Música

As Baías revelam desejo de ir além do nicho gay e apostam no pop em novo trabalho

Trio musical lança nesta sexta-feira música com MC Rebecca

As Baías e MC Rebecca nos bastidores do videoclipe de 'Coragem'

As Baías e MC Rebecca nos bastidores do videoclipe de 'Coragem' Rodolfo Magalhães/Divulgação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Imagine três estudantes que cursam história e decidem se unir pela paixão em comum pela música. Sem querer, após algumas apresentações em festas universitárias, decidem abandonar a carreira na área e com passar do anos se tornam um trio musical de sucesso. Essa é a história do grupo As Baías, composto por Raquel Vírginia, Assucena Assucena e Rafael Acerbi.

A banda, que surgiu nos corredores da USP (Universidade de São Paulo) em meados de 2011, iniciou a carreira profissional em 2015, como o nome As Bahias e a Cozinha Mineira. Agora, no entanto, foi repaginada e está uma nova fase, se intitulando As Baías, e lançando o single "Coragem", em parceria com a funkeira MC Rebecca.

O trio afirma, no entanto, que a mudança de nome não altera a essência original da banda, que pretende seguir em uma linha mais pop. "Sempre tivemos uma essência de mudança e agora queremos trazer a banda para um lugar popular, e com nome mais simples é mais amplo. Essa mudança justificaria toda uma era nova", conta uma das vocalistas, Raquel, em videoconferência com o F5.

Vencedores de duas categorias do Prêmio da Música Brasileira em 2018 e indicados ao Grammy Latino de 2019 como Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa com "Tarântula", As Baías desejam atingir um novo público, principalmente sob a influência de cantores nacionais como Anitta, IZA e Ludmilla.

"A gente sempre namorou e flertou com o pop funk. Tem uma coisa nossa de sempre procurar os nossos lugares, as saídas da zona de conforto, que é algo que sempre permeou a história da banda", afirma a cantora Assucena, que ressalta a dificuldade de ser uma mulher trans no mundo da música. Ela, porém, não sente essa dificuldade sozinha, já que Raquel Virgínia também é trans.

"O meio preconceituoso sempre nos olhou com nariz torto pela autonomia que nós temos, tanto de compor como de escolher o nosso repertório. Amamos o nosso público, mas queremos mais, precisamos conversar com mais pessoas. Sair da casinha é sempre bom! Estávamos num lugar muito confortável", afirma a artista baiana.

Na visão de Raquel Vírgina, ainda existem dificuldades em dialogar com outros públicos fora do nicho LBTQI+. "É difícil para o público enxergar pessoas trans fora do nicho. Mas estamos sempre dialogando com várias frentes e os próprios feats [parcerias] provam isso. É como se nós não tivéssemos direito ao universal, tentam sempre nos nichar."

"Coragem", lançada nesta sexta com MC Rebecca, já traz o aspecto da nova era que As Baías promete entregar. Inspirados na Beyonce, o videoclipe com a funkeira conta com figurinos que transcenderem a cultura pop e o empoderamento feminino reafirmado pela cantora norte-americana.

"Logo pensamos na MC Rebecca. Conhecemos ela durante uma Parada LGBQ no Rio e desde lá gostamos. Em relação à música, por conta do momento que estamos vivendo, tantas questões, trazemos essa mensagem, respire e coragem", conta Virgínia, citando o recente lançamento do trio com o rapper Rincon Sapiência, a música "Respire".

Com uma letra de superação, o trio explica que a canção foi pensada na minoria. "É pro trabalhador que sai de casa todo dia, quem sofre de violência policial, por quem está sofrendo com as queimadas do pantanal. É uma canção sobre reconstrução."

Para MC Rebecca o convite da banca foi um desafio, já que segundo ela, não está acostumada a cantar melodias. "É totalmente diferente, foi muito difícil. Eu não canto melodicamente falando, canto mais falado. Foi novo, tenho certeza que vai abrir portas. Quando a música chegou para mim fiquei encantada", conta, em entrevista coletiva.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem