Rodrigo Santoro dubla jovem mimado em cidade dividida em 'Klaus', animação da Netflix
Trabalho é a estreia do ator na plataforma; filme de Natal fala sobre intolerância
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Uma cidade dividida em dois grupos rivais, que não conseguem conversar entre si. Sobram ódio, rancor e discussões infinitas. A situação parece familiar? Mas não, não é nenhum município brasileiro.
Apesar das semelhanças com a vida real, esta é uma obra de ficção, que se passa bem longe daqui, em Smeerensburg, uma ilha gelada acima do Círculo Ártico. É para lá que Jasper, o pior aluno da Academia de Carteiros, é mandado pelo seu pai. O objetivo é dar uma lição no filho mimado, que nasceu em "berço esplêndido", nunca trabalhou e sempre teve tudo que quis.
No local, além de enfrentar muitas dificuldades, o jovem vai conhecer o misterioso e sombrio Klaus, um carpinteiro que vive isolado em uma casa cheia de brinquedos feitos à mão. A improvável amizade entre eles e como isso vai afetar o resto dos moradores e mudar o Natal na cidade são o mote de "Klaus", primeiro filme de animação original da Netlfix, que estreia nesta sexta-feira (15).
Durante este final de semana (até domingo, 17), a plataforma liberou a exibição da produção para não assinantes no link netflix.com/klaus.
Na versão brasileira, os atores Rodrigo Santoro, 44, e Daniel Boaventura, 49, dublam os personagens principais, Jasper e Klaus, respectivamente. Já a atriz Fernanda Vasconcellos, 35, faz a voz da professora Alva.
Embora seja uma produção, em princípio, voltada às crianças, Santoro afirma que o longa tem muitas camadas e potencial para agradar os adultos ao falar de questões atuais e "absolutamente urgentes" como a intolerância, a falta de diálogo entre as pessoas e a polarização observada não só no Brasil, mas em todo o mundo.
"Nesse sentido, é quase como um cavalo de Troia às avessas", diz o ator. Isso porque, afirma ele, o espectador entra no filme achando que vai apenas dar risada e se divertir, mas pode ser surpreendido ao se ver refletindo sobre algum assunto abordado no enredo. "É para isso que a gente trabalha: é para entreter, mas também é para provocar reflexões", relata ele, que faz em "Klaus" o seu primeiro trabalho na Netflix.
Fernanda e Daniel Boaventura compartilham de opinião semelhante. "É um roteiro que me emociona, e me fez refletir sobre possíveis intolerâncias, e em como eu me relaciono no trabalho e com a família", diz a atriz. "Klaus" tem direção de Sergio Pablos, cocriador de "Meu Malvado Favorito", grande sucesso de 2010.
DESAFIOS DA DUBLAGEM
Dar voz a um personagem de desenho não é novidade para Rodrigo Santoro. O ator fez as dublagens do ratinho de "O Pequeno Stuart Little" (1999) e "O Pequeno Stuart Little 2" (2002), e de Túlio nas animações "Rio" (2011) e "Rio 2" (2014).
Apesar da experiência, ele conta que fazer Jasper foi "um desafio enorme". "Acho que ele toma muito café expresso pela manhã [risos], ele fala muito rápido, mas muito rápido mesmo", afirma o ator, que se diz bem mais calmo em sua vida.
Santoro lista também outras dificuldades como a própria sincronia entre a imagem e a voz: "Até porque o inglês [idioma original do filme] é muito mais compacto [que o português]", diz. O ator conta ainda que estava no meio de um outro trabalho quando fez "Klaus". Por isso, ele teve que concentrar a dublagem da animação em um "fim de semana emendado", gravando várias horas seguidas.
"Como foi um trabalho intenso, eu observei dessa vez como é importante e como é possível, mesmo que seja só através da voz, você transmitir emoção, sentimentos, estados [de espírito]...é muito sutil. Mas às vezes a gente fazia um take, escutava e falava: ainda não é isso."
Não que não funcionasse, afirma ele. "Mas é diferente de ter alma, de ter emoção, de ter vida por trás. É cirúrgico, e eu sou muito perfeccionista." O esforço valeu a pena. Segundo o ator, produtores americanos disseram que a versão brasileira de "Klaus" é a que melhor foi produzida na comparação com as dublagens em outros idiomas –ao todo foram desenvolvidas versões da animação em 28 línguas, além do inglês.
Para Daniel Boaventura, conhecido pelo seu vozeirão, o maior desafio foi traduzir para o humor português as tiradas do filme, "mas sem perder o molho da versão original". Já Fernanda Vasconcellos, que tem menos experiência em dublagens, afirma que o trabalho foi exaustivo fisicamente.
Em um filme, diz ela, você tem meses de preparação. "Na dublagem, você conta a vida de um personagem em horas, em dois dias. E isso exige um trabalho físico intenso", conclui.
Em inglês, as dublagens foram feitas pelos atores Jason Schwartzman (Jasper), J.K. Simmons (Klaus) e Rashida Jones (Alva).