Intérprete do bandido Zé Maria em "A Regra do Jogo" (Globo), Tony Ramos falou sobre as tendências da teledramaturgia em entrevista à coluna Outro Canal, assinada por Lígia Mesquita e publicada na Folha deste sábado (5).

Após o fim da principal concorrente, "Os Dez Mandamentos", da Record, a novela voltou a ter ibope na casa dos 30 pontos, o que não ocorria desde a estreia, em 31 de agosto. Cada ponto equivale a 67 mil domicílios na Grande São Paulo.

"Acho que as pessoas estão muito estressadas, há uma crise grande no país. Então, quando veem a realidade, podem dizer 'não quero ver isso'. Mas quando a história tem absoluta força de dramaturgia, como a nossa tem —e jamais vou abrir mão disso, não subestimo o público, que é soberano—, taí a audiência subindo", analisou Tony sobre uma possível rejeição do público à trama.

"O sucesso não se impõe nunca porque alguém ache ou não a novela violenta, mas por um bom texto, um bom conflito. Pode ter demorado um pouco para o público ir conosco nessa, mas hoje ele está indo", aposta.

O ator ainda falou sobre o beijo gay de Nathália Timberg e Fernanda Montenegro na novela antecessora, "Babilônia", apontado como um dos motivos para o público conservador ter migrado para a Record.

"O fato de as pessoas terem se escandalizado me surpreendeu. Foi um beijo tão delicado, se alguém se indigna com isso é porque tem algum tipo de preconceito embutido", ataca.

Seu personagem também tem uma questão controversa. É dual: ao mesmo tempo em que é obcecado em proteger o filho, tem atitudes antiéticas, como matar.

"E é essa dualidade que torna a novela excepcional, na minha visão", elogia ele, que no entanto diz não se preocupar em passar isso para o público. "Leio o que está nas entrelinhas do texto, o que o autor escreveu e ouço o que o diretor me pede. Faço o que está no texto. Quando você começa a querer inventar demais, a rechear, fica além", dá a dica.

Leia a íntegra da entrevista na coluna deste sábado.