Factoides

HUMOR: O melhor prêmio do mundo

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Primeiro, um ditador do Leste Europeu proíbe aplausos em cerimônias públicas. Depois, suas forças policiais prendem um homem de um braço só que estava sendo acusado de APLAUDIR --o que, nas redes sociais brasileiras, renderia no mínimo 10 mil piadas sobre "dar uma de joão-sem-braço". Por fim, esse ditador ganha um prêmio "da paz".

Parece esquete do Monty Python ou cena dos primeiros filmes do Woody Allen (quando ele ainda não tinha contraído aquele sarampo existencial do Bergman), mas aconteceu de verdade, em mais uma prova de que os humoristas têm que se esforçar MUITO pra ser mais engraçados que a vida real. A única coisa irônica nisso tudo é o prêmio "da paz": trata-se do Ig Nobel, aquela sátira do Nobel, que anunciou na quinta-feira passada os vencedores de 2013 (leia aqui em texto do meu amigo Rafael Garcia).

O Ig Nobel, que existe desde 1991 e é entregue num evento em Harvard, é o melhor prêmio do mundo porque a zoeira nele não é involuntária, como acontece no original --que premia autores ilegíveis com o Nobel de Literatura ou o Obama, aquele dos drones, da espionagem e da ameaça de atacar a Síria, com o da Paz. É zoeira TR00 e chama a atenção para temas inacreditavelmente engraçados, não raro publicados em revistas científicas sérias.

Na edição deste ano, por exemplo, os ganhadores premiaram gente que descobriu que camundongos transplantados que ouvem ópera vivem mais; um arqueólogo que engoliu um musaranho inteiro e, depois, examinou o próprio cocô pra ver se os ossos do bicho tinham se dissolvido; e um tailandês que desenvolveu técnicas para reverter amputação peniana, exceto quando o órgão é parcialmente comido por patos (vocês aí que têm cromossomos XY, por via das dúvidas, fiquem sempre O MAIS LONGE POSSÍVEL de qualquer grupo de patos).

Crédito: Jessica Rinaldi - 21.set.2012/Reuters Vencedores do Ig Nobel de 2006 e 1996 demonstram o uso do sutiã como máscaras de gás; seria mais divertido se os comissários de bordo fizessem isso nos aviões
Vencedores do Ig Nobel de 2006 e 1996 mostram uso de sutiã como máscara de gás; por que comissários não fazem nos aviões?

Edições anteriores mostraram que pesquisadores podem detectar indícios de atividade cerebral num salmão morto e que os seres humanos às vezes tomam decisões melhores quando estão morrendo de vontade de fazer xixi (encerrar aquela reunião insuportável, talvez?). Também comprovaram cientificamente que a torrada SEMPRE cai com a manteiga virada pra baixo --ou seja, a Lei de Murphy está certinha-- e fizeram justiça à invenção do sutiã que pode ser usado como máscara respiratória (estou comprando o meu agora mesmo, para a eventualidade de não ter nenhuma moça de sutiã --ou o Laerte-- ao meu lado numa emergência).

Além disso, o prêmio já deu ótimas sugestões de como melhorar o trânsito nas cidades passando com um TANQUE por cima de carros estacionados em lugar proibido (o prefeito de Vilna, na Lituânia, ganhou o Ig Nobel da Paz por isso; talvez até já esteja nos planos do Haddad).

A única coisa chata nisso tudo é que o Bananão, que já não tem nenhum Nobel, ganhou apenas um Ig Nobel: de arqueologia, em 2008, por "mensurar como o curso da história pode ser alterado pelas ações de um tatu". Pelo menos no Darwin Awards estamos mais bem representados pelo padre dos balões, o glorioso campeão de 2008; ainda assim, é muito pouco para este país de dimensões continentais e abundante vocação para a cretinice. Ignóbeis do Brasil, uni-vos!


RUY GOIABA nunca fez nenhuma "descoberta científica", a não ser a de que a dor de cotovelo real é muito pior que a figurada --se alguém interessado no Ig Nobel estiver escrevendo um artigo sobre isso para a "Nature", favor me chamar para dar um depoimento pessoal.

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