Testes genéticos revelam para qual esporte atleta nasceu e apontam lesões
Alguns atletas podem não saber, mas suas trajetórias no esporte começam a ser definidas quando estão no útero. Ter a combinação genética favorável para uma determinada modalidade pode fazer a diferença entre o sucesso e uma carreira mediana.
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Disciplina, resistência a dor e dedicação podem melhorar consideravelmente o desempenho de um atleta, mas não fazem milagres.
"Para ser extraordinário não basta treinar, é preciso ter um arcabouço genético", diz João Bosco Pesquero, biologista molecular da Unifesp.
O pesquisador comanda um projeto que pretende mapear o DNA de esportistas de modalidades distintas a fim de traçar um perfil genético comum em cada uma delas. E o que isso tem a ver com os resultados alcançados em competição? Muito.
"Conhecendo seu genoma, o atleta pode direcionar o tipo e a intensidade de seu treinamento, além de se desgastar menos e prevenir lesões". O DNA de um indivíduo aponta a predisposição a doenças e contusões. Assim, é possível evitá-las e, diminuindo o tempo no estaleiro, otimizar a preparação.
PREVENÇÃO
Os 216 jogadores de vôlei da Superliga cederam material genético para estudo do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad, em parceria com o RJX, time de vôlei de Eike Batista. O objetivo é tentar descobrir se existe um marcador genético para a tendinite.
"Se descobrirmos que há predisposição genética, podemos fazer um trabalho de prevenção desde a base", afirma José Ignácio, diretor do RJX e preparador físico da seleção masculina de vôlei.
Jogadores de futebol do Inglês estão sendo testados pela Universidade de Yale para avaliar a predisposição para lesões. Os nomes deles e seus times não foram divulgados. Atletas e ex-jogadores do Palmeiras, incluindo Luiz Felipe Scolari, cederam material genético para a Unifesp.
Existem testes que também mapeiam a propensão para problemas cardíacos, que podem ajudar a prevenir, entre outros, a morte súbita.
FORÇA E RESISTÊNCIA
Características fisiológicas determinam se o indivíduo tem mais facilidade para a prática de esportes que exigem força ou resistência. Por exemplo, atletas cujos músculos têm maior percentual de fibras rápidas são melhores em esportes de força, velocidade e explosão, como levantamento de peso, ginástica e provas de velocidade.
Já músculos em que predominam fibras lentas rendem mais em provas de resistência, como a maratona. Há ainda as fibras intermediárias, mutáveis (para lenta ou rápida).
"Além de resistente, o maratonista precisa ser veloz. Ele pode conseguir isso estimulando, com treino, as fibras intermediárias", diz o fisiologista Paulo Zogaib.
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