Televisão

'As lideranças negras que me desculpem, mas que venha Falabella', diz Sheron Menezzes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A atriz Sheron Menezzes, 30, contrariou as críticas das lideranças negras à série "Sexo e as Negas", que estreou nesta terça-feira (16) na Globo.

Uma das poucas atrizes negras da emissora, Sheron não está na série, já que a trama, de Miguel Falabella, é protagonizada por quatro atrizes ainda desconhecidas do público, algumas delas estreantes na TV.

Sheron usou um texto de sua mãe, Veralinda Menezzes, para elogiar a série do colega de emissora em seu perfil no Instagram.

"Parece que o primeiro impulso das pessoas negras é rejeitar o programa, porque deverá mostrar mulheres negras das classes C e D. Mas por quê não gostar? As classes A e B existem, mas também as C, D e E! E no seu cotidiano, as mulheres dessas classes trabalham, se divertem e buscam seus amores! E em sua maioria são negras e pardas", diz o texto da mãe de Sheron.

"É claro que existem mulheres negras nas classes A e B, que talvez não venham a ser retratadas nesse seriado, e provavelmente seja contra isso que muitas pessoas estejam se insurgindo. Precisamos sim mostrar mulheres negras intelectuais, elegantes, chiques e bem sucedidas. Mas isto é uma outra história e talvez para um outro seriado ou novela. Nosso objetivo deve ser ocupar cada vez mais espaço, mas tendo presente que uma coisa não elimina a outra. Precisamos cada vez mais de contrapontos positivos para valorizar nossa imagem estética, que é o gatilho que desperta o preconceito contra nós. Ser protagonista é um grande avanço. As lideranças negras que me desculpem, mas o ibope é quem vai dizer se esse seriado tem ou não aprovação. Que venha Falabella e seu 'Sexo e as Negas'".

Outra das principais atrizes negras da emissora, Taís Araújo ainda não se pronunciou sobre a série. O marido dela, Lázaro Ramos, também não comentou a respeito.


Durante o capítulo de estreia da série, a polêmica na internet só aumentou. Gente que ouviu críticas à atração disse ter mudado de ideia ao assistir. Internautas, negros e brancos, reclamaram do contexto em que as protagonistas são retratadas.

"Me apavoro de ver o nível de cultura do nosso país. Um programa com o nome de 'Sexo e as Negas'. Aí vocês já percebem o descaso", reclamou uma internauta.

"Gente, aquela treta todinha com 'Sexo e as Negas' falando que era racista e blá blá blá... Tô vendo nada disso e a série é super divertida!", discordou um tuiteiro.

"Vocês acham mesmo que é coincidência o 'protagonismo' de atrizes negras estar ligado a papéis que tem sexo ou subempregos?", questionou outra tuiteira, cuja foto de perfil é de uma mulher negra.

"'Sexo e as Negas', quanta hipocrisia", reclamou outra telespectadora.

"Tem gente falando que preconceito tá na cabeça das pessoas. Mas está exposto em rede nacional, como formador de opinião", protestou outra internauta.

"Contra o 'Sexo e as Nega', mas tem o Rafael Zulu que é gostoso demais!", se contentou outra.

Um dos pontos elogiados pelos telespectadores foi a trilha sonora da série, que tem muito funk carioca. No Twitter, o nome da série ficou em quarto lugar nos trending topics. Rafael Zulu ficou em sexto lugar.

"HOMEM E CABELO"

Além das críticas de que a série teria conteúdo racista, muitos telespectadores protestaram contra diálogos e situações machistas presentes na trama.

No final do primeiro capítulo, a emissora colocou no ar uma chamada para o capítulo seguinte, em que a personagem Soraia (Maria Bia) diz a seguinte frase: "Mulher tem dois problemas na vida: homem e cabelo".

O episódio de estreia mostrou as quatro amigas negras em uma eterna busca por namorados e pretendentes, assim como na série inspiradora, "Sex and the City".

Elas começam a trama apostando no jogo do bicho para tentar comprar um carro, com o objetivo de "poder namorar alguém que mora longe", já que todos os pretendentes da comunidade já foram "esgotados".

Durante o capítulo, vários personagens masculinos dão seus depoimentos sobre mulheres.

"Mulher adora viver num mundo imaginário, e muitas vezes trocam o certo pelo duvidoso", diz um dos personagens.

"Tô gostando de 'Sexo e as Negas', mas os 'depoimentos' dos homens são sempre muito machistas. Eu sei que muitos ainda pensam assim, mas...", protestou um internauta.

"A TV vende sonhos, mas pode ofertar respeito. Criar um programa que legitima o pensamento discriminatório não me acrescenta", comentou outra.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias