Sempre tive dificuldades com mapas. Sigo a esquerda ao invés da direita com a maior convicção e mesmo virando tudo ao contrário consigo errar. Então, achei que meus problemas estavam resolvidos com o Google Maps. Aquela vozinha feminina com tom politicamente correto indicando o caminho parecia a solução ideal para a minha vida.

Mas me enganei. A verdade é que aquela moça é de extrema arrogância. Toda vez que coloco a rua onde quero chegar, ela vem com essa: "Siga na direção noroeste". Ou então: "Siga na direção sudoeste". Minha filha, se eu soubesse qual é a direção leste-sul-norte-oeste, eu não estaria precisando da sua ajuda, né?

Sim, isso me tira do sério. Outro dia eu estava à pé e, graças a Deus eu estava numa rua deserta, porque comecei a discutir com a moça. Arrogante, como só ela, nem respondeu. Que descaso.

Me contaram de um livro ("A Terrível Intimidade de Maxwell Slim", de Jonathan Coe) sobre um homem que se apaixona pela voz da mulher do GPS do seu carro.

Obviamente se trata de uma ficção. Ou então, o autor nunca usou um dispositivo desses no Pacaembu e suas ruas em "U" e sem lógica, onde a tal mocinha fala onde você deve virar só depois que a rua passa e depois vem com aquele papinho de direção noroeste.

Esse é outro dos seus atos de superioridade da moça, vamos batizá-la de Clotilde, que finge que não foi ela quem errou o caminho, foi você.

Tem também aquelas vezes em que você acerta o sudoeste e segue confiante. Daí você vai reto, 200 metros, 20 quilômetros, feliz da vida. Mas a dona Clotilde saiu do ar e na tela aparece apenas um "retomar". É de enlouquecer pois, nesses dias sempre estamos em uma estrada sem retorno próximo.

Sei lá, é pedir demais por um GPS sem surtos de TPM, que grite de repente "saia da rotatória!"? E que não me venha com noroestes, é claro.

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MAGALI IMPLIQUETE : há 26 pensando demais, costumo ser motivo de chacota por relatar meus problemas cotidianos como "muito difíceis". Reclamona profissional e piadista amadora, dou risada sozinha nas horas vagas. Meu hobby é corrigir a pronúncia e outros erros de vocabulário de qualquer um, do motorista ao cobrador, além de ouvir a conversa alheia para escrever aqui.