Meus amores! Que frio é este? Não estou reclamando: na verdade, a-do-ro me enrolar nos meus casacos de vison e arminho. O que me irrita mesmo são os amigos que não param de postar fotos de seus celulares marcando a temperatura. O próximo que disser que está zero grau em Curitiba será limado da minha do tempo!

Mas nenhum outro assunto da semana é tão avassalador quanto a visita do papa Francisco. A televisão já mostrou todos os detalhes possíveis, num raio de dez quilômetros: a cama onde ele vai dormir, o banheiro que ele vai usar, o ponto exato do doce de leite que ele tanto gosta. Também vimos um peregrino que veio a pé da Tanzânia, outros que confundem o papa com a Madonna e alguns que são tão feios que não interessariam nem aos padres pedófilos.

Em comparação, o nascimento do bebê real foi quase um não-evento. Como é que não havia câmeras na sala de parto, transmitindo ao vivo e a cores cada contração da duquesa de Cambridge? Em que mundo que ela acha que vive, para ter tamanha privacidade? Isto o Snowden não denuncia, não é mesmo?

Só soubemos que o bebê é um menino DEPOIS que ele nasceu, olha só que coisa mais medieval. E por enquanto ele não tem nome nem sobrenome. As famílias ainda não chegaram a um acordo: Stark, Lannister, Baratheon ou Targaryen?

Mas talvez seja uma breve compensação pelo que vai ser a vida desse garoto daqui para a frente. Cada pum que ele soltar, cada mingau que ele tomar, tudo será imediatamente fotografado, filmado, divulgado e transformado em memes "Keep Calm". Pobre criança!

O nascimento do herdeiro britânico ofuscou o de outros bebês ilustres, como os de Juliana Paes ou Penélope Cruz. Uma injustiça tão grande que só poderá ser corrigida se todos forem confinados no mesmo berçário e o público puder votar em seu favorito.

E por falar em invasão de privacidade, o governador Sérgio Cabral mandou quebrar o sigilo telefônico dos suspeitos de participar do último quebra-quebra no Rio de Janeiro. Não precisa tanto, Excelência: é só comparar as fotos dos vândalos com as dos soldados da Polícia Militar.

Cabral pode não ter muitas perspectivas em sua carreira política, mas pelo menos as portas do cinema se abriram para ele. Está cotadíssimo para protagonizar "Meu Malvado Favorito 3".

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ELOÁ PARANHOS, 67, é ex-funcionária pública e aposentada desde os 35 por invalidez (machucou o dedo anular esquerdo num acidente de bocha). Passa os dias vendo TV, folheando revistas de fofoca e recebendo mensagens em código. Torce pelo Juventus.