Tony Goes

Sem um franco favorito, final do festival Eurovision teve momentos de suspense

Com a canção 'Toy', israelense Netta superou concorrentes de 25 países

A cantora Netta, de Israel, na final do Eurovision
A cantora Netta, de Israel, na final do Eurovision - AArmando Franca-12.mai.2018/Associated Press
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O Eurovision Song Contest, realizado desde 1956, é o segundo mais antigo festival da canção europeu. Só perde para o Festival de San Remo, criado em 1951 e voltado exclusivamente à música italiana.

Já o Eurovision é aberto a todos os países da Europa, e além. Na verdade, a todos os integrantes da European Broadcasting Union, que inclui os países do Oriente Médio e do Norte da África que compartilham os mesmos satélites. Isso explica a participação de nações como Israel ou Azerbaijão.

Além disso, a longínqua Austrália agora também concorre todo ano. A participação do país era para ser um evento especial, na 60ª edição do Eurovision, como um agradecimento à audiência que o festival sempre teve por lá. Como essa audiência cresceu ainda mais, os australianos viraram "habitués" do concurso.

Durante décadas ignorado por nós, o Eurovision começou a ganhar alguma repercussão no Brasil desde que começou a ser transmitido para cá -primeiro pelo canal latino-americano da Televisión Española e agora também pelo próprio canal do festival no YouTube.

Em 2017, essa repercussão cresceu por causa do país que saiu vitorioso: Portugal, que venceu pela primeira vez depois de mais de 50 anos. "Amar pelos Dois", interpretada por Salvador Sobral, virou até tema de abertura de uma novela da faixa das 18h na Globo, "Tempo de Amar".

Também se revelou um ponto fora da curva. Delicada, sem percussão nem efeitos eletrônicos e cantada inteiramente em português, a composição de Luísa Sobral (irmã de Salvador) não se parece em nada com o pop bombástico e algo genérico que costuma competir no Eurovision.

Neste ano, o festival aconteceu em Lisboa (o país-sede é sempre o vencedor do ano anterior). Mas, ao contrário do que previram alguns críticos, o nível das candidatas voltou ao normal. Ou seja: caiu.

Sim, havia algumas musiquinhas divertidas entre as 43 inscritas. Bobagens agradáveis como a sueca "Dance You Off" ou até que conseguiam trazer elementos regionais para o mix, como "My Lucky Day" da Moldávia, com letra em inglês sobre um animado arranjo balcânico.

As casas de apostas de Londres apontavam, a princípio, uma vitória da israelense "Toy". Depois da primeira semifinal, a cipriota "Fuego" passou à frente. E a final deste sábado (12) deslanchou sem uma franca favorita.

O que foi bom para o espectador. A longa divulgação dos resultados, em que as apresentadoras chamam cada país concorrente para saber como o júri local votou, costuma ser tediosa, com a mesma canção recebendo os famosos "douze points" (12 pontos, em francês) agraciados à mais votada.

Mas, neste ano, isso não aconteceu. Suécia, Israel, Chipre e Áustria se alternaram na pole position, com essa última, afinal, prevalecendo. Então chegaram os resultados do voto popular, enviados por SMS ou aplicativo. Mais instantes de emoção, até que a gorducha Netta, com a barulhenta "Toy", venceu a magricela Eleni Foureira, de "Fuego".

Só que nem esse suspense superou o melhor momento de todos: Salvador Sobral, recuperado de nada menos do que um transplante de coração, cantando “Amar pelos Dois” ao lado de seu ídolo, Caetano Veloso.

Não foi uma interpretação perfeita; houve engasgos, falhas de som e até um momento em que Caetano pareceu esquecer da letra. Mas foi música de alta qualidade. Algo que o Eurovision, com toda sua superprodução, raramente consegue apresentar.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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