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Música

Zabelê diz ser mistura e ter missão de perpetuar e valorizar música aos jovens

Filha de Pepeu Gomes e Baby lança versão de 'Preta Pretinha'

A cantora Zabelê - Instagram/zabeleoficial
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São Paulo

A cantora Zabelê, 46, sentiu o peso da responsabilidade no momento em que escolheu dar uma nova roupagem ao clássico de 1972 “Preta Pretinha”, música dos Novos Baianos do álbum “Acabou Chorare”, cujos protagonistas eram Pepeu Gomes e Baby do Brasil, seus pais.

A nova versão conta com a parceria de Carlinhos Brown e já está disponível no YouTube e nos aplicativos de streaming. A canção é apenas a primeira a ser lançada de um disco de homenagens que a artista pretende revelar em novembro.

“‘Preta Pretinha’ foi eleita pois marcou minha infância, minha educação e passa energia boa de muita pureza e alegria”, diz a cantora, que conta que seus pais amaram a sua versão da icônica música e não param de falar disso.

E por falar na família, Zabelê diz que nunca sentiu dificuldade em ser filha de quem é. De acordo com ela, com o passar dos tempos ela viu que o mais importante era usar de toda a bagagem cultural que recebia dentro de casa para ajudar as novas gerações e perpetuar o que sempre foi destaque musicalmente.

“Nossa educação musical e cultural faz com que tenhamos de resgatar e valorizar dentro das novas gerações a cultura de forma muito especial”, define.

Em entrevista ao F5, Zabelê também rememora o início dos anos 2000, época em que participou com as irmãs, Nãna Shara e Sarah Sheeva, do grupo pop SNZ. Mesmo com pedidos para um retorno, Zabelê crava que isso não vai acontecer. Nãna e Sarah enveredaram para o caminho da igreja evangélica.

“O que digo é que não temos planos de nada porque já tivemos tempo de realização. É como se tivéssemos cumprido nosso trabalho juntas.”

Como foi produzir uma nova versão de “Preta Pretinha”?
Além de filha dos Novos Baianos [Pepeu Gomes e Baby do Brasil], eu sou fã do grupo e dos meus pais. São a minha faculdade musical, foi de onde aprendi tudo e consegui com minhas irmãs [Nãna Shara e Sarah Sheeva] aprender muito junto. Muita gratidão pela herança musical que é natural. Quando comecei no desenvolvimento desse projeto com meu produtor eu estava em turnê nos EUA. Foi difícil, pois quando veio a ideia dessa homenagem, tinha dúvida sobre quais músicas eu conseguiria escolher. ‘Preta Pretinha’ foi eleita, pois marcou minha infância, minha educação e passa energia boa de muita pureza e alegria.

Como tem sido a repercussão do lançamento?
O retorno é de agradecimento. As pessoas estão dizendo que estou abrindo porta e a janela após a Covid, abrindo esperança e trazendo luz em nossas vidas. Fiquei emocionada em ver que muita gente sentiu isso. Poder preencher coração das pessoas. A canção é a primeira do meu novo disco. Terá outra homenagem, mas é surpresa

E sobre a parceria com Carlinhos Brown?
Ele foi escolhido, pois tem esse mesmo relacionamento e conexão com a musicalidade e a história. Com tudo o que os Novos Baianos criaram, todo esse movimento que marcou uma época dura no Brasil. O Brown é um eterno fã, tem gratidão pelo que ele aprendeu e ouviu da obra. Sentia que era a pessoa certa.

Como que seus pais reagiram ao ouvir essa versão?
Eles estão amando, virou hit lá em casa. A responsabilidade não é pequena e apesar de saber o tamanho respeito que eles têm por nós, eles criaram a gente com liberdade de expressão. Você não ser cópia, conseguir se expressar, é ótimo. Mas mexer em um hino desses, confesso que é responsabilidade grande. Estava ansiosa por qual seria o retorno deles e fiquei feliz e emocionada, eles amaram, minha mãe e meu pai não cansam de falar.

Você vai lançar seu segundo disco solo ao final do ano. O que pode adiantar?
Farei muita parceria legal, estou louca para falar. Estamos em momento de finalizar, mas sairá em novembro. Não faltam surpresas e sempre com esse tema que venho assumindo de homenagem e resgate da história da música. Gosto de resgatar essa cultura e levar às novas gerações essa história que não pode ser esquecida. A arte e a valorização da história chegam pela música. Nós temos essa missão e eu como filha dessa geração tenho mais ainda.

Você se considera privilegiada pela educação cultural que teve?
Não me colocando como privilegiada, mas sou uma pessoa que teve informações dos meus pais muito importantes na minha criação. Eles sempre trabalhavam muito em turnê, mas sempre prestaram atenção de como nosso caráter e informação cultural seriam formados e isso é com base nas informações que recebíamos através da arte e de tudo o que nos era apresentado. São coisas que formam pessoas e levam abertura em todos os sentidos. Isso fez diferença nas nossas vidas. Nossa educação musical e cultural faz com que tenhamos de resgatar e valorizar dentro das novas gerações a cultura de forma muito especial.

Suas irmãs preferiram seguir o caminho da Igreja. Sente falta de retomar com elas o grupo SNZ?
Acho que o que existe é uma saudade bonita, um amor, uma admiração pelo SNZ, um carinho dos fãs que é gostoso de sentir e receber. Isso eu vejo na internet, nos shows e lançamentos. Em 2015, quando lancei o primeiro disco solo, os fãs falaram que eu fazia mistura de pop com MPB e isso lembrava o SNZ. Essa banda marcou muito. Claro que todos têm saudade, sonham, perguntam se vai ter reencontro num projeto especial. O que digo é que não temos planos de nada porque já tivemos tempo de realização. É como se tivéssemos cumprido nosso trabalho juntas.

O que acha do caminho que elas seguiram?
Após o ciclo que terminou, elas seguiram o caminho delas que respeito e entendo. Mais importante é ser fiel ao que você gosta, elas seguiram o caminho do gospel, como pastoras e cantoras e eu fui para a música. Não conversamos no mesmo universo, cada uma tem uma forma de estar no mundo. O que sempre falo é: seguimos nosso caminho juntas e, agora, cada uma na sua estrada. Entendo a saudade, mas não há planos de voltar.

Você sente pressão de marcar época igual seus pais?
Dentro da minha criação nunca foi uma imposição ser artista. Eu fui criada para ser quem eu sou. Não pensando como os outros vão achar ou será que estou agradando, sera que é isso que devo fazer, será que estou sendo igual aos meus pais e se vão me julgar. Sempre penso em mim e através disso você consegue ser você e ter sua assinatura. Não fico pensando que sou filha de ícones. Podemos nos expressar e não há peso de ser filha, vejo isso como dádiva. Tento ser eu, mas honrá-los.

Como avalia sua carreira desde 2015 com o primeiro disco solo?
Vamos evoluindo em todos os sentidos, sou pessoa que gosta de explorar todos os sentidos musicais, tenho influências dentro de mim que vem da Bahia, do samba, do axé, das influências de percussão, mas também tenho o pop, o rock. Isso me possibilita explorar o que bem quiser. Venho fazendo um trabalho de ser justa e verdadeira com o que eu sinto. Eu me vejo daqui para frente explorando a relação com a música para passar às pessoas um pouco da minha cultura, que é ampla.

Como você se define na música?
Agora estou indo para outro lado porque eu sou isso, que é o lado mais pop que sempre tive e é o lado que gostaria que as pessoas conhecessem. Sou uma mistura do Brasil, MPB, música brasileira e suas raízes, o pop. Nós podemos ser tudo e mostrar isso com orgulho. Minha carreira está evoluindo e consigo cada vez mais me mostrar.

Você tem o sonho de ser lembrada daqui 30 anos assim como os Novos Baianos?
Não penso nisso não, penso em fazer um bom trabalho e me realizar profissionalmente. Parece que cumpro minha missão comigo mesma, me completa e todas as reverberações de marcar época e ter reconhecimento isso vem da forma como você faz seu trabalho, do seu comprometimento. Vai acontecer naturalmente. O mais importante é ser fiel a mim.

Quais seus próximos passos após o lançamento do disco?
Já estava antes com quatro faixas do meu disco autoral gravadas e já tenho um disco pronto para depois desse, que será de musicas autorais. E esse lançando de agora tinha que acontecer. O rumo das coisas mudou e senti que era hora de fazer esse projeto em reverência e homenagem a esses ícones. Tenho muitos projetos pela frente, vou contando aos poucos. Estou morrendo de saudade dos palcos.

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