Copa do Mundo feminina: álbum encalha nas bancas, mas seleção forte pode embalar vendas
Jornaleiros afirmam que divulgação da Panini é falha; empresa nega e diz investir em mídia e distribuição de material
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Agora vai. É com esse pensamento positivo que jornaleiros de São Paulo encaram o efeito da goleada do Brasil por 4x0 na estreia na Copa do Mundo feminina em seus negócios —mais especificamente, na venda de álbuns de figurinha da competição, que estão encalhados nas bancas.
A esperança é que, motivados com a boa apresentação da equipe de Pia Sundhage, brasileiros comecem suas coleções. Lançadas no começo de junho pela Panini, as figurinhas de Marta, Ary Gomes e sua turma ainda não "pegaram" entre crianças e adultos e, para os vendedores entrevistados, os motivos para este desinteresse são dois: preço e falha na estratégia de divulgação.
Ana Maria Pellegrini, dona da banca República, no bairro de mesmo nome, no centro de São Paulo, relata a baixa procura pelos cromos. "Estou vendendo há um mês e só saíram 20 álbuns e umas 1.000 figurinhas, o que é muito menos se pensarmos no ano passado [na Copa masculina]", conta ela, já puxando pela memória alguns números. "Naquela época, [vendi] uns 1000 álbuns, fora as figurinhas, que saíam bastante. Lembro que, em um sábado, recebi 150 álbuns e, no domingo, já não tinha mais".
O valor por pacotinho de figurinha continua o mesmo da Copa do Mundo Masculina, R$ 4. Já o álbum, com 80 páginas, pulou de R$ 12 para até R$ 15 em algumas bancas, num aumento que chega a 25%. Em capa dura, pulou de R$ 44,90 para R$ 54,90 (não é tabelado, em algumas bancas há ofertas, mas este é o preço padrão). Há, no entanto, uma boa novidade no mundo das figurinhas da Copa este ano: uma versão digital do álbum, que pode ser adquirida no site da Fifa.
O F5 conversou com funcionários de bancas em diferente bairros de São Paulo na tarde desta segunda-feira (24), logo após a vitória da seleção brasileira. Todos foram enfáticos ao afirmarem que as vendas andam muito abaixo das registradas na Copa masculina. "Ano passado acho que vendi 100 mil figurinhas, esse ano até agora não vendi nem 300", diz Fábio Teixeira, da Banca Paulo Afonso, na região da Santa Cecília.
Até na Banca Pacaembu, em frente ao estádio de mesmo nome e onde funciona o Museu do Futebol, funcionários relatam que a procura anda muito abaixo do esperado, ainda mais se levarmos em consideração o público que circula por ali: em grande parte, gente que ama o futebol.
No fim de semana, o estoque chegou a ficar zerado —o que não necessariamente indique um clamor popular pelas figurinhas: os 80 pacotes que a banca havia recebido foram comprados pela mesma pessoa.
Os comerciantes afirmam que a baixa procura pode ter sido prejudicada pela pouca divulgação por parte da Panini. O problema pode ter afetado o movimento na Banca Maria Elisa, na região central. A funcionária Nicoly Oliveira conta que eles não receberam nenhuma placa ou banner. Nem para a parte interna da loja.
"Quem comprou a maioria das figurinhas foi um senhor que vem sempre aqui, o resto foi uma ou outra pessoa. Saíram 40 pacotes na semana passada e 40 na retrasada. Bem diferente do ano passado, que vendemos mais de 2.000 álbuns", diz. Ela afirma que as vendas começaram há três semanas e que, até agora, saíram 25 álbuns, além destes 80 pacotes —e mais nada.
Ana Maria, da banca República, também percebeu a diferença na divulgação dos álbuns masculinos e femininos por parte da Panini. "Ano passado, recebemos cartazes e placas para anunciar os álbuns e figurinhas, esse ano, nem isso. Hoje temos só isso daqui, então colocamos na parte de dentro", conta, apontando para um pequeno papel em formato redondo com apenas uma foto da capa do livro.
Em nota, a Panini reconhece a baixa adesão do público, mas nega falha no marketing. "A busca pelo álbum e suas figurinhas ainda não está no nível que ocorre com o futebol masculino", afirma. "Mas entendemos que, com o avanço da Copa, o assunto tende a ficar ainda mais em alta e o cenário mudar".
A empresa diz ainda em seu comunicado que "investiu forte" em diferentes frentes de mídia, como TV, rádio e internet via influenciadores, além de trabalhar o produto junto a atletas da seleção e de ter distribuído "uma série de materiais para os pontos de vendas, de acordo com as vendas do primeiro período."