Maria Eduarda Carvalho recorda abuso aos 12 anos e critica fala de Bolsonaro
No ar em 'Cara e Coragem', atriz postou depoimento em suas redes sociais
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A atriz Maria Eduarda Carvalho, 39, usou suas redes sociais para relatar um abuso sexual sofrido quando tinha 12 anos e criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) por falar que "pintou um clima" com meninas venezuelanas. "Não pintou um clima, pintou um crime", afirmou a artista.
No ar atualmente em "Cara e Coragem" (Globo), Maria Eduarda começa seu relato mostrando uma foto sua aos 12 anos e diz que seu agressor tinha "bem mais de 40". "Era um homem de família, tinha um filhinho de 4 anos e namorada. Tinha fé em Cristo, mas duvido que Jesus abençoasse a forma como ele olhava para mim", conta ela.
"Um dia, ele me surpreendeu sozinha na sala e enfiou a língua no meu ouvido e chupou a minha orelha. Eu, completamente atordoada, não consegui oferecer resistência. Me senti suja, parecia que tinha sido carimbada com o selo da impureza e já não podia mais fazer parte do grupinho de meninas da minha idade. Mal sabia eu que o pior estava por vir."
No vídeo, a atriz afirma que, numa noite, acordou com esse homem tocando seus seios. "Seios de uma menina de 12 anos", destaca ela. "Quando entendi o que estava acontecendo, me virei de bruços para interromper aquele toque. E ele subiu em cima de mim e, incompreensivelmente excitado, começou a esfregar o corpo dele com força no meu. Eu gritei, berrei pela minha mãe, que veio ao meu socorro."
Maria Eduarda afirma que essa história a "assombrou como um fantasma", mas que as marcas seriam infinitamente maiores se não pudesse contar com o socorro de sua mãe. "Milhares de meninas não podem! E estão nesse momento reféns de homens como o presidente que acredita que pode ter ‘pintado um clima’. Pelos nossos corpos, pelos corpos de nossas filhas, não dá para relativizar".
A atriz cita uma declaração do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, em que ele afirma ter "pintado um clima" com "menininhas de 14 ou 15 anos" durante uma visita a São Sebastião, na periferia do Distrito Federal. Outros artistas também já se manifestaram contra a declaração, como os apresentadores Xuxa Meneghel e Luciano Huck.
Após a repercussão negativa, Bolsonaro disse que suas palavras foram distorcidas e que "sempre combateu a pedofilia, sempre foi contra o regime venezuelano". "O PT está tentando me desqualificar. Distorceu, como se eu fosse uma pessoa que entrasse naquela casa com outros interesses".
Muitos artistas mandaram mensagens de apoio a Maria Eduarda pelas redes sociais após seu relato: "Obrigada pela coragem e pela voz", afirmou Drica Moraes; "querida te abraço forte, obrigada por dividir! Que nosso país se livre de homens assim", disse a cantora Zélia Duncan; "aconteceu comigo. Sei a sua dor, choro junto. Sinto muitíssimo", completou Astrid Fontenelle.