Astrologia

A astróloga Titi Vidal conta como vai ser o mês de junho e explica o que é o mapa astral

Ela não tem bola de cristal, mas afirma que os astros podem, sim, ajudar

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São Paulo

Titi Vidal, 40, não tem bola de cristal, mas avisa: junho será um mês movimentado. Como ela sabe? Desde 2005, a advogada, que chegou a trabalhar em grandes escritórios de São Paulo, se dedica ao estudo e à análise de como os astros influenciam a vida das pessoas.

Junho, explica ela, tem uma Lua Nova em Gêmeos logo nesta segunda (3), o que dará o tom geminiano para todo o mês. O lado positivo, afirma a astróloga, é que será um momento dinâmico, de maior criatividade e relacionamento entre as pessoas, com "mil portas, mil possibilidades, mil expectativas". 

Mas com Júpiter em oposição a essa Lua, há também um risco maior de dispersão, de desperdício de energia, falta de foco, excessos e exageros. "Falar as coisas para quem não deve, prometer o que você não vai cumprir, começar o que não vai terminar", alerta. 

No dia 17 de junho, com a Lua Cheia em Sagitário, Vidal reforça a importância de se ter foco. "A chance de crescer é grande, mas a chance de dispersar também."  Tudo isso, acrescenta ela, é previsão generalista. Para uma avaliação mais precisa, a astróloga repete uma espécie de mantra que seus 35 mil seguidores no Instagram já sabem de cor: "Tudo depende do mapa astral de cada um".

Quando começou a aprender sobre astrologia, lá pelo fim dos anos 1990, Vidal "jurou de pé junto" que jamais faria horóscopo. "Eu odiava". Há alguns anos, no entanto, ela se rendeu e começou a gostar das previsões diárias para cada signo, que estão, inclusive, disponíveis em seu site. 

O que mudou de lá para cá? São dois aspectos, explica ela. O primeiro foi entender que o horóscopo funciona como porta de entrada para a pessoa saber mais sobre o tema. E o segundo é que, quando feito por um profissional da área e bem escrito, os textos podem, sim, fazer sentido para o leitor. "Óbvio que não vai substituir o mapa [astral], mas se você ler as previsões para seu signo e para seu ascendente, aquilo vai fazer algum sentido."

Já sobre os memes, que viraram febre na internet ao destacarem as características mais marcantes de cada signo, Vidal é categórica: ainda que despertem curiosidade sobre o tema, a "brincadeira" gera estereótipos, o que, na visão dela, dá força ao preconceito que ainda existe contra a astrologia. 

"É o aquariano que não tem coração, áries que é o 'capeta', virgem que é o chato, gêmeos que é o superficial, pisciano, o perdido na vida. E se limita a isso. Só que a pessoa não é isso ", diz a geminiana com ascendente e Lua em Virgem. 

MAPA ASTRAL: O DESTINO

Para Titi Vidal, o mapa astral é um "raio-x da alma da pessoa". "Todos os momentos da vida dela, tudo o que ela passou ou vai passar, está impresso ali", explica. Para quem nunca fez consulta astrológica, o primeiro passo é o mapa natal, isto é, analisar como era o céu no exato momento em que a pessoa nasceu e como isso a influencia. "Ele [o mapa natal] te organiza, ajuda a você entender como é em cada área da sua vida, todos os seus recursos e defeitos." 

As previsões, que em geral são para o período de um ano, podem ser feitas por algumas técnicas. A mais conhecida é o mapa da revolução solar, que é quando a pessoa faz aniversário (e o sol volta a mesma posição que estava quando ela nasceu).

Mas Vidal prefere usar as análises de progressão e trânsito. Para ela, embora sejam técnicas mais difíceis de serem calculadas (trabalho este que hoje é feito por computador) e interpretadas, esse tipo de previsão é mais eficaz e precisa. "O seu mapa [natal] é como se fosse seu barco. As progressões são as condições do seu barco nesse momento. E os trânsitos, as condições do clima e da maré", compara.

Isso, segundo afirma, ajuda a pessoa não só a se conhecer melhor, mas a se preparar e a saber como encarar os desafios que vão surgir. "Por que a pessoa vê a previsão do tempo? Tá chovendo, ela vai levar um guarda-chuva. Tá frio, ela vai levar um casaco. A grosso modo, é mais ou menos a mesma coisa. [A consulta ajuda a entender] onde você coloca energia, [mostra] o que você vai fazer que vai dar certo, entre outros aspectos", diz. 

Mas, como a astróloga diz logo no começo desta reportagem, ela não tem bola de cristal. O que a astrologia mostra, afirma Vidal, são as possibilidades que cada um tem. "O seu mapa é o seu destino. Mas como eu vou viver isso, eu tenho escolha, que se limita a esse leque de opções do mapa", explica. "Tem uma frase de Jung [o psiquiatra Carl Gustav Jung, 1875-1961] na qual diz que livre-arbítrio é você viver de boa vontade o seu destino", complementa. 

Pela sua própria história, Titi Vidal parece cumprir esse papel. Até 2004, embora já estudasse há algum tempo astrologia e fizesse atendimentos, ela ainda trabalhava como advogada. A vida, no entanto, começava a lhe cobrar uma decisão. Vinda de uma família intelectualizada e mais "racional" –seu pai é juiz, sua mãe é economista e contadora– não seria uma escolha fácil seguir pelo caminho da astrologia. 

Ela, então, começou a pedir sinais para o universo sobre que rumo tomar. Certo dia, durante um curso que fazia de mitologia, o aviso chegou. "Eu lembro que o professor falava sobre um mito, que eu não lembro qual era, ele olhou para a minha cara e falou: 'Eu não sei porque eu vou falar isso, mas na vida a gente tem que ser que nem Apolo, que vai atrás da música dele, que faz aquilo que ele tem vontade de fazer, e que tem essa coragem de arriscar e seguir."

Ela ainda ficou um mês no trabalho como advogada, mas decidiu que dali para frente a sua profissão seria a astrologia. 

PREVISÕES DE TITI VIDAL

Titi Vidal afirma que tem um lado "chato" quando o assunto é astrologia –um pouco culpa do ascendente e da Lua em Virgem, diz. Mesmo sendo também taróloga, ela, por exemplo, jamais mistura os dois métodos na mesma consulta. "Cada coisa no seu lugar, porque são técnicas e estudos diferentes. O pessoal faz umas misturas por aí, que acho que acaba prejudicando muito da imagem da astrologia. Para mim, é importante essa separação."

Ela também ressalta que para ser astrólogo é necessário muito estudo e prática da leitura do mapa. Embora hoje o computador faça o trabalho mais matemático do mapa astral, para chegar ao que todos aqueles números e conjunções significam é necessário uma interpretação complexa que, só no básico, envolvem 12 signos, 8 planetas, o Sol, a Lua e as 12 casas astrológicas. 

"Interpretar a posição desses planetas por signo e por casa e os aspectos que existem entre eles, só isso a gente está falando em torno de mil combinações", afirma Vidal, acrescentando que há outros pontos a serem levados em consideração.

"E não existem dois mapas iguais", destaca ela. Nem de irmãos gêmeos? "[É um mapa] quase igual, mas não é o mesmo. Isso significa que essas combinações nunca vão se repetir. Então, capa mapa que eu atendo, entro em contato com uma nova combinação".

Titi Vidal cobra R$ 540 por consulta básica (mapa natal e previsões), que leva uma hora e meia. Além disso, dá aulas, faz consultorias e escreve sobre o assunto. Mesmo com mais de 14 anos de experiência, ela admite: "Fazer previsão está cada vez mais difícil, mas a gente continua". E isso acontece, segundo ela, porque as possibilidades de escolha hoje são muito maiores que no passado. 

"Até algumas décadas atrás, o astrólogo acertava sempre, em torno de 95%, porque a gente tinha menos livre-arbítrio. Você não podia se divorciar, não podia escolher com quem ia casar, existia uma limitação em termos de profissões. Então, se uma pessoa ia viver um trânsito de Saturno ou de Plutão na casa 7, era certo: vai ficar viúva. Hoje, você vai ter um trânsito de Saturno na casa 7, você pode reestruturar a sua relação, você pode se divorciar, você pode não fazer nada, você tem escolhas", explica.

O que o astrólogo consegue ver, diz ela, é qual é a mais provável e o que vai acontecer se ficar casada, o que vai acontecer se ocorrer a separação, isto é, as possibilidades de cada caminho. Mas ela avisa: "Eu, Titi, não faço escolhas para as pessoas." Também não queira escolher a hora do parto com ela. E há uma razão muito simples para isso: "Não existe céu perfeito", conclui.