Factoides

HUMOR: Eloá Ninja invade a festa de aniversário de Rafaella Justus

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Meus amores! Cansei de fazer parte dessa imprensa burguesa, parcial e reacionária. A gente estuda anos a fio, rala outros tantos nas redações, aguenta o mau humor dos editores, sobrevive a passaralhos, e tudo isso para quê? Para levar pedrada nas manifestações!

Aí chegam os gatos pingados do Mídia Ninja e "revolucionam" o jornalismo. Todo mundo aplaude, todo mundo "like", e os garotos ainda têm a cara-de-pau de pedir dinheiro público para financiar sua cobertura dos abusos do poder público. Que é mais ou menos a mesma coisa que sair de casa brigado com papai e mamãe e continuar recebendo mesada.

Pois eu também quero ser ninja. Quero ser alternativa, quero ser "in". Afinal, de que adianta minha credencial de colunista do "F5" se ela não serve nem para furar fila na balada?

Enchi de créditos o meu celular, apaguei as fotos da Praia Grande para abrir espaço na memória e parti para minha primeira missão. Entrei de penetra na festa de aniversário de Rafaella Justus.

O que se esconde por trás daquele evento grandioso? O que custou mais caro, o Campo da Fé em Guaratiba ou o vestido da Rafaella? Quantas filhas tem Helô Pinheiro, e por que elas querem dominar o mundo? Tantas perguntas, e o 3G da minha operadora falhando.

O tema da festa era "A Bela e a Fera". Foi isto que me deu uma ideia. Consegui me aproximar da petizada me fazendo passar pela Fera, com quem guardo uma certa semelhança (papai Justus já tinha pego para si o papel de Gaston).


O truque deu certo. Descobri que aqueles pequenos príncipes e princesas, treinados desde o berço para dar adeusinho às câmeras, não passam de crianças. Estão mais preocupados em puxar os cabelos uns dos outros, ou em sujar a toalha de mesa com doces não comidos, do que em aparecer nos sites de fofoca. Que curiosa inversão de valores! Ainda mais quando pensamos no ambiente em que vivem.

A missão foi um sucesso, e agora pretendo atacar de ninja na Rússia. Quero entender como é que um país que persegue os gays e se acha tão machão ameaça prender Madonna e Lady Gaga depois que elas foram embora.

Os russos me lembram aqueles valentões de araque, que tacam ovo nos pedestres do terraço de seus apartamentos mas não têm coragem de descer para o play.

Mas é até compreensível que não tenham prendido as cantoras quando elas passaram por Moscou. Madonna daria uma voadeira naqueles ex-agentes da KGB. E os "little monsters" destruiriam o Kremlin para libertar sua líder.

E por hoje é só, por que agora eu preciso rever "Amor à Vida" e entender como é que a família nunca percebeu que o Félix é gay. Ele precisa ensinar seus disfarces para os coleguinhas russos, não é mesmo?


ELOÁ PARANHOS, 67, é ex-funcionária pública e aposentada desde os 35 por invalidez (machucou o dedo anular esquerdo num acidente de bocha). Passa os dias vendo TV, folheando revistas de fofoca e recebendo mensagens em código. Torce pelo Juventus.

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