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Música
Descrição de chapéu The New York Times

Abertura de 'The White Lotus' vira febre nas casas noturnas com versão remixada

'Renaissance' é variação do tema da 1ª temporda, que ganhou o Emmy de música original

Jennifer Coolidge na segunda temporada de 'The White Lotus' - Divulgação
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Sarah Bahr
The New York Times

Em uma recente visita a uma casa noturna de Chicago, uma voz feminina aguda que lembrava um peru gorgolejando –mas aparentemente sob o efeito de LSD– levou todo mundo para a pista de dança. Algumas pessoas se sacudiam, retorcendo os quadris e jogando o cabelo em uma coreografia hipnótica. Outras erguiam os punhos cerrados e pulavam sem parar. Uma mulher soltou um grito forte e agudo, como se tivesse acabado de avistar Chris Hemsworth no supermercado.

A canção era uma versão dance remixada, em estilo EDM, de "Renaissance (Main Title Theme)", o tema instrumental que acompanha os letreiros de abertura na segunda temporada de "The White Lotus", uma série de muito sucesso da HBO Max sobre um grupo de pessoas ricas que passam férias em um resort de luxo —e sobre os empregados que as servem.

Desde que a segunda temporada, que se passa na na Sicília, estreou, no final de outubro, versões remixadas das oscilantes notas de harpa que caracterizam o tema, de autoria do compositor chileno-canadense Cristobal Tapia de Veer, vêm surgindo no TikTok e no SoundCloud, e ocuparam os ouvidos da comunidade EDM. Essas versões remixadas agora estão sendo tocadas em casas noturnas e festivais de música. No final de semana passado, no show que fez já de madrugada no Festival Sundance de cinema, em Utah, Diplo mostrou o seu mix da canção.

"Renaissance" é uma variação do tema da série na temporada um, "Aloha! - Main Title Theme", também composto por Tapia de Veer, que mistura percussão e canto de pássaros (a primeira temporada se passava em Maui, no Havaí), e ganhou um Emmy como melhor música original para uma série. Embora "Aloha" tivesse a mesma melodia agitada, não decolou no TikTok ou conquistou fãs na noite, como "Renaissance".

O que há de diferente no novo beat de Tapia de Veer? Eis como a canção se tornou um hino que empolga multidões.

Calma lá, as pessoas hoje em dia não simplesmente ignoram a música tema de uma série?
Ah, o velho debate sobre o botão de "pular a introdução". Quando estamos falando da canção de abertura de "The Big Bang Theory", sim, é isso que acontece. Mas quando o compositor recebeu um Emmy pelo tema? É você que sai perdendo.

Quando é que a canção decolou no TikTok?
Depois do primeiro episódio da nova temporada ser lançado, em 30 de outubro, alguém percebeu que o vocal agudo, como um "yodel" alpino, era dançável. E ao contrário da variação usada na temporada um, "Renaissance" chega ao seu pico com um beat palpitante de EDM, lá por volta dos 60 segundos (o tema tem só 98 segundos de duração).
Nos meses seguintes, milhares de vídeos inundaram a plataforma, e os usuários transformaram a melodia grudenta em trilha para seus passos bizarros de dança, e para atividades como fritar ovos e aparar a grama.

Porque não consigo tirar a música da cabeça?
Edward Venn, professor de música na Universidade de Leeds, Inglaterra, analisou a questão em um artigo para a revista GQ no final do ano passado: "É a forma como o acorde menor inicial sobe para a escala maior —oferecendo uma sensação de esperança, de repouso– mas logo essa sensação desliza de volta, de forma contínua e irreversível, para as implicações ameaçadoras daquele acorde menor", ele disse.

Então, como é que ela chegou às casas noturnas?
Por semanas, os utilizadores do Twitter, TikTok e Instagram vêm compartilhando vídeos de pessoas festejando em êxtase, ao som das notas líricas distorcidas eletronicamente da canção, que preenchem todo o espaço dos bares de porão e das casas noturnas lotadas.
O rapper Dominic Fike, astro da série "Euphoria", fechou sua apresentação no Terminal 5, um espaço para shows em Manhattan, com a fantasmagórica melodia, em dezembro, no mais recente exemplo de uma música de TV transformada em combustível para a vida noturna (estamos falando de você, Wandinha Addams, e de sua dança esquisitinha ao som de "Goo Goo Muck").

Onde mais a música apareceu?
O fato é que o banho sonoro que mistura ópera e disco music —pontuadas por gritos humanos— funciona tão bem em grande escala quanto em espaços pequenos. A banda The Killers abriu diversos de seus shows em estádios com a canção, em dezembro.
Dias antes do final da temporada de "The White Lotus", a canção tocou em um festival de música na Austrália, e muita gente na audiência se esforçou para vocalizar –não posso dizer "cantar"– o tema.
Um remix bruto desse hino ululante chegou a aparecer no final de um sketch de "Saturday Night Live", no final de semana passado, cantado por outro fenômeno da cultura pop: a robô assassina do filme "M3GAN", um ícone que surgiu recentemente e também tem passos de dança muito próprios para mostrar.
Um "mash-up popular" usa imagens de Jennifer Coolidge e sua lamúria perfeita para memes: "Meu Deus, aqueles gays. Eles estão tentando me matar". Outro, exibido pelo DJ holandês Tiësto numa casa noturna de Miami Beach na virada do ano, faz com que os espectadores sacudam a cabeça até quase perder a consciência. E Westend criou uma house beat suntuosa usando a canção, que chega a sacudir os alto-falantes.
O tema capturou a natureza selvagem que está dentro de todos nós e que se expressa especialmente na pista de dança", disse Tyler Morris, um DJ e produtor musical baseado em Nova York, que usa o nome artístico Westend. "Sempre que toco essa faixa nos meus sets de DJ, o pessoal fica louco."

Como é que se dança?
Erguer os punhos, sacudir os braços e as pernas –de forma sincronizada ou não– parecem escolhas bem populares. A dancinha do robô —ou mesmo uma imitação de um zumbi de movimento rápido, como em "The Last of Us"– também podem funcionar bem, aqui.

Já se sabe alguma coisa sobre o tema musical da temporada três?
Embora a série tenha sido renovada para uma terceira temporada, ainda não há notícias sobre a localização do resort em que a história vai se passar. Mas a única coisa que poderia ser mais popular do que a versão EDM de "Renaissance" seria uma versão K-pop.

Tradução de Paulo Migliacci

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