Joseph Gordon-Levitt diz não querer demonizar fundador da Uber em série
'Super Pumped: The Battle for Uber' retrata ascensão e queda do executivo
'Super Pumped: The Battle for Uber' retrata ascensão e queda do executivo
"Pedir um uber" pode parecer trivial nos dias de hoje, mas faz pouco mais de uma década que o aplicativo surgiu, revolucionando a mobilidade urbana e desafiando os modelos de trabalho mundo afora. Também colecionou polêmicas ao longo do trajeto, percorrido sem a ajuda do GPS.
Algumas delas estão no cerne de "Super Pumped: The Battle for Uber", série em formato antológico —a segunda temporada, já confirmada, será sobre o Facebook— que está disponível no Brasil por meio do serviço de streaming Paramount+.
O elenco é encabeçado por Joseph Gordon-Levitt, 41, de "A Origem" (2010). Ele dá vida ao controverso Travis Kalanick, 45, que foi CEO da Uber entre 2010 e 2017. Cofundador do aplicativo, ele acabou caindo em desgraça e deixando a empresa após os investidores exigirem sua saída.
Para o ator, seu personagem é alguém sem freios, com uma ambição que acaba turvando sua visão sobre qualquer outro assunto. "Como ator, é divertido poder satisfazer esse desejo primitivo", afirma em conversa com jornalistas, da qual o F5 participou. "E acho que por isso é divertido de assistir também."
"Todos nós temos razão e emoção, a condição humana é uma espécie de batalha constante entre essas duas coisas", explica. "Acho que parte do que torna Travis tão fascinante é que ele quer vencer a todo custo e os outros que se danem. É um desejo que todo ser humano tem até certo ponto, mas temos outros freios que nos fazem não nos comportarmos dessa maneira."
Gordon-Levitt conta que não chegou a conhecer o empresário na vida real e que se baseou na descrição feita no livro homônimo em que a série está baseada, escrito pelo jornalista Mike Isaac, do New York Times. "Todas essas coisas malucas que você vê na série aconteceram e foram confirmadas com fontes primárias ou secundárias, seguindo critérios jornalísticos", surpreende-se.
Porém, ele procurou abordar o personagem de outra forma. "Como não sou jornalista, meu trabalho é encarnar a humanidade dele", avisa. "Por isso, falei com uma grande variedade de pessoas, algumas que trabalharam muito perto do Travis, e descobri coisas diferentes das que saíam na mídia."
"O que você vê mais por aí são as decisões questionáveis que ele tomava e o comportamento eticamente questionável", lembra. "O que você não sabe é como ele estava se sentindo nesses momentos e por que as pessoas ao redor dele não faziam nada. Eu ouvi que ele era um cara muito cativante e divertido de se estar junto, então é importante conhecer esses dois lados para construir o personagem."
O ator diz que não tentou se aproximar do gestual ou do jeito de falar do retratado. "Não queria ficar parecido por parecer", afirma. "Mas até que falamos parecido, já que ambos somos do Vale de São Fernando, nos subúrbios de Los Angeles. Não precisei me preocupar com isso como quando interpretei o Edward Snowden [no filme "Snowden", de 2016], por exemplo. Acabou sendo um atalho para mim."
Seu foco maior foi em acertar o tom de alguém encantador, mas com ações que não condiziam com esse adjetivo. "Acabei buscando um equilíbrio entre alguém com quem o público pudesse se apaixonar, ao mesmo tempo que se contorcesse na cadeira com as escolhas inaceitáveis e com o comportamento muitas vezes inadequado", conta.
O ator concorda que a relação da empresa com os motoristas que trabalham para ela não é das melhores. "Tem o lado positivo e o negativo de toda inovação rápida e drástica", avalia. "Houve ataques sistemáticos às leis que protegem o trabalhador e o consumidor."
"Sei que nem todas as leis são perfeitas, claro que há muita corrupção e todos os governos são falhos, mas o que eles fizeram foi como jogar o bebê junto com a água da banheira", compara. "E a Uber não está sozinha nisso. De muitas formas, a Uber é o produto de um sistema que prioriza o lucro acima de qualquer outra coisa."
Mesmo assim, Gordon-Levitt tentou não julgar seu personagem. "Sei que há muitas coisas que podemos apontar nele que são questionáveis, mas ele ainda é um ser humano", diz. "Eu acredito em julgar ações, mas não a humanidade das pessoas. Todos temos defeitos. Isso não é uma defesa dele, mas uma tentativa de jogar luz nas coisas que ele fez, sem a intenção de demonizá-lo."
O ator também elogia a dupla de criadores Brian Koppelman e David Levien (de "Billions") por tratar de um tema sério sem forçar uma lição de moral. "Resolver os problemas do mundo não é a nossa finalidade, não é para isso que alguém senta no sofá para assistir TV, mas espero que a série possa inspirar alguns sentimentos e levantar alguns questionamentos", afirma.
A produção traz ainda nomes como Uma Thurman, 52, no papel de Arianna Huffington, que foi uma espécie de mentora de Travis Kalanick, e Elisabeth Shue, 58, como a mãe dele. A narração é feita por ninguém menos que o diretor Quentin Tarantino, 59.
Já Bill Gurley, o investidor responsável por injetar dinheiro quando a Uber ainda era uma promissora startup, é vivido por Kyle Chandler, 56, muito conhecido nos Estados Unidos pela série "Friday Night Lights". O ator contou que se chocou ao descobrir o que se passava nos bastidores da empresa, da qual se diz usuário, mas também com algo bem mais prosaico.
"Você chega a um ponto na vida em que percebe que os caras que estão tomando decisões e governando o mundo são mais jovens que você", brinca. "Acho isso meio assustador."
O ator diz acreditar que a confiança que Gurley teve em Kalanick foi genuína. "Uma das paixões dele era descobrir novas ideias nas quais pudesse investir", lembra. "Não era só sobre dinheiro, tratava-se de um jovem a quem ele tinha a chance de ajudar a se erguer e realizar um sonho que beneficiava toda a sociedade."
"No começo da série, o Travis fala para ele do bem-estar social que a Uber poderia trazer e todos os seus benefícios, você não tem como não querer ajudar essa pessoa a construir tudo isso", avalia. "Ainda mais se, além de tudo, você puder ganhar alguns milhões de dólares no processo."
Assim como Joseph Gordon-Levitt, Chandler não chegou a conhecer o Bill Gurley na vida real. "Acho que ele não fala muito sobre o Travis Kalanick, nunca o vi se aprofundando publicamente sobre essa relação e não faço ideia de o quanto eles ainda mantêm contato, se é que mantêm", conta.
O ator diz que seu personagem vai percebendo gradualmente que Kalanick não é quem ele pensava. "Ele vai percebendo a fumaça no ambiente até que chega o momento em que não é mais possível ignorar o fogo sem abrir mão de sua própria moral", compara.
Mesmo com todas as polêmicas, Chandler é ponderado com as críticas à Uber. "Como consumidores, todos nós poderíamos falar aqui das nossas experiências com o serviço", afirma. "Uma boa experiência é pegar um carro e chegar na hora, mas as negativas são as que ficam na memória. Não vou falar delas agora, mas se sairmos qualquer dia para tomar uma cerveja talvez eu revele uma ou duas (risos)."
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