Saiba quem é o rapper Kyan, que embalou bronze de Alison dos Santos
Músico emplacou na acumula e tem 37 músicas e apenas 1 show
Kyan estava em estúdio, desligado de todo o mundo, quando começou a aparecer nos sites de notícia. Afinal, foi uma música do jovem de 23 anos —idade completada no último sábado (31)— que embalou Alison dos Santos, 21, na conquista do bronze nos Jogos de Tóquio, nesta terça-feira (3).
O atleta, único brasileiro na final dos 400 m com barreiras, estava nervoso e para relaxar colocou os fones de ouvido para escutar “O Menino que Virou Deus”, a mesma música que sua família cantava antes da prova, em São Joaquim da Barra, interior paulista, a 18 mil km de distância de Tóquio.
“Foi uma coisa muito louca. Eu estava no estúdio e li a notícia de que ele usou minha música como inspiração e a família dele também. Essa música é sobre a importância que tenho hoje para minha família. Me identifico, ele [Alison] tem uma história parecida com a minha”, afirma Kyan.
Criado em Praia Grande, no litoral paulista, o rapper ganhou o nome Kyan há cerca de um ano e meio, quando conheceu o trap e emplacou na música. Seu nome verdadeiro é Renan Mesquita da Silva, e antes de ser Kyan era conhecido como Renan MC.
Ele conta que começou a cantar na igreja que a família frequenta até passar a fazer funk, por volta dos 14 anos. “Era um ritmo bem forte na Baixada [Santista]”, afirma ele, em conversa pelo telefone com o F5. Mas foi há cerca de três anos que o jovem conheceu o trap, apresentado por um amigo.
“Ele falou ‘faz essa parada, quem sabe?’ e logo na primeira música consegui bater 1 milhão de visualizações”, recorda Kyan. “Foi tudo por acidente, uma coisa bem amadora. Era eu, o Lucas [ Zetre], meu fotógrafo que é também meu amigo de infância, e meu produtor Mu540. Amador mesmo, até a gente entrar na gravadora Ceia.”
Kyan conta que o nome veio para marcar essa a nova fase, que deslanchou rápido. Sua inspiração para o nome artístico foi Kylian Mbappé, jogador de futebol francês, de quem é muito fã. Seu time do coração, no entanto, não poderia ser outro, já que ele vem da Baixada Santista. “Santos, claro”, afirma.
O rapper, que trabalhou em uma lanchonete de Praia Grande --apesar de afirmar que há poucas oportunidades na cidade--, hoje vive da música. Se mudou para a capital paulista e tem em seu currículo 37 canções, entre composições suas e parcerias variadas. Mas shows, ele contabiliza apenas um.
“Fiz um único show, que foi cinco dias antes da pandemia, e depois nunca mais. Não tive o prazer de sentir a energia das pessoas. O maior problema agora vai ser escolher que música abrir minhas apresentações, já que são tantas”, brinca. “Mas esse período também é bom para eu me preparar, estou podendo entender tudo.”
A MÃE E A MÚSICA
Apesar de ter muito para comemorar com o sucesso conquistado com a música, Kyan também teve uma de suas maiores perdas também nesse período, assim que começou a emplacar. Sua mãe, Patrícia, morreu em abril do ano passado, vítima de um câncer.
Segundo o rapper, “O Menino que Virou Deus” fala justamente dessa fase em sua vida e como ele precisou tomar a dianteira e assumir o cuidado da família após a morte da mãe. “Costumo dizer que fui o auxílio emergencial da minha família na pandemia”, brinca dele.
Hoje sua família é composta pelos dois irmãos, um mais velho e uma mais nova, os avós, dois tios e um sobrinho. Parte deles continua em Praia Grande, na mesma casa que Kyan cresceu, mas outra parte mora atualmente com ele na região do Jardim Peri, zona norte de São Paulo.
Com tantas conquistas em tão pouco tempo, o maior sonho de Kyan é pequeno: quer apenas poder sentir o público do palco. Além disso, quer parabenizar Alison dos Santos pessoalmente. Ele afirma que nunca o conheceu, mas o parabenizou pelas redes sociais pela medalha conquista nesta terça. "Agora preciso parabenizar pessoalmente", diz.
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