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Site sugere boicote a bar e a lanchonete; chefs dizem que custos são altos

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Site e página do Facebook, o recém-lançado BoicotaSP sugere que os internautas deixem de ir ao Bar da Dona Onça, no centro de São Paulo, e à lanchonete Meats, em Pinheiros, entre outros bares e restaurantes.

O relato de um cliente na página questiona o preço do milk-shake de sorvete Häagen-Dazs, uísque Jack Daniel's e cerveja Guinness servido no Meats. Custa R$ 40 (o BoicotaSP anuncia, incorretamente, que o preço é R$ 45).

O "prato feito" com omelete de queijo e tomate vendido no Bar da Dona Onça por R$ 36 também foi alvo de críticas no site.

Desde a inauguração do BoicotaSP, no dia 8 deste mês, os administradores receberam cerca de 300 reclamações sobre preços de eventos, taxas de conveniência, valores cobrados em restaurantes, lanchonetes, bares e padarias.

O critério para a divulgação no site é que as reclamações tratem de lugares que "cobram demais e entregam de menos", como diz o texto de apresentação.

Segundo um dos criadores do BoicoteSP, o publicitário Danilo Corci, o site já saiu do ar muitas vezes nos últimos dias por conta da grande quantidade de acessos. "As pessoas estavam engasgadas com a situação, tem sido uma avalanche de reclamações. Com o tempo, acreditamos que o BoicoteSP vai se 'autorregular', como uma Wikipédia: a quantidade e a forma do conteúdo vão se estabilizar. A revolta que aparece nos comentários das pessoas também vai diminuir".

Ele acredita que a iniciativa estimula a discussão sobre o assunto e que as manifestações dos estabelecimentos são bem-vindas. "Nós queremos as respostas. Queremos entender por que a cidade está tão cara", diz.

O QUE DIZEM O CHEFS

Em nota publicada hoje no BoicotaSP, o chef e proprietário da lanchonete, Paulo Yoller, atribui a seus altos custos o valor cobrado. Ele cita o preço dos ingredientes, de impostos, aluguel e outros gastos fixos.

"Temos um comércio, ou seja, temos fins lucrativos. Mas acreditamos ter um cardápio com preços razoáveis e mais baixos do que a maioria dos restaurantes de burger em São Paulo -que vendem burgers grandes e com ingredientes top", diz a nota

Antes, em entrevista à Folha, o chef havia dito que falta controle sobre o conteúdo publicado. "Nos comentários das pessoas, o que se faz em casa está sendo comparado com o que se faz no restaurante. Todos acham que a gente paga metade do preço pelos produtos, mas não é assim. Eu pago impostos em cima das coisas que eu compro e que eu vendo", afirma.

Yoller questionou o fato de o site sugerir um boicote ao estabelecimento "Eu quis fazer um milk-shake diferente, com ingredientes que são caros. Que boicotem este item e não o meu estabelecimento. Eu tenho tudo do melhor e um hambúrguer de 180g a R$ 19. Quem faz isso nesta região?".

O cliente insatisfeito com o preço cobrado pelo omelete no Bar da Dona Onça, que assina como "BrunoFJ", afirma que não vai retornar ao lugar. "Come-se bem por aí em restaurantes do mesmo nível pela metade do preço", escreveu.

A chef Janaína Rueda, proprietária do bar, acredita que isso não seja possível. "A gente trabalha com matéria-prima de alta qualidade, mais cara do que a que é vendida no supermercado. O ovo é orgânico, o queijo é da Serra da Canastra, custa R$ 40 o quilo. Os meus fornecedores são os mesmos do D.O.M e do Attimo, e nós temos um preço cerca de 30% menor. Além disso, eu gasto mais com segurança por estar no centro da cidade", afirma.

A chef acredita que por ter um bar, algo vinculado a uma imagem "despretensiosa", a cobrança pelo preço menor aumenta. "Cobramos valores justos. Se eu mostrar para qualquer contador quanto a gente ganha ele vai falar: 'Não é possível que você trabalhe tanto assim e ganhe isso'. Eu não posso trabalhar de graça, não posso não ter um salário", disse

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