O Barcelona tem planos de acabar com a figura franzina que o Brasil se acostumou a ver em campo com as camisas da seleção e do Santos.

Neymar, 21, deve passar por aumento de massa muscular. Na avaliação de Ricardo Pruna, médico do clube, o brasileiro tem 64,5 kg, abaixo do que seria ideal.

Ele disse à imprensa espanhola não saber exatamente o quanto o novo astro do time precisa "crescer". A previsão varia de 2 kg a 5 kg.

Entre 2009 e 2013, Neymar ganhou 8 kg no Santos --no começo do ano, estava com 67 kg. Ele também cresceu de 1,74 m para 1,75 m. Messi, por exemplo, tem 67 kg e 1,69 m.

O corpo de Neymar, porém, ainda está se desenvolvendo.

E é isso que preocupa fisiologistas ouvidos pela Folha.

São unânimes ao dizer que o aumento de massa muscular com exercícios, alimentação balanceada e suplementação só tem a ajudar.

Mas o ganho de músculos sem respeitar as características do atleta pode atrapalhar sim sua atuação em campo. "Não pode ser uma conduta adotada de forma generalizada", diz o fisiologista Turíbio Leite de Barros, da Unifesp.

"Precisa ser avaliado o quanto o aumento de massa muscular do Neymar pode prejudicar seu grande valor físico, que é a agilidade."

Turíbio participou do programa de ganho de massa de Kaká no São Paulo. Entre 2001 e 2003, o meia saltou de 71 kg para 81 kg. Segundo o fisiologista, suas características de jogo foram avaliadas.

"Ele não dependia de agilidade, e sim de arrancada, força e potência", diz.

O primeiro caso de jogador brasileiro "bombado" por um clube foi Zico. Ele chegou ao Flamengo aos 14 anos, com 1,55 m e 33 kg. Com reforço, aos 21, tinha 1,72 m e 70 kg.

Para chegar bem ao Barcelona, Neymar teve exercícios como lição de casa. Também retirou as amígdalas e, diz, perdeu peso após a cirurgia.

Para conseguir os resultados que espera, o Barcelona deve aumentar a carga de musculação do atacante associada a dieta balanceada.

"Neymar tem grande condição física e idade que já ajudam a ganhar massa. Deve se esperar respostas mais rápidas aos treinos", diz Irineu Loturco, diretor-técnico do Núcleo de Alto Rendimento do Grupo Pão de Açúcar.

Outros brasileiros já foram "bombados" para o exterior. Em alguns casos, isso foi apontado como culpado pela queda de rendimento, como no de Robinho, que foi para o Real Madrid quando deixou o Santos em 2005.

Ronaldo teve seu corpo transformado quando foi para o PSV, da Holanda.

Bernardo Santi, ex-coordenador de doping da CBF, foi demitido após dizer que a suplementação do atacante incluía anabolizantes. Isso o teria deixado mais vulnerável à primeira lesão no joelho, em 2000. O ex-jogador nega.

"Se não for usado nenhum artifício que não seja fisiológico e nutricional, o aumento de massa não deixa suscetível à lesão", diz Turíbio.

Os especialistas alertam que o que pode "quebrar" um atleta é excesso de treino. "Se o aumento da massa for natural, o atleta tem a ganhar", diz Loturco.