'Nem Bolsonaro nem Lula, sou o Brasil', diz Zezé Di Camargo, líder dos sertanejos que foram apoiar candidato à reeleição
Cantor afirma que agora torce por petista no poder: 'Se estou num avião, não vou querer que caia'
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Base de apoio de Jair Bolsonaro (PL) no meio artístico, músicos sertanejos foram a Brasília antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2022 para oficializar o que chamaram de "parceria" e ressaltar a confiança da classe no então mandatário.
Participaram do encontro, entre outros, os cantores Gusttavo Lima, Leonardo, Chitãozinho (da dupla com Xororó), Fernando (da dupla com Sorocaba), George Henrique (da dupla com Rodrigo) e Sula Miranda. O grupo era liderado por Zezé Di Camargo (da dupla com Luciano), que, à época, disse ter certeza que "o melhor para o Brasil é essa formação que está aqui".
A vitória de Lula (PT) fez com que o artista mudasse de opinião, como ele mesmo revela. "Não sou Bolsonaro, não sou Lula, sou o Brasil. E aquilo que acho melhor, eu vou torcer. Não sou de esquerda nem de direita, mas acho que o Brasil tem que estar bem", diz ele ao F5. Apesar disso, em show em Miami, no começo do ano, Zezé aproveitou para elogiar o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que está foragido nos Estados Unidos desde que sua prisão foi decretada pelo inquérito das fake news.
Agora com o petista no comando, o sertanejo traça um paralelo para explicar seu ponto de vista. "Se estou em um avião, não vou torcer para que ele caia porque quero que o piloto se foda. É ignorância isso", disse, em entrevista concedida na sexta-feira (6), dois dias antes dos ataques de extremistas às sedes dos três Poderes, em Brasília. Na conversa abaixo, ele fala ainda sobre a relação de sua filha Wanessa com Dado Dolabella e explica a origem do nome de seu projeto "Rústico", com show especial marcado para o dia 14 em São Paulo.
O que o público de São Paulo pode esperar do seu show do projeto "Rústico"?
Em 2023 quero dividir meu tempo entre o Zezé Di Camargo e Luciano e o Zezé 'Rústico', dois produtos diferentes, apesar de em ambas cantar as músicas consagradas. Mas a banda é outra, o cenário é diferente. Vivo um momento especial, foi um desapego proveniente da parada pela pandemia. Uma reoxigenação da minha carreira.
O que é ser rústico para você?
Rústico, para mim, é a maneira da pessoa agir, independentemente se é um cara que anda, por exemplo, na Harley Davidson com barba, jaqueta e tatuagem. O rústico não é só uma indumentária, é a maneira de viver. O Zeca Pagodinho é rústico e ele continua com a vida em Xerém (RJ), não mudou a maneira de pensar, de agir, é um cara simples.
Você acha que hoje em dia faltam homens rústicos no Brasil?
Não (risos). As épocas vão mudando, as pessoas também. Quando falo rústico não é no sentido do machismo, creio que podem existir pessoas mais simples na maneira de viver. Sou considerado um cara romântico, mando flores, 99% das minhas músicas exaltam as mulheres.
No ano passado, você esteve à frente de um grupo de sertanejos que apoiavam a reeleição de Jair Bolsonaro. Qual sua posição agora, com Lula no poder?
Se estou em um avião, não vou torcer para que ele caia porque quero que o piloto se foda. É ignorância isso. Agora o Brasil tem um piloto novo, tenho que torcer por ele. Sempre tive opiniões políticas buscando o que seria o melhor, nunca pensando em usufruir de governo, ter favores de governo. Já cedi música de graça para campanhas políticas pensando em um país melhor. Cheguei à conclusão que não era o melhor para o Brasil e mudei de opinião. Não sou Bolsonaro, não sou Lula, sou Brasil. E aquilo que acho melhor eu vou torcer. Não sou de esquerda nem de direita, mas acho que Brasil tem que estar bem, independentemente de quem esteja no poder.
O que espera dos próximos quatro anos de PT?
Que faça o melhor ao país. Quem tem que estar na frente é o povo, quem paga é o povo. Venho de origem pobre e sei o que é dormir sem comer, sem ter prato de comida na mesa. Por isso acredito e penso que quem tem de estar bem é o povo. Quem fizer bem para o país eu estarei do lado. Torço para que a gente encontre o caminho. Acho que o Brasil [na época do Bolsonaro] estava caminhando para um momento bom, mas mudou a rota e vamos torcer para que ela traga frutos.
Especula-se que sua filha Wanessa estará no próximo BBB. Acha que ela teria chance de vencer?
Estou vendo essa conversa, mas ela não me falou nada. A vida é dela, eu oriento algumas coisas, dou conselhos. Mas se alguma decisão que ela tomar for contrária à minha, vou apoiar. Filho depois que cresce é do mundo.
Como é a sua relação com o namorado dela, o ator Dado Dolabella?
Tenho que respeitar a minha filha e a escolha dela. Tenho carinho pelas pessoas que ela escolheu. E muito amor pelo [ex-marido] Marcus Buaiz que é pai dos meus dois netos. A minha relação com ele foi quase de pai e filho. Quanto ao Dado, claro que a relação deles no começo, lá atrás [entre 2000 e 2002] foi conturbada, pela idade deles. Hoje é totalmente diferente, são dois adultos que estão na plenitude. Quero que sejam felizes assim como desejo isso ao Marcus também. Quero estar bem com todo mundo. Não tenho mais idade para confrontos e debates.