Factoides

HUMOR: A McDonaldização do Rio de Janeiro

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Rio de Janeiro em chamas. Do jeito que Sergio Cabral e Eduardo Paes andam, qualquer hora dessas vão bater na porta da UNESCO pedindo para tombar a violência da Polícia Militar! Agressão de PM do Rio virando patrimônio mundial da desumanidade, já pensou?

Dá até para imaginar o treinamento dos guias turísticos pós-Copa: "Aquele é o Cristo Redentor, ali adiante o Corcovado e isso aqui é um PM batendo em um professor da rede municipal."

Policiais mais agressivos escolhidos a dedo serão instalados em museus: "Aqui, diante de nós, um Policial Militar arranca lágrimas de uma idosa com spray de pimenta. Sintam o aroma."

Dica: não espirrar nem tossir. Cabral e Paes vão te acusar de não entender de arte.

Nessas semanas de Festival do Rio, os trailers da Prefeitura exibidos antes dos filmes mostram um Rio de Janeiro lindo, mas todo feito por computador! O Rio de Janeiro perfeito do governo só existe no mundo virtual!

A gente entende. Se Sergio Cabral e Eduardo Paes fizerem propaganda com imagens reais da cidade, não sobra um voto na urna. Vai ser tanta imagem de bala perdida, famílias sendo removidas à força de suas moradias, professores agredidos por pedirem dignidade, que a plateia do cinema vai fazer silêncio, achando que o filme já começou, algum western de mau gosto!


Mas sempre existe solução. Os dois governantes do Rio podem criar uma urna eletrônica capaz de disparar spray de pimenta! Must have das eleições de 2014. O eleitor tenta votar em um candidato sem ligações com empreiteiras e leva um jato ardente nas fuças, que é para aprender o que é bom para a tosse. Literalmente! A criatura sai da sala de votação chorando, os olhos vermelhos, e ainda ganha narração do Galvão Bueno: "Coisa mais linda, minha gente! Um eleitor emocionado, Brasiiiiiiil! É a feeeeeesta da democracia!"

A Grécia Antiga está se revirando na tumba. O governo do Rio faltou às aulas de português e não entendeu que a palavra democracia vem do grego. Estão achando que democracia é o governo do demo. Estão agindo como dois encostos encapetados. Chamem o exorcista!

Mais um pouco e a Educação vai parar no drive-thru.

A criança não precisa nem entrar na escola. É só chegar, fazer o pedido e receber "Educação de Qualidade" na próxima cabine. Dá até para pedir pelo número! Número 1, cartilha de Matemática escrita por professor de Física, número 2, a apostila de História do Brasil feita um profissional de Literatura. Precariedade pouca é bobagem.

Professor vai virar peça vintage. Demodé. Qualquer expressão estrangeira capaz de dar um verniz bacana ao descaso de que os profissionais vêm sendo vítima não é de hoje.

Para acelerar o processo, por que Eduardo Paes não dá a secretaria de educação para o Ronald McDonald? O palhaço mais "fastfúdico" do planeta já tem sido visto fazendo shows em escolas públicas e particulares do país, misturando educação com mensagem subliminar, conforme denúncia enviada para o Ministério da Justiça e o Ministério da Educação pelo Instituto Alana.

Crédito: Ilustração com foto de Yahuyoshi Chiba/AFP A solidariedade na Era dos Interesses Empresariais
A solidariedade na Era dos Interesses Empresariais

Sem contar que Ronald é muito mais midiático que a atual secretária de Educação do Rio, Claudia Costin, cujo currículo invejável não inclui nenhum bom corte de cabelo. Ronald, ao contrário, é do povo, imagina ele fazendo a Nana Gouveia e aderindo aos protestos? Com aquela cabeleira vermelha, dá pra ver de longe!

O Brasil pode até não ter vulcão, terremoto e furacão. Mas haja catástrofe eleitoral. Por isso, sigo devoto de Nossa Senhora da Boa Urna.


DIEGO REBOUÇAS, 30, é roteirista e jornalista. Escreveu "Travessia", publicado pela Livros Ilimitados, e também revende Jequiti, Avon e Natura no Facebook

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