Crise faz Sylvia Design voltar a se vestir de Mulher-Gato
A Mulher-Maravilha, que moveu uma montanha de espectadores até os cinemas e conseguiu uma arrecadação de mais de R$ 800 milhões com seu filme, agora vai salvar da crise uma rede de lojas de móveis na avenida Zaki Narchi, em São Paulo.
Ao menos esse é o plano da personalidade televisiva Sylvia Design, 45, que ficou famosa na década de 1990 fazendo anúncios televisivos do finado canal Shop Tour em que, vestida de Mulher-Gato, vendia sofás, racks e mesas, enquanto miando com sotaque cearense.
Design, que é convidada frequente de programas da Record, do SBT e da Band, reavivou nas últimas semanas a fantasia, que estava há quatro anos em criogenia. E virá com novos personagens, unidos contra um inimigo: a crise econômica.
Sylvia conversou com o "F5" em uma das suas lojas. Falou sobre dinheiro, as experiências em todos os canais abertos e sobre celebridades. Só avisou que não podia rir, porque tinha colocado um fio de polipropileno sob a pele do pescoço, para dar uma esticada --descumpriu a promessa e terminou gargalhando.
Folha - Por que as fantasias voltaram?
Sylvia Design - Quando eu falei assim: o ano que vem eu vou viajar, vou trabalhar bem menos, vou delegar mais, aí veio a crise. E tive que trabalhar dobrado.
Foi a crise que bateu?
Não teve um setor que não atingiu. Tá vendendo menos. O ano passado falavam em crise, mas a gente não sabia o que era isso. Foi um ano maravilhoso, só crescimento. Este ano tivemos que aprender. Ainda estamos em choque, crise era uma coisa desconhecida para nós. Foram 15 anos crescendo, mais ou menos, mas crescendo. E voltamos com a Mulher-Gato. Eu preciso chamar a atenção. Eu preciso vender, tirar o pessoal do sofá.
Além da Mulher Gato virão outros personagens?
A Mulher-Gato ficou 15 dias [no ar]. Agora dei folga para ela, mandei ir namorar com o Batman lá naquele negócio de Gotham City. E agora nessas semanas vou aparecer de Mulher-Maravilha. Tem um comercial em que a Mulher Maravilha aparece deitada no sofá. De repente, diz: "Ai, meu Deus, eu não posso dormir. Tenho que salvar a economia deste país!".
Os anúncios servem para vender ou para você ficar famosa?
Vou te falar de uma coisa: 80% das nossas vendas é por causa do canal. As pessoas vêm e compram. Eu amo a Mulher-Gato, adoro. Foi um divisor de águas. Foi o que me fez famosa, quando fui ao Jô Soares de Mulher-Gato. Eu já vendia legal, me destacava no canal de compras. Eu me divirto também.
De onde veio a idéia de super-heroína?
A primeira fantasia era Rebelde, da novelinha. Aí teve Emília, Mulher Maravilha. Mas o que estorou foi a Mulher-Gato, quando fui entrevistada pelo Jô.
Hoje você tem uma fantasia sua?
Ainda alugo. Mas vou mandar fazer uma, pra ficar mais bonita e, mais tarde, deixar colocada em algum lugar. Eu tive uma própria, mas fiz uma lipo e o macacão ficou frouxo depois. A Mulher-Gato tem que ser gostosa, né? (gargalha)
O quanto Sylvia é artista e quanto é empresária?
O cearense nasce sabendo vender. Se eu for para a televisão, ter um programa meu, vou perder meu foco em ter loja e vender. Então meu negócio é fazer participação. Minha parte hoje é divulgar, é vender. Sou garota-propaganda da minha marca.
E como anda sua vida na TV?
Domingo eu estava no [Rodrigo] Faro. Você vai ver minha cara e lembrar "Preciso comprar um sofá". Amanhã vou de novo prum canal, dar um rolê, falar com a produção. Quem não dá as caras é esquecido. Outro dia fui visitar minha amiga Silvia Abravanel, e de lá do SBT vieram quatro pessoas comprar.
E famoso compra?
Gugu já comprou aqui. Da dupla Fernando & Sorocaba, o Fernando já comprou aqui. O Latino já comprou aqui. Ana Hickmann. Chris Flores. O Edu Guedes já comprou aqui três vezes. Claro que tem sempre os que vêm atrás de permuta
Você faz permuta?
Não. A gente faz muito pouco. Só quando tem um fundo social. Por exemplo, fui num leilão e arrematei um vestido da Sabrina Sato.
Deu pra usar?
Menino, eu tenho aqui em cima maior, aquela mulher é toda desenhada. Mas eu vou mandar arrumar. Eu quero muito usar esse vestido.
Já foi convidada para fazer reality show?
A primeira "A Fazenda" que foi feita eu fui a primeira a ser convidado. Não rola. Uma que eu não aguento, outra que quem vai ficar na frente da empresa? Teve um da Band também, o "Mulheres Ricas". A produtora veio aqui com o diretor, ficaram gravando. Mas não quis.
Teve um quadro Eliana, "Os Opostos se Atraem", mas que eu odiei fazer. Botaram uma pessoa que era meu contrário pra conviver comigo. Eu saía muito fora de mim, tinha hora que perdia o controle, barraco mesmo.
Alguma outra situação engraçada na TV?
Eu quase matei o Gugu numa pegadinha que ele fez comigo aqui na loja. Ele se vestiu de câmera e tinha uma mulher gritando, querendo levar os móveis. Eu dei um empurrão nele, ele caiu e quase morreu na queda. Ele parou a pegadinha na hora.
Sua carreira artística serve para alimentar a empresa então?
Sim, é para conseguir clientes e dar credibilidade. Se eu quisesse ter um programa meu, compraria um horário. Eu conheço todos os diretores. Não é isso que eu quero. Eu amo fazer participação. No mesmo dia que eu estava no Danilo Gentili, botaram o Tiririca no Jô Soares, mas mesmo assim nós ganhamos.
De onde vem seu apelo?
É meu jeito de ser. Eu não sou estudada, só fiz até a oitava série. Acho que nem terminei a oitava série, pra falar a verdade… Esse jeito extrovertido, alegre, já chega chegando. Falo o palavreado do Nordeste. O Brasil está precisando disso. Você liga a televisão e é só história de o marido matou a mulher. E quem assiste televisão não é rico, é a pessoa mais simples.
Você não acha curioso que convidados recorrentes, como você e o David Brazil, não tenham contrato com televisão?
Então, logo que eu saí do Jô Soares, todo mundo endoidou. Eu fui no "Hoje em Dia" imediato. Os bispos piraram em mim. Só que eu não tinha a malícia que eu tenho hoje, que adquiri com o decorrer do tempo na televisão. Ouvi que queriam me contratar, eu dei oito pontos de ibope num programa que dava dois. Mas eu não sabia o que era isso, não tinha essa malícia. Fiquei até assustada com essa fama
Você acha que deveria ter assinado?
Se fosse hoje, eu com certeza teria [assinado]. Eu ia exigir os dias que eu ia gravar e uma bela grana. Na época, perguntaram como o Silvio Santos não me convidou. E eu vou muito lá no programa dele. Ele me recebe superbem, brinca comigo, diz para eu fazer comercial, dar o endereço de todas as minhas lojas. Já era pra eu ter contrato de televisão há muitos anos. Para lidar na televisão, você tem que ser muito esperta.
O que te agrada e o que desagrada na passagem do tempo?
O tempo é legal porque você adquire experiência. E o lado ruim, que é horrível, é ficar velha. Vai criando pé de galinha. Você não vê porque tá tudo anestesiado aqui (gargalha). Eu não posso rir, criatura (gargalha).
Você faz tratamentos estéticos?
Corporal até que eu não sou muito. Treino três vezes por semana, às vezes estou mais cheinha. Em 30 anos, tive dois filhos e só fiz duas lipos. E a prótese [de silicone], que nem aparece. Agora no rosto incomoda mais. O cartão de visita da gente é o rosto. E o público cobra. É bom ser famosa? É gostoso demais, mas o público diz mesmo: "Na televisão você parecer que é mais gorda, parece que é mais velha". Para você ter uma idéia, antigamente eu malemá passava um batom pra vir pra loja. Hoje eu fico maquiada de domingo a domingo.
As pessoas assediam?
Sim. Dizem: Por que você não chegou miando, méau? Mas eu gosto desse assédio, é muito positivo para mim.
Alguém da TV ainda intimida?
A minha paixão, desde a minha infância, é o Silvio Santos. Eu nunca achei que fosse chegar perto dele. Ainda dá frio na barriga. Os outros eu não tô nem aí, entro e fico toda íntima. Ele eu fico no camarim olhando no relógio. Chega lá ele fala do meu peito, fala da minha bunda, fala de tudo. No casamento da filha dele ele ficou gritando comigo: me espera pra entrar. Pegamos o elevador juntos e ele disse, pro meu marido: "Se eu tivesse uma mulher dessas eu não deixava sair com um vestido desses".
Você é casada há 20 anos. Ele lida bem com sua persona pública?
Eu vou te falar o seguinte: ele me apoia naquilo que eu faço. Não tem ciúme, até porque já se passaram 20 anos. As pessoas separam porque acaba tesão, porque com 20 anos de casamento não é que nem ferro elétrico, encosta em cima e esquenta embaixo. A coisa muda (gargalha).
Você se considera uma feminista?
Eu que sou o homem da casa, eu que domino. Ele faz a parte de transporte, eu não me meto nos negócios dele e ele não se mete nos meus.
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