Felipe Camargo diz que 'Malhação' aflorou veia cômica e fala em 'tempos tenebrosos'
Na reprise da novela adolescente, ator se diz ansioso pelas eleições
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Dono de uma longa lista de novelas, filmes e programas de TV, Felipe Camargo, 60, conta que a parte preferida de sua carreira é viver várias histórias. Atualmente na reprise de “Malhação - Sonhos” (Globo), exibida originalmente entre 2014 e 2015, ele afirma que dar vida a Marcelo lhe permitiu aflorar sua veia cômica.
Pai de Pedro (Rafael Vitti) e Tomtom (Bianca Vedovato), o personagem cria um triângulo amoroso ao trair a esposa, Delma (Patrícia França), com Roberta (Dani Suzuki). Camargo relembra que Marcelo “não gostava de gastar dinheiro” e “era muito desajeitado, dava mil bandeiras, e Delma, uma mulher superfiel e distraída, não percebia nada.”
No decorrer da história, no entanto, a esposa de Marcelo descobre a traição e o personagem de Camargo acaba expulso de casa, deixando também o restaurante Perfeitão. O namoro com Roberta, porém, também não vai para frente e, por fim, ele decide abrir seu próprio food truck e seguir seu sonho de ter um restaurante.
O ator precisou sair da novela adolescente antes do fim da temporada ao ser convidado para fazer “Além do Tempo” (Globo, 2016), onde fez Leonardo, “um cara que vivia isolado em uma floresta após perder a memória”. Camargo conta que precisou "virar a chave" muito rápido para deixar um papel leve e cômico e adentrar uma história mais densa.
Fora das gravações, ele afirma que mantém até hoje uma relação boa com o elenco. “A coisa que eu mais guardo são a relação com as pessoas”, comenta, “guardo muito o carinho das pessoas, porque convivemos diariamente durante um tempo de uma forma muito intensa e as relações ficam”, completa Camargo.
Seus mais recentes trabalhos na Globo foram na série “Todas as Mulheres do Mundo” (2020), que ele classificou como muito divertida, apesar de lamentar ter sido tão curta, e na novela “Espelho da Vida” (2018), onde interpretou dois personagens, “o que exige muita atenção, concentração e estudo, principalmente”, afirma.
Há mais de um ano, o ator tem mantido isolamento social por causa da pandemia, em casa, ao lado da mulher e do filho mais novo. Se classificando como "sortudo", ele lamenta apenas a distância do filho mais velho, Gabriel Camargo, 28, de sua união com a atriz Vera Fischer, 69. "Tem um ano e meio que eu não o vejo, não toco nele, não dou um abraço nele."
Seu contato com os fãs nesse período tem sido principalmente pelas redes sociais, apesar de o ator afirmar não ser muito ligado a essa ferramenta. Em sua pouca interação, no entanto, ele tem postado mensagens relacionadas a política, representatividade e respeito. "Tem coisas muito urgentes, não dá para ficarmos quietos", afirma ele.
"Eu não me sinto bem em ficar postando bobagem quando coisas muito sérias estão acontecendo, mas também tem espaço para tudo. Nós também nos divertimos, vivemos, porque senão a vida vira um inferno." Veja abaixo trechos editados da entrevista que o ator concedeu ao F5.
“Malhação” tem um público jovem, e a edição de 2014 foi um grande sucesso, tendo fãs que acompanham até hoje. O que mudou na sua vida pós-Malhação?
Na rua eu andava e tinham muitos comentários do público mais jovem. Eu não sou muito afeito às redes sociais, mas eu sentia muito isso na pele mesmo, como dizemos hoje, presencialmente, eu sentia quando eu saía na rua. E é bacana ter uma admiração de um público mais jovem assim no seu trabalho.
Em entrevistas anteriores você comentou que não se deslumbra com a fama, e a parte que mais gosta de seu trabalho é atuar. Como você lida com isso na sua carreira?
Olha, é o que eu falei mesmo. O que eu mais gosto da minha profissão é estar em cena, estar atuando. É onde eu estou mais feliz e mais realizado. É claro que eu adoro o retorno do público, quando falam comigo ou mencionam algum trabalho, o nosso trabalho é para o público, então eu sinto um prazer enorme do retorno que eu recebo, o calor dos fãs é muito legal. Mas eu trabalho para, primeiro, fazer o personagem bem, de uma maneira que eu me sinta bem e que os atores, o diretor e os autores gostem. Aí esse personagem vai para o ar e torcemos para o público gostar.
A novela “Roda de Fogo” entrou recentemente no catálogo do Globoplay. Como é para você rever o início da sua carreira?
“Roda de Fogo” foi minha primeira novela e eu trabalhei com um ídolo, o Tarcísio Meira. Eu assistia as novelas dele quando era garoto e fui ser filho dele, ele fazia o Renato Villar e eu fazia o Pedro. E eles têm uma curva muito bacana, porque o pai tratava o filho muito mal até sofrer uma reviravolta ao saber que vai morrer. Então ele tenta recuperar esse amor e essa relação com o filho. Tivemos cenas incríveis, foi maravilhoso trabalhar com Tarcísio Meira, foi um sonho.
As novelas “Cordel Encantado”, “Além do Tempo” e “Novo Mundo” traziam universos mais antigos. Como é fazer novelas e personagens de época?
Gosto bastante. Fazemos uma espécie de uma viagem no tempo, também tem o trabalho de composição maior, é muito rico, eu gosto de fazer produtos de época. Mas gosto de fazer atual também, isso depende muito do personagem.
Falando em trabalhos atuais, você também esteve no segundo episódio da série “Todas as Mulheres do Mundo”. Como foi sua participação?
Foi muito divertido entrar no universo do Domingos de Oliveira, que é um cara que eu admirava demais. Pena que foi pouco tempo, mas foi bem legal trabalhar com a Fernanda Torres e com o Emílio Dantas, muito bacana. E eu fiz outra produção que foi “Assédio” (Globo, 2018), com direção da Amora Mautner, que foi um trabalho bastante forte sobre aquele médico horroroso [Roger Sadala, inspirado em Roger Abdelmassih], vivido por Antônio Calloni, e foi muito bacana essa produção também. Isso foi antes de “Espelho da Vida”, minha última novela da Globo, que também era uma novela que tinha presente e época. Eu fazia dois personagens, um na época atual e a outro em 1930, foram dois personagens bem marcantes, o Américo e o Eugênio.
E como foi o processo de interpretar dois personagens na mesma trama?
Exige bastante né? Temos que ficar trocando essa chave o tempo todo. Tinham vezes que eu gravava os dois personagens no mesmo dia, várias vezes, o que exige muita atenção, concentração e estudo, principalmente.
Você comentou que não é muito ativo nas redes sociais, mas olhando seu Instagram é possível ver que publica sempre sobre temas como política, representatividade e respeito. Por que é importante se posicionar?
Não é um número tão significativo [de seguidores], de tanta influência, mas procuro colocar coisas que eu acredito e defendo, como a igualdade das mulheres, erros que eu acredito que esse governo vem cometendo há bastante tempo, a importância de se vacinar, hoje em dia, que estamos vivendo essa pandemia, usar máscara, álcool em gel, e também os indígenas que estão sendo prejudicados, tem muita coisa... a nossa natureza, a Amazônia, que tem que ser preservada. Tem coisas muito urgentes, não dá para ficarmos quietos. Eu não me sinto bem em ficar postando bobagem quando coisas muito sérias estão acontecendo, mas também tem espaço para tudo. Nós também nos divertimos, vivemos, porque, se não, a vida vira um inferno.
Além dos trabalhos que fez recentemente, como está sendo o período da pandemia para você?
Sou casado, tenho um filho mais velho, que está com 28 anos, que eu não vejo desde que começou a pandemia. Tem um ano e meio que eu não o vejo, não toco nele, não dou um abraço nele, e isso dá uma saudade enorme. E eu tenho um filho menor, de 10 anos, que mora aqui comigo, e é uma alegria estar perto e poder dividir as coisas. Tenho uma vida em família que torna ficar em casa mais agradável, eu tenho sorte de ter uma companheira que eu amo, de ter um filho comigo aqui e ter amigos que eu falo por WhatsApp. Às vezes, até almoço em um restaurante que seja aberto, mas não fico em ambiente fechado. Já tomei a primeira dose [da vacina] e estou louco para tomar a segunda, para ficar protegido. E torço para o Brasil todo estar vacinado o mais breve possível.
Como você enxerga o país daqui para frente?
Apesar desse tempo tenebroso e nebuloso que estamos vivendo, acredito que o Brasil vai ter uma saída. Espero que em 2022 o povo vote com convicção e se informe bem até lá, porque é muito importante termos alguém na Presidência que seja um líder, que pense no país. Esse governo hoje é um governo desastroso com relação à pandemia e eu espero que seja corrigido, que o Ministério da Saúde compre as vacinas e vacine o povo brasileiro, porque temos que sair dessa e voltar à normalidade. Temos que pensar em 2022 sim, mas tem que cuidar muito bem do agora. Todo mundo tem que usar máscara, álcool em gel e se vacinar, para deixar essa pandemia para trás.