A Wikipédia foi o "talk of the town" na semana que passou. Primeiro foi a história do macaco. A enciclopédia virtual, hmmm, qual é a palavra? Deixa eu ver... Surrupiou. Isso. A enciclopédia virtual surrupiou a imagem de um macaco feita pelo fotógrafo inglês David Slater e se recusa a retirá-la do site ou a pagar por ela.

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Acontece que a foto é um selfie. David Slater montou o equipamento num parque da Indonésia e ficou à espera de que o macaco fizesse a foto sozinho, o que acabou acontecendo. A Wikipédia, muito safada, argumenta que o autor da imagem é o macaco e não o fotógrafo. Mas também não explica como pretende remunerar o pobre primata. O primata peludo, não o inglês.

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A outra encrenca envolvendo a Wikipédia foi a descoberta de que computadores do Palácio do Planalto foram usados para adulterar verbetes de desafetos do PT na enciclopédia virtual. Nada muito espantoso, já que o PT confunde partido com governo, governo com país, país com casa de veraneio e casa de veraneio com casa da mãe Joana. Todo mundo chiou contra a utilização de computadores públicos (pagos com o nosso dinheiro) para objetivos partidários (pagos com o nosso dinheiro também, mas essa é outra história). Só que todo mundo poupou a Wikipédia, como se ela não tivesse responsabilidade alguma sobre o conteúdo que divulga.

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Uma vez assisti a uma daquelas apresentações criadas apenas para irritar editores, cheias de frases do tipo "há mais smartphones do que ornitorrincos na ilha de Tonga" ou "o jornalismo cidadão não remunerado é a profissão do futuro para quem vive na casa dos pais". Entre uma bobagem e outra, apareceu isso: "A Wikipédia é mais acurada que a Enciclopédia Britânica".

E é mesmo. Desde que você esteja interessado na biografia de Victor Von Doom, o monarca absolutista da Latvéria e inimigo do Quarteto Fantástico. Agora, se você precisa de informações sobre o mundo real (esse que aparece quando você desliga o computador) é bom tomar cuidado.

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Atualmente escrevo meu novo best-seller ("Conspirações Parte Dois", em breve nas melhores casas do ramo) e, por isso, visito frequentemente a Wikipédia para conferir datas, locais, nomes. Gente, na boa, nunca vi tanta informação errada, besta, ruim, mal escrita, mal pesquisada e mal apurada. A versão em inglês é um pouquinho melhor. Ênfase no pouquinho.

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O Teorema do Macaco Infinito propõe que "um milhão de macacos digitando em um milhão de computadores por um tempo infinito acabaria por reproduzir a obra de William Shakespeare". Bem, por enquanto, eles produziram apenas a Wikipédia. E ela nem remunera os macacos.

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EDSON ARAN é autor de seis livros. O mais recente, "O amor é outra coisa" (Jardim dos Livros), fala sobre o sentido da vida e tem mais de duzentos pensamentos cretinos. Também é roteirista. Seu site é o www.sitedoaran.com.br