Factoides

HUMOR: O "BBB", esse desconhecido

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Devo ser o colunista mais ignorante sobre "BBB" em toda a história do F5 –disse isso ao Alberto, também conhecido como chefe, quando ele gentilmente me convidou pra participar de um hangout sobre o reality show. O que não me impede, é claro, de escrever um texto inteiro falando do programa: afinal, sou uma PESSOA DA INTERNET, esse lugar em que a veemência opinativa é inversamente proporcional ao conhecimento de qualquer assunto.

Na verdade, um pouco como acontece com as novelas resumidas pela minha mãe, o "BBB" já me chega editado, porque eu o vejo pelas redes sociais: é tipo um fast-forward pros melhores momentos (gente pelada, barracos, declarações espetacularmente cretinas), sem o tédio que deve ser espiar "a casa mais vigiada do Brasil" o dia todo, aguentar os discursos do Bial etc. –enfim, ligar a TV e prestar atenção naquelas pessoas por mais de cinco minutos.

Leia todas as notícias sobre o "BBB14"

Seguem, portanto, minhas impressões sobre o "BBB" da vez –como se fosse uma viagem a um país cuja língua não compreendo muito bem, embora perceba que os nativos estão inquietos. Se entendi algo errado, a culpa é de vocês, pessoas da internet que distorcem tudo.



  • Fãs com mania de perseguição

Se chegamos ao "BBB14", é porque ele já virou quase um fato da natureza, tão inevitável quanto chuva, inundação e barranco desabando no início do ano (isto é, se você mora nesta terra abençoada chamada Braziu). Ou seja, reclamar não adianta, e de fato não vi ninguém reclamando –muito menos mandando quem gosta do programa "desligar a TV e ler um livro", clichê normalmente emitido por quem lê em média dois (02) livros horrorosos por ano.

Em compensação, vi um monte de gente reclamando de quem reclama do "BBB" –sério, no meu Twitter parecia que todos esses fãs reagindo à OPRESSÃO de quem não gosta do programa estavam brigando com um espantalho invisível. Só posso achar que é projeção, no sentido que a psicanálise dá ao termo: transforma-se a culpa por gostar do reality show em hostilidade externa. Que tal relaxar, curtir a coisa sem culpa e parar de encher o saco, hm?

  • Orwell em Saquarema

Sei que vão arremessar uma TV em cima de mim se eu continuar falando de livro, mas acho curioso como o sentido original de "Big Brother" –o Grande Irmão do George Orwell, aquele que vigia tudo num regime totalitário– virou, no programa, algo mais parecido com "graaande bróder!". É todo mundo bróder (ou sister), todo mundo GRANDE de tão malhado, todo mundo cheio de foco, força e fé pra vencer os outros na base do conchavo e da trairagem. E ainda tem "julgamento" e paredão, pra dar aquele clima cubano tropicaliente –no fundo, faz sentido.

  • Você é a sua tia

O BBB parece despertar a tia gordinha e facilmente escandalizável que há em cada um de nós. Agora há pouco fizeram auê com o beijo lésbico entre Clara e Vanessa, coisa que eu imaginava que acontecesse várias vezes por edição (por favor, digam que acontece: não me decepcionem). Outro dia, a mesma Clara chocou sei lá quem por ter tomado banho pelada. Ora, façam-me o favor: além de esse ser o jeito certo de lavar tudo direitinho, a moça ganha a vida como stripper. Chocante seria ela tomar banho de camisola. Ou de escafandro.

  • A realidade é reality

Desta vez, como todos sabem, a Globo costurou novela e reality show colocando uma personagem da primeira –a Valdirene de Tatá Werneck– dentro da casa do segundo. Confesso que me incomodou um pouco ler as notícias do programa e ver a Valdirene tratada não como a personagem de "Amor à Vida", interpretada pela Tatá etc., mas como pessoa-de-verdade, igual às outras que levaram suas biografias ("histórias de vida") e suas tatuagens para a casa.

"Mas, afinal, o que é uma pessoa de verdade?", perguntará você, oh pós-moderno leitor. "Os outros BBBs também não são personagens de si mesmos?" Sim, você está certo. E digo mais: no futuro, quando novela, jornal, programa esportivo e reality show estiverem totalmente juntos e misturados, esse conceito de "pessoa de verdade" será obsoleto –como o de privacidade já é–, e o Bial não vai mais dizer "vem ser feliz aqui fora" porque não existirá "fora". Enquanto isso não acontece, sugiro aproveitar o "dentro" que ainda nos resta.


RUY GOIABA considerava o "BBB" uma espécie de prévia da "Playboy", até que as sisters começaram a aparecer sem roupa na internet ANTES do programa. Não que isso seja um problema –a não ser para a "Playboy", talvez.

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