degraus como se estivesse caindo já como treinamento para o seu futuro em filmes de ação. "Eu não sabia que tinha diferença entre atores e dublês. Eu achava que eram os atores que faziam as cenas de ação", diz.

A atriz afirma que era fã da "Mulher-Maravilha" e que adorava o seriado "Cagney & Lacey" (1981-1988), em que duas detetives mulheres desvendavam crimes em Nova York. Pondera, porém, que cresceu também vendo os filmes da Disney em que, em sua maioria, as mocinhas precisavam ser salvas pelos heróis homens.

Neste sentido, Ruah diz acreditar que nos últimos dez anos houve um crescimento de personagens femininas empoderadas e donas dos seus próprios destinos em séries e filmes. "São mulheres que conseguem resolver seus próprios problemas com suas habilidades, não precisam ser salvas."

Para a atriz, a sua personagem em 'NCIS" é exemplo disso. "Apesar de Callen [Chris O'Donnell] e Sam [LL Cool J] serem tecnicamente os protagonistas, quem assiste o programa sabe que a Kensi é tão forte mentalmente e fisicamente quanto eles", completa.

Ruah afirma que, apesar do cenário melhor para as atrizes hoje do que no passado, há ainda muito a fazer pela igualdade entre homens e mulheres. E isso, na visão dela, passa pela criação dos filhos, River, 6, e Sierra, 3. "A minha contribuição para o mundo é criar meus filhos com respeito pelo outros, e compaixão", conclui.