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Protagonista de 'Cursed', Katherine Langford diz que mulheres 'sempre foram heroínas'

Série adaptada de lenda arturiana também explora lado musical da atriz

Katherine Langford como Nimue, em Cursed

Katherine Langford como Nimue, em Cursed COURTESY OF NETFLIX

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São Paulo

Na trama de fantasia da Netflix, "Cursed - A Lenda do Lago", é uma mulher quem assume o protagonismo de uma das histórias dos Cavaleiros da Távola Redonda. A mudança de perspectiva não é comum nas lendas arturianas, mas é necessária, segundo a atriz Katherine Langford, que interpreta a protagonista da série.

"Quando falamos de mulheres, historicamente, não tivemos esses papéis de heróis nas principais histórias, o que é triste e confuso, porque sempre fomos heroínas, só penso que não fomos reconhecidas como heroínas", afirma a atriz a esta repórter.

Na série, lançada em 17 de julho, Langford é Nimue, uma jovem com poderes misteriosos que se une a Arthur (Devon Terrell) para realizar o último desejo de sua mãe: encontrar o mago Merlin (Gustaf Skarsgård) e entregar a ele uma espada ancestral. A jornada inclui romance, ação, humor e, claro, muita magia.

"A fantasia é um gênero incrível que não apenas providencia o escapismo, mas às vezes também reflete problemas que vemos no dia a dia. Em 'Cursed' tocamos em pontos como destruição da natureza, guerras sem sentido e opressões. E é interessante porque acredito que agora, mais do que nunca, há uma grande preocupação social sobre esses problemas", diz a atriz.

O quão familiarizada você estava com a lenda de Nimue ao receber o roteiro?
Katherine Langford - Cresci, como acredito que muita gente cresceu, uma fã de histórias de fantasia. Mas também, familiarizada com as lendas arturianas. Grande parte dessas lendas estavam envolvidas com os personagens homens, como Arthur, Merlin e os Cavaleiros da Távola Redonda. Quando vi "A Dama do Lago", e depois de fazer minhas pesquisas, percebi o quão pouca informação há sobre ela. De onde ela veio, quem ela é, por que ela tem a espada e por que a deu a Arthur? Há muito pouco sobre ela. Lembro de ler o rascunho do livro, e era muito emocionante mergulhar em um lado desta lenda familiar que nunca tinha ouvido falar.

Como essa história muda, ao ser contada sob o viés de uma mulher?
Sempre achei a representação muito importante, independentemente de ser na forma de idade, sexo, raça, orientação sexual… É importante ver histórias que conversam com você, mas também ver a si mesmo em diferentes papéis. Como fã, que escreveu lendo fantasia, ver esses papéis como mulheres, encabeçando essas histórias, é raro. Foi uma oportunidade muito especial, não somente poder retomar essa lenda, por campos que eu nunca vi, mas também para honrar a história de uma verdadeira heroína, e todos os obstáculos que são únicos nesse gênero.

Nimue se conecta mais às mulheres de hoje se compara às de alguns anos atrás?
É difícil dizer. Sinto que agora é um momento incrível porque, apesar de ainda temos muito para aprender e progredir, é incrível saber que existe uma consciência e preocupação social sobre ver mulheres no protagonismo dessas histórias. E ouvir histórias de todas as pessoas, em geral. É emocionante que a premissa disso, termos uma mulher no epicentro desse conto lendário, é algo que será reconhecido. Não dependemos de tempo, era ou período, sempre foi importante ver exemplos de si mesmo, que você pode assistir. De novo, quando falamos de mulheres, historicamente, não tivemos esses papéis de heróis nas principais histórias, o que é triste e confuso, porque sempre fomos heroínas, só acho que não fomos reconhecidas como heroínas. É algo icônico.

Como foi explorar seu lado musical na série?
Quando assinei para esse projeto, era um trabalho de seis meses, depois realmente evoluiu. Antes de eu ter a oportunidade de entrar em um avião e iniciar a pré-produção, se transformou nesses monumentais 11 meses de filmagem. Não teria muito tempo de trabalhar com a música, o que é algo que eu sempre amei e mantenho como algo muito pessoal. Mas às vezes tínhamos pianos nos sets, me ouviram tocar e me perguntaram: 'Você quer lançar a música tema da série?'
Escrevemos essa música em duas sessões, e gravei há alguns meses. Estou animada que as pessoas gostaram e quiseram que fizesse parte da série. Foi maravilhoso porque meio que foi a primeira vez que realmente explorei totalmente estar nessa situação, e tudo o que posso dizer é que foi maravilhoso ter essa oportunidade, e tenho muito respeito pelas pessoas que fazem isso o tempo todo, porque é preciso muito tempo, esforço e amor escrever algo significativo.

Como é protagonizar duas séries grandes da Netflix –"Cursed" e "13 Reasons Why"?
Por crescer em Perth, uma pequena cidade na Austrália, houve muito de mim que me fez –por mais que eu desejasse muito– nem sempre pensar que seria possível fazer isso como uma carreira. Fazer isso é algo maravilhoso para mim, eu realmente amei. E, claro, tendo minha primeira protagonista com a Netflix, nós temos uma boa relação e é uma feliz coincidência que agora possa contar outra história na plataforma.

Devon Terrel [intérprete de Arthur] me disse que sempre quis atuar com você. Como é a relação de vocês?
Isso é muito doce, da parte dele! É curioso porque eu e Devon nos conhecemos há uns três ou quatro anos, e desde então, sempre quisemos trabalhar juntos. Esse projeto, em particular, quando eu estava fazendo as audições, me perguntaram se teria alguém que eles deveriam analisar, e eu meio que falei do Devon e de mais algumas pessoas. Mas ele realmente conquistou esse papel por si só, e fez um trabalho incrível dando vida a Arthur. Foi uma incrível coincidência que, após tanto tempo, finalmente pudemos trabalhar juntos, e em uma série e história tão grandiosas. Conhecendo e trabalhar com ele pela primeira vez foi uma ótima experiência –eu, ele e Shalon [Brune-Franklin intérprete de Igraine/Morgana], na verdade. Todos somos australianos, apesar de a Shalon, na verdade, ter nascido no Reino Unido. Tivemos cenas bem legais juntos.

Qual a importância do entretenimento no momento em que vivemos?
Com essa situação e circunstâncias, todo mundo foi afetado, de uma forma ou de outra. Ouvi de muitas pessoas que foi dado a elas mais tempo para assistir a conteúdos e se atualizarem. Isso não me surpreende, porque acredito que em tempos tão surreais e trágicos como esse, entretenimento é muito importante para trazer um pouco de aventura, alegria ou escapismo. E acho que, esperançosamente, é o que 'Cursed' fará, de alguma forma, e o gênero de fantasia em geral. Fantasia é um gênero incrível que não apenas providencia o escapismo, mas às vezes também reflete problemas que vemos no dia a dia. Em 'Cursed' tocamos em pontos como destruição da natureza, guerras sem sentido, opressões, e é interessante porque acredito que agora, mais do que nunca, há uma grande preocupação social sobre esses problemas. Mas, claro, antes de tudo, isso é um pedaço de entretenimento, e acreditamos que pode trazer um pouco de alegria, aventura, e magia às pessoas.

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