Celebridades

'Choro para dormir todas as noites', diz Lorena Comparato, após revelar ter sido vítima de assédio

Atriz será uma vilã em 'Rensga Hits!', série da Globoplay que tem como tema o universo da música sertaneja feminina

Lorena Comparato ainda não se acostumou fazer testes para personagens - Reprodução/Instagram

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Rio de Janeiro

De falta de trabalho Lorena Comparato, 32, não pode se queixar. Atriz, roteirista e produtora, ela está em cartaz como a personagem Geise, de "Impuros" (Star +), enquanto grava a segunda e a terceira temporadas de Cine Holliúdy. Parlelo a isso, vive a expectativa de duas estreias agora para agosto: "Rensga Hits!" e "Não Foi Minha Culpa". Personagens centrais das duas tramas que, coincidentemente, exploram temas sobre o universo feminino.

Com quase vinte anos de carreira, ela não vê problemas em trabalhar com influenciadores, desde que eles estejam empenhados em seguir a carreira artística. Em conversa com F5, ela fala sobre esse e outros assuntos, como a recente revelação de que foi vítima de assédio sexual. Leia a entrevista a seguir:

"Rensga Hits!", série que tem como tema o universo da música sertaneja feminina, está para estrear na Globo e você é a Gláucia, a antagonista. Ela é uma vilã clássica?
A Gláucia é humana. Olha a atriz que defende a personagem (risos). Acho que o antagonismo só acontece quando você tem uma energia oposta. Então, podemos dizer que ela é a antagonista da protagonista da trama, a Raíssa [Alice Wegmann], mas não é a vejo como vilã. A Gláucia tem sede de fama, obcecada pela internet, superprotegida, mas dona de uma dor muito vertical que é a perda da mãe. Ela põe uma banca que está bem, mas ela é bem sofrida. Tudo que ela faz é humano.

Você torce para que o público fique do lado dela? Goste da Gláucia?
Eu espero (risos). Torço para que as pessoas se identifiquem com a Gláucia que, apesar de tudo, é divertida e autêntica. O texto é genial porque fala das relações humanas e femininas dentro do universo sertanejo. Mas não posso dar mais spoilers.

Com a série, você se descobriu uma cantora?
Sempre flertei com o canto, mas nunca cantei mesmo profissionalmente. Quando me chamaram para fazer o teste para a personagem não me pediram um de atuação. Me pediram de canto. Respondi: 'Claro': Estava viajando com meu namorado e fiz aulas on-line (risos). Escolhi "Medo bobo" do repertório de Maiara e Maraisa. Passei.

Maiara e Maraisa foram algumas das suas inspirações para a composição da sua personagem?
Estudei muito as duas. Estudei também a Naiara Azevedo, a Paula Fernandes e, claro, a Marília Mendonça. Aliás, durante a pandemia eu comecei a ouvir Marília e gostar das suas composições, querer entender quem era aquele fenômeno.

E a questão da Rafa Kalimann, que não é atriz e foi acusada de estar tirando o papel de uma profissional?
Olha... Só tenho elogios. É uma pessoa tão meiga, gentil e estudiosa... Tenho certeza que trabalhar na série foi uma oportunidade muito legal para a Rafa, que me acolheu, me apoiou. Tenho admiração por ela.

Você, como atriz profissional, não se incomoda em dividir o set com influenciadores?
Essa história de fazer uma seleção por número de seguidores, eu discordo completamente. O mercado e as grandes empresas precisam entender que todos os artistas até mesmo os mais famosos começaram em algum lugar porque também tiveram oportunidades. Sou a favor de oportunidades para todo mundo. Não tenho o menor problema em trabalhar com um influenciador desde que esteja empenhado, que estude e queira crescer na profissão.

Você sempre foi reservada, mas recentemente revelou ter sido vítima de assédio sexual. Por que decidiu falar sobre isso?
Queria que as pessoas entendessem que assédio é muito comum. O teu irmão ou primo ou teu pai ou até avô podem ser o agressor, que não é aquele cara que anda pela rua vestido de drácula, com a boca escorrendo sangue. Ele está em todos os lugares. Eu queria falar com as vítimas, colocar isso para fora. Passei muito tempo calada.

E depois de falar sobre o assédio, o que mudou na sua vida?
Sofro as consequências porque quem se expôs fui eu, quem sofre diariamente sou eu. Estou lidando com muitas emoções e choro para dormir todas as noites. O abalo que isso traz para qualquer pessoa é gigantesco, mas é importante falar. É libertador.

Você está também em uma série chamada "Não Foi Minha Culpa" que estreia agora em agosto pela Star+ que fala sobre feminicídio, assédios e abusos de todos os tipos...
(interrompendo) Nós estamos em um momento muito tenebroso. Temos a internet, podemos falar sobre várias coisas em um mundo globalizado. Só que ao mesmo tempo que se tem toda essa energia, sinto uma repressão grande e como sou estudiosa sobre as relações humanas, acredito que a força dessa série é mostrar para se poder refletir e denunciar.