A alta-costura passa por um momento de retomada de prestígio no cenário da moda, perdido no início dos anos 2.000, e a premiação do Globo de Ouro mostrou isso.

O desejo das grifes de despertar o interesse das mulheres por um "novo glamour", que mistura a estética minimalista dos anos 1990 com um dose da loucura dos 1920, a funcionalidade dos 1940 e a liberdade da década de 1970 foi atendido no desfile de atrizes premiadas.

Cate Blanchett, vencedora do prêmio de melhor atriz em drama, é bom exemplo dessa equação. Se em "Blue Jasmine" —longa de Woody Allen que, ao lado de "Trapaça", de David O. Russell, tem uns dos melhores figurinos da nova safra de filmes— a personagem de Blanchett só usa Chanel, na cerimônia a neodiva optou por um longo preto Armani Privé, com rendas e tules distribuídos estrategicamente em seu corpo.

Já Jennifer Lawrence, nova darling da indústria cinematográfica, percebeu os bons trocados que a moda pode render.

A dobradinha com o belga Raf Simons, novo diretor criativo da Dior, manteve a atriz em pé neste Globo de Ouro. Se o "new look" de Simons derrubou a atriz no Oscar do ano passado, ontem lhe colocou o pódio das mais bem vestidas.

O tomara-que-caia branco, plissado no tronco e liso na barra, é desses vestidos que nenhuma joia consegue ofuscar. Tanto que Lawrence deixou sua pulseira no chão durante a entrega dos prêmios.

As joias, por sinal, foram colocadas em seu devido lugar de acessórios. Não teve Van Cleef & Arpels e Cartier que fossem páreo para as ótimas criações de jovens estilistas, como os asiáticos Alexander Wang, da Balenciaga, e Prabal Gurung, sensação da última semana de moda de Nova York.

Foi Gurung que criou a joia gráfica e acetinada em forma de vestido que Sandra Bullock, indicada por sua atuação em "Gravidade", vestiu. A mistura improvável de azul, rosa e preto, aliada a um decote generoso em "V", deu à miss simpatia, que nunca foi de acertar muito nas produções, uma pinta de estrela de primeira linha.